Novas restrições do decreto: veja a diferença dos cenários da pandemia no Ceará em 2021 e 2022
Especialistas concordam que, após vacinação massiva, população cearense relaxou nas medidas de prevenção
O Governo do Ceará anunciou, na quarta-feira (5), um recuo na liberação de atividades, restringindo a capacidade de pessoas em eventos e festas a 10% do permitido antes e proibindo festejos de carnaval. Mas qual é a diferença do atual cenário epidemiológico da Covid-19 neste início de 2022 em relação a período semelhante do ano passado?
Em 5 de janeiro de 2021, o Ceará estava sob os efeitos do decreto Nº 33.884, publicado três dias antes, e que prorrogava uma decisão de dezembro. Naquele período, o Estado já vivenciava um novo aumento de casos e mortes que, três meses depois, culminaria no pico da segunda onda da doença.
O dispositivo mantinha a proibição de festas, shows e eventos sociais, bem como a recomendação para a permanência das pessoas em suas residências para evitar a disseminação da Covid-19.
Além disso, na semana seguinte, foram suspensas, em todo o Estado, quaisquer festas ou eventos comemorativos de Carnaval, em ambientes abertos ou fechados, promovidos por iniciativa pública ou particular. O mesmo foi determinado no decreto de quarta-feira (5).
À época, o Governo ainda negociava a aquisição de vacinas para o Estado.
Porém, novembro e dezembro de 2021 tiveram casos confirmados e óbitos por Covid-19 expressivamente menores do que nos mesmos meses de 2020, e a vacinação já atingiu mais de 80% da população com duas doses. Então, por que as medidas restritivas foram novamente necessárias?
O motivo parte de dois fatores. O primeiro é o aumento consecutivo de casos de Covid-19 em todo o Estado, desde o início de dezembro. De acordo com a plataforma IntegraSUS, houve três semanas consecutivas de acréscimo nos registros:
- Semana 49 – 5 a 11 de dezembro – 721
- Semana 50 – 12 a 18 de dezembro – 877
- Semana 51 – 19 a 25 de dezembro – 1.157
- Semana 52 – 26 de dezembro a 1º de janeiro – 1.542
O próprio titular da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), Marcos Gadelha, reconhece que a alta aponta para uma “terceira onda” da doença no Estado.
O segundo motivo é o avanço exponencial de síndromes gripais, puxados principalmente pela influenza A H3N2. Os atendimentos em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), emergências e telemedicina explodiram no último mês, desafiando médicos a definirem o que é Covid-19 e o que é influenza.
“O grande problema que ocorreu agora nesse final de ano foi as pessoas acharem que, por estarem vacinadas, poderiam afrouxar as medidas e acabaram fazendo com que aumentasse a possibilidade de transmitir os vírus” Ivo Castelo Branco Infectologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Para o especialista, na situação atual, é importante que as pessoas primeiro diminuam a transmissão, continuando a usar máscara, evitando aglomerações e higienizando as mãos.
“A quantidade de pessoas com sintoma gripal é muito grande. Chega numa hora que o serviço não tem condição de dar diagnóstico. Teoricamente, todos deveriam fazer exame, mas na prática a gente não está conseguindo fazer”, alerta.
Confira o que muda no Ceará de 06/01 a 06/02
- Shows, festas de casamentos, aniversários, formaturas, reuniões corporativas e eventos gerais terão capacidade reduzida para 500 pessoas em locais abertos e 250 em fechados;
- Eventos devem pedir passaporte da vacina com controle de acesso a esses locais;
- Festejos de pré-carnaval e carnaval em todo o Estado estão cancelados.
Proteção da vacina
O infectologista garante que pessoas vacinadas contra a Covid com a segunda ou terceira dose têm apresentado infecções mais brandas, ainda que sejam contaminadas pela nova variante Ômicron, já preponderante nos Estados Unidos.
Segundo ele, quanto mais não-vacinados houver numa população, maiores são as chances de quadros severos da doença que exijam atenção de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Na tarde desta quarta (5), no Ceará, a ocupação dessas unidades está em 35%, de acordo com a plataforma IntegraSUS.
“As pessoas precisam ter atenção aos sinais de alerta da infecção e se precisam de uma avaliação rápida do médico”, orienta Ivo.
Diferença entre Covid e influenza
A Sesa recomenda atenção porque os sintomas entre as duas doenças são semelhantes, o que pode dificultar o diagnóstico. Contudo, algumas diferenças podem ser observadas:
- Influenza: o infectado apresenta sintomas mais fortes já no primeiro dia, como dor de cabeça, febre, nariz entupido e dor na garganta. Em cerca de uma semana, a pessoa já está melhor, sem sintomas.
- Covid-19: a febre e os sintomas respiratórios podem se instalar mais silenciosamente, tendendo a se agravarem no fim da primeira semana.
Por isso, é recomendado que se procure fazer, com maior brevidade possível, o teste para descartar o diagnóstico de infecção pelo coronavírus.
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