Chuvas no Estado do Ceará já deixaram 7 mortes, 29 feridos e quase 3.000 desabrigados
Quase 3 mil pessoas precisaram deixar as próprias casas por riscos de inundação ou desabamento; poder público articula ações de socorro
Volumes acima da média histórica, sete mortos, quase 3 mil pessoas deixando as próprias casas e cidades destruídas pela força de enchentes. Esses são os impactos causados pela força das chuvas aliada à falta estrutura no Ceará, até o momento, faltando ainda praticamente dois meses para acabar o período conhecido como “inverno” no Estado.
De acordo com a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil (Cedec), 19 municípios decretaram Situação de Emergência, quando os desastres causam danos que levam ao comprometimento parcial da capacidade de resposta do poder público:
- Altaneira
- Missão Velha
- Aratuba
- Antonina do Norte
- Guaramiranga
- Itapipoca
- Uruburetama
- Porteiras
- Deputado Irapuan Pinheiro
- Tururu
- Senador Pompeu
- Itapajé
- Lavras da Mangabeira
- Barreira
- Pedra Branca
- Umirim
- São Benedito
- Piquet Carneiro
- Tabuleiro do Norte
Milhã foi a única cidade que decretou Situação de Calamidade, estágio em que o desastre anormal gera prejuízos com comprometimento substancial dessa capacidade de resposta.
CIDADES AFETADAS
O “inverno” atípico ganhou força a partir da segunda quinzena de março. O primeiro desastre foi a tragédia de Aratuba, quando três pessoas morreram soterradas após um deslizamento de terra, no dia 16.
Municípios da região serrana também sofreram com as fortes precipitações. Itapipoca teve deslizamentos e enxurradas, inclusive com duas barragens se rompendo no último fim de semana e provocando a evacuação de famílias.
Segundo o Corpo de Bombeiros, 12 casas particulares sofreram alagamentos por conta da inundação, e 34 pessoas saíram de suas residências para um lugar que fosse seguro e/ou casas de familiares.
Em Uruburetama, comunidades chegaram a ficar isoladas e só puderam receber ajuda humanitária com o uso de helicópteros. Em outro episódio, uma ventania arrancou as telhas em diversas residências tanto na zona urbana quanto na rural da cidade.
Até mesmo cidades do Sertão Central sofreram com as enchentes. Senador Pompeu teve uma rodovia estadual rompida e o desalojamento de moradores. Na vizinha Milhã, pessoas também ficaram desabrigadas, móveis foram perdidos e casas chegaram a desabar em algumas regiões da cidade.
A população de Farias Brito, no Cariri, também foi surpreendida no último fim de semana. Casas e comércios foram invadidos pela força das águas, e habitantes relataram perda de móveis, mercadorias e até animais.
Ao todo, 9 mil moradores de 15 municípios afetados pelas chuvas são atendidos com cestas básicas adquiridas pelo Governo do Ceará e entregues com apoio da Secretaria da Proteção Social (SPS).
A equipe psicossocial da Pasta ajuda no trabalho de gestão da crise, orientando sobre o cadastro e atendimento às famílias atingidas, a elaboração de um protocolo de prioridades e de um plano de contingência em cada município.
SITUAÇÃO SE NORMALIZANDO
Cidades afetadas fortemente por enchentes tentam voltar à normalidade com registros mais amenos nos últimos dias. Uma delas é Umirim, no Vale do Curu, onde no meio de março houve danos de infraestrutura em vias públicas e alagamentos em casas e comércios.
“Todo dia chove, mas não como o mesmo volume. A população já está calma. Pelo menos é isso que observo ao transitar pela cidade. Segue a normalidade”, comenta o advogado e professor Matheus Amaro, que mora no centro do município.
Pedra Branca é outra cidade em situação de emergência, mas no Sertão Central. Morador de um sítio na zona rural, Antônio Valdenor de Araújo explica que a “chuva grossa” passou deixando açudes de toda a região sangrando.
“Agora tá tudo bem, acalmou mais. Dá pra resistir. Água é demais às vezes quando estraga as coisas, como em Milhã e Senador (Pompeu), muito prejuízo. Mas tem água e vai dar um pouco de safra, a gente fica bastante satisfeito com um bom inverno”, percebe o agricultor.
RISCOS DE AÇUDES CHEIOS
Após um longo período de seca que durou entre 2012 e 2019, o Ceará agora recebe uma forte recarga nos açudes que garantem o abastecimento humano. Parte deles chegou a secar, e voltou a sangrar depois de mais de 10 anos. Atualmente, a capacidade geral do Estado está em 46,5%, conforme o Portal Hidrológico.
Porém, a mesma alegria também se transforma em atenção quando essas estruturas correm riscos pelo alto volume. Em Pedra Branca, por exemplo, a Prefeitura orientou a evacuação de moradores pelo risco de rompimento de um açude particular na comunidade de Serra da Santa Rita. Após análise, a Defesa Civil descartou o acidente, mas recomendou obras de reparo.
Em Piquet Carneiro, um açude de pequeno porte rompeu próximo à sede e alagou algumas localidades na cidade. As chuvas intensas registradas em São Benedito também provocaram o transbordamento do Rio Arabé, o que invadiu residências e desalojou alguns moradores.
O transbordamento do nível do Rio Salgado, por sua vez, invadiu ruas, praças, imóveis e estradas de Lavras da Mangabeira, provocando o isolamento de algumas regiões. A gestão chegou a suspender as aulas da rede municipal.
CASAS DESABADAS
Na região do Cariri, a força da água derrubou residências em Juazeiro do Norte e Porteiras. Próximo dali, dois carros foram engolidos por uma cratera que se abriu em um trecho da CE-384 na Zona Rural de Mauriti. Sete pessoas, entre motoristas e passageiros, ficaram feridas.
Para esta quarta (12) e quinta-feira (13), as chuvas devem seguir tendência de redução, com maiores condições para a faixa litorânea, de acordo com previsão da Funceme.
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