Professores cearenses são destaque em evento nacional de educação
Dois professores cearenses participaram de seminário que elencou dez práticas de ensino da escrita consideradas inovadoras em sala de aula. Os docentes Ana Virgínia Oliveira, de Quixeramobim, e Gilson Franco, de Fortaleza, tiveram seus trabalhos escolhidos entre cerca de 200 inscritos, segundo a organização do programa “Escrevendo o Futuro”, que promove o encontro.
“É gratificante estar aqui e mostrar que uma atitude pode, sim, trazer mudanças. É bom ter a oportunidade de trazer a minha sala de aula até aqui. É como uma aluna me disse, nunca vou esquecer: ‘a escrita nos torna mais humanos’”, disse Ana Virgínia, emocionada por ter o trabalho escolhido.
Desde o início deste ano, ela montou um plano para ensinar e aperfeiçoar a escrita de crônicas. O público-alvo era alunos da 3ª série do ensino médio de escola pública de Quixeramobim. Ao fim do projeto, foi feita apresentação de sarau. Virgínia também criou uma página no Facebook para divulgar os textos dos estudantes. No processo, ela convidou o cronista e também professor Bruno Paulino, autor local, para debater a escrita com os alunos. “Ele apreciava os textos deles, fazia comentários. Aos poucos, eles viram que também podiam ser cronistas”, conta.
Em um dos bairro com maior índice de violência da Capital, o professor Gilson Franco escolheu o cordel como meio de incentivar os alunos a se interessar pelas letras. Em grupo, os alunos do 7º ano, divididos em três turmas, começaram a aprender a fazer rimas e versos com tom regional. Para isso, Gilson lembra que criou uma atmosfera sertaneja. O objetivo era dar o clima. Entre os desafios, ele destaca os diferentes níveis dos alunos, alguns ainda não sabiam ler. “Alunos não partem do mesmo lugar e nem chegam ao mesmo lugar. A gente pensa que não, mas eles têm muito a dizer. Apenas não sabem como colocar as ideias, o pensamento abstrato no papel”, disse.
De acordo com Dianne Melo, gestora do programa Escrevendo o Futuro, da Fundação Itaú Cultural, o Ceará vem se destacando, mas teve um desempenho ainda melhor na última edição. Ela conta que uma comissão avaliou os relatos de práticas dos professores de alunos que se destacaram na Olimpíada de Língua Portuguesa, iniciativa bienal do programa Escrevendo o Futuro. No total, 9.108 professores de mais de 3 mil escola do Estado se inscreveram para o concurso de redações.
“Tem o aspecto da cultura local. O Ceará é um estado muito presente na questão da Olimpíada, sempre muito participativo. É um estado pequeno, mas sempre temos boas histórias, bons relatos, os textos dos alunos também são muito ricos. É um conjunto de fatores”, explica.
Saiba mais
Na última edição do concurso, em 2016,, houve 81 mil professores inscritos e milhões de redações concorrendo a medalhas em todo o Brasil.“Começamos a nos perguntar como o professor havia trabalhado para desenvolver aquele texto tão bom. É um programa de formação de professores que usa como estratégia de mobilização a Olimpíada. A ideia é dar luz para boas experiências em sala de aula. Professores são muito criticados e queremos desmistificar isso. Mostrar que temos bons professores no Brasil”, afirma Dianne.
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