Bairros de Fortaleza têm até 27% da população já infectada por Covid-19
Pedras é o local com maior número de casos confirmados por habitante, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS)
Fortaleza já acumula, nesta terça-feira (27), mais de 200 mil casos de Covid-19, conforme o Integra SUS. A doença está na cidade inteira, mas de forma distinta: enquanto no bairro Pedras pelo menos 27,5% dos moradores já contraíram o vírus, no Floresta, extremo oposto, os casos correspondem a menos de 1% da população.
Os dados são do mais recente boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), divulgado na última sexta (23). Para chegar às taxas de incidência, o Diário do Nordeste relacionou o número de casos confirmados ao quantitativo populacional de cada bairro.
Casos de Covid por bairro de Fortaleza
Local com maior proporção de infecções por habitante é Pedras, na Regional VI.
No bairro mais populoso da cidade, a Barra do Ceará, na Regional I, já são 3.354 pacientes confirmados com a doença, o que corresponde a cerca de 4,2% dos mais de 79 mil moradores.
O bairro com maior número de casos de Covid, porém, fica no lado oposto da cidade: Messejana, na Regional VI, já soma 6.673 casos da virose. Proporcionalmente, 14,6% dos 45,6 mil habitantes do bairro já foram infectados pelo novo coronavírus.
As maiores taxas de incidência de Covid por habitante estão nos menores bairros da cidade: Pedras, que tem 1.470 moradores e acumula 404 casos (27%); e Manuel Dias Branco, com 1.583 habitantes e 317 infectados por coronavírus (20%).
VACINÔMETRO NO CEARÁ | COVID-19
Atualizado em 27/4, 19h19
Receberam 1ª dose | Receberam 2ª dose | Doses recebidas |
---|---|---|
1.282.110 | 608.324 | 2.238.250 |
Fatores de proteção
De acordo com a professora do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e pesquisadora do CNPq Thereza Maria Magalhães Moreira, a diferença acontece porque “em bairros onde os fatores de proteção estão presentes com mais frequência, o número de novos infectados será menor, assim como também o de óbitos”.
Esses fatores, segundo ela, são a observação do distanciamento, o uso máscara boa, pouco fluxo de pessoas, boa compreensão de cada fase do ciclo da doença e de cada fase da curva epidemiológica, elém do alto percentual de vacinados.
“Na ausência desses fatores, como a doença é de fácil transmissão, rapidamente uma família inteira pode ficar doente e até os vizinhos. O resultado final é muito ruim, porque 1% dos casos tende ao óbito. Então, você tem pessoas que menosprezam essas medidas perdendo entes familiares e é difícil ter que aprender pela dor” Thereza Maria Magalhães Moreira Professora da Uece e pesquisadora do CNPq
A imunidade de rebanho não é uma certeza
Antonio Lima, coordenador da Vigilância Epidemiológica da SMS, aponta que regiões mais afetadas pela doença na primeira onda da pandemia tendem a apresentar menos casos na segunda, “porque, de certa forma, há alguma barreira imunológica”.
“Algumas áreas preocupam mais, mas uma série de fatores influencia a pandemia na cidade, como faixa etária, distribuição demográfica, densidade habitacional, quantidade de pessoas por domicílio, aspectos socioeconômicos e acesso a serviço de saúde”, lista Antonio Lima.
No entanto, o consultor em infectologia da Escola de Saúde Pública (ESP), Keny Colares, ressalta que, apesar da proteção parecer existir nos casos posteriores à infecção da Sars-Cov-2, não está claro ainda se ela realmente existe e quais seriam as características dessa barreira imunológica.
“Talvez um dos maiores exemplos que a gente teve foram de estudos que foram feitos no ano passado que mostravam uma soroprevalência próxima de 75% em Manaus e, de repente, a gente teve aquela epidemia na cidade maior do que a inicial de 2020, né?”, explica Keny.
O consultor da ESP explica ainda que, com o surgimento das novas variantes do vírus, existe a dúvida se pessoas que já foram infectadas iriam conseguir se proteger adequadamente de infecções recém-adquiridas ou não.
Atualizado em 27/4, 19h19
Receberam 1ª dose | Receberam 2ª dose | Doses recebidas |
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Keny Colares pontua também que é importante manter-se em alerta. “Mesmo que aparentemente esteja tudo calmo, a gente tá numa situação ainda de alta taxa transmissão, de sobrecarga de pessoas internadas e gente morrendo numa proporção assustadora”.
“A gente não pode se deixar levar pelas aparências, como a gente achou no ano passado que a doença estava controlada, que a gente estava bem, que não precisava se preocupar e, de repente, 2021 veio mais forte do que 2020”, continua.
Os cuidados são necessários
A professora Thereza Maria Magalhães Moreira, ressalta que a população deve continuar adotando as medidas de proteção contra o vírus, com “distanciamento social, uso adequado de máscaras que ofereçam boa proteção e de substâncias que possam lesionar a membrana do vírus, como detergente, água sanitária, álcool 70 e sabão”.
Além disso, Thereza Maria destaca que residências com pouco fluxo de pessoas tendem a ser mais seguras contra os casos de infecções da Covid-19. “A ausência de comunicação entre essas residências também são medidas que favorecem”.
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