CearáCoronavírus

Mais de 50% dos pequenos negócios no CE não demitiram ou reduziram jornada

Segundo pesquisa do Sebrae, as micros e pequenas empresas do Ceará vêm resistindo à crise do novo coronavírus, impulsionadas pelo comércio digital. Contudo, mais de 70% delas apresentaram redução no faturamento

A pandemia do novo coronavírus mudou a dinâmica do mercado de trabalho no Estado, no País e no mundo. Contudo, as incertezas do cenário agiram de forma variada nas micros e pequenas empresas cearense, já que, segundo o Sebrae, mais da metade desses negócios não reduziu a carga de trabalho ou demitiu funcionários durante a crise. De acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), no Ceará, 52% dos pequenos e microempresários não reduziram jornada ou salários durante o período de retração da atividade econômica. Além disso, apenas 7% dos negócios consultados tiveram demissões de pessoas em regime formal de trabalho. 

Os dados fazem parte de um levantamento nacional realizado pelo Sebrae em que foram ouvidas 6.470 micros e pequenas empresas em todo o Brasil. No Ceará, a amostra foi de 151 negócios participando da pesquisa. O levantamento aponta, porém, que 36% das empresas cearenses tiveram de suspender contratos durante a pandemia. 

Outros 19% indicaram ter aplicado os mecanismos de redução de trabalho e jornada para os funcionários como meio de sobreviver durante o período de queda da atividade econômica, enquanto 2% negociaram a redução do trabalho com a compensação paga com uma parcela equivalente do seguro-desemprego. Outros 6% afirmaram que deram férias coletivas aos empregados para compensar o momento de crise. 

Contudo, a pesquisa aponta que a maioria das empresas ouvidas no Ceará não possuía funcionários contratados pelo regime formal de trabalho, a Consolidação das Leis do Trabalho (CTL). Do restante, 26% dos negócios cearenses disseram ter demitido, enquanto 7% afirmaram não ter desligado colaboradores. 

Em média, o levantamento aponta que as empresas demitiram pelo menos três funcionários desde o começo da crise causada pelo novo coronavírus. O número médio de pessoas trabalhando nesses negócios também é três.

Apesar dos números baixos de demissões e redução de jornada de trabalho para os funcionários, a pesquisa do Sebrae também indica que 77,1% das empresas registraram redução no faturamento durante a crise. Para 8,6%, o faturamento permaneceu igual, enquanto 7,4% indicaram uma melhora dos recursos movimentados pela empresa durante a pandemia.

Presença digital
Para contornar a crise, muitas empresas tiveram de recorrer a uma maior presença digital, seja para manter ou melhorar o contato com os clientes ou até mesmo para continuar vendendo os produtos e serviços ofertados. 

O estudo indica que 89% das empresas que registraram aumento do volume de vendas durante a pandemia, fizeram isso ao se dedicar mais às vendas pela internet. Aliado a isso, para manter as regras de distanciamento referentes aos cuidados de saúde, 51% dos negócios passaram a investir mais na entrega em domicílio, dando mais comodidade aos consumidores conquistados. 

Segundo Alci Porto, esse fenômeno foi puxado e acelerado pelas novas dinâmicas de mercado impostas pela pandemia, com o consumidor apresentando mudanças claras de comportamento e tendências de compra. Sem poder manter um canal físico de contato, Porto explicou que muitos empresários tiveram a iniciativa de explorar o potencial do e-commerce para manter bons resultados. 

“As empresas não tinham essa familiaridade com o online, então esse aumento significativo é em razão da dificuldade de se relacionar com os clientes de forma presencial. As empresas tiveram de acelerar o processo de digitalização em tempo recorde. E isso mostra a ajuda do Sebrae nesse projeto de capacitação para entrada das empresas no ambiente digital. Só em março e abril, tivemos 700 empresas que tiveram inserção digital pelos programas do Sebrae”, explicou o diretor. 

Alci Porto ainda projetou que essa é uma tendência que deverá permanecer mesmo após o fim da pandemia. Segundo ele, alguns consumidores já se adaptaram às possibilidades do comércio eletrônico e podem acabar recorrendo mais vezes no futuro, por segurança ou comodidade, às ferramentas digitais. 

“Essa participação online tende a permanecer, porque esse ambiente online gera comodidades de compras de boas refeições, ou produtos de saúde, ou roupas, calçados e outros produtos. Houve uma procura grande por essa questão da oportunidade e isso deve se apresentar como uma tendência maior mesmo durante o retorno à normalidade, então as empresas terão de estar adaptadas”, disse. 

Crédito
Para contornar a redução da atividade econômica, algumas empresas têm buscado opções de financiamento em instituições financeiras em 2020, e não foi diferente com os micros e pequenos negócios. Segundo a pesquisa do Sebrae, 56% dos empresários consultados buscaram algum tipo de empréstimo. 

Apesar da procura, 67% das empresas tiveram os pedidos negados, enquanto 20% ainda aguardam resposta e 13% tiveram uma resposta positiva dos bancos durante a crise. 

O Banco do Nordeste apareceu como o principal agente de crédito para as pequenas empresas no Ceará, respondendo por 88,1% do total de financiamentos confirmados. O Bradesco, a Caixa Econômica Federal e o Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi) aparecem empatados no segundo lugar, com 5,9% cada.

Nenhuma das outras instituições financeiras apresentou números positivos referente a crédito concedido às empresas. 

Outro problema relacionado ao crédito é que o Ceará foi o Estado com o segundo maior percentual de pedidos negados durante crise à pequenos e microempresários.

O Estado ficou atrás apenas do Rio de Janeiro, que apresentou um índice de 68% de pedidos negados pelos bancos e cooperativas de crédito. 

Segundo Alci Porto, as empresas cearenses já vinham enfrentando um momento ruim antes mesmo da chegada da crise do coronavírus, já que o começo do ano não é um período de alta de atividade econômica.

Outro ponto interessante, segundo ele, é que o nível de endividamento no Ceará também já era mais alto em relação a outras unidades da Federação, considerando débitos de pessoas jurídicas e físicas. O dado preocupa pois, quanto pior for a situação de uma empresa ou de uma pessoa, menores são as chances de conseguir atender os requisitos mínimos para se aprovar um empréstimo. 

“Houve dificuldades em todo o País, mas no Ceará se diz respeito ao momento as empresas. Eles podem estar com dificuldades e com pagamento atrasados ou em atraso com relações passadas, ou até mesmo com cadastros negativos dos donos com o Serasa e isso é ruim”, explicou Porto. 

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Marcio Sousa

Editor chefe, Radialista profissional e Diretor de Programação da Taperuaba 98,7 FM

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