Atendimentos por Covid-19 em UPAs de Fortaleza crescem 4 vezes em 3 semanas
Adultos jovens são o principal público atendido nas unidades da Capital em novembro
A transmissão da Covid-19 voltou a crescer no Ceará desde o fim de outubro, desenhando uma 5ª onda da doença no Estado. Dados de atendimentos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Fortaleza confirmam o alerta no cenário epidemiológico.
A plataforma IntegraSUS, alimentada pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), indica que a procura nas 12 UPAs monitoradas pelo sistema cresceu 4 vezes na última semana epidemiológica em comparação com a primeira do mês.
Entre os dias 30 de outubro e 5 de novembro, foram 1.213 atendimentos. No período, a Covid-19 representou 77% da procura. Na semana mais recente, de 20 a 26 de novembro, foram 4.808 atendimentos – 87% motivados por Covid-19.
Jovens adultos de 20 a 29 anos representam o principal público atendido nesses estabelecimentos, seguidos por crianças de 0 a 4 anos – cuja vacina foi a última a ser aprovada e chega a ter doses perdidas por falta de procura nos postos de aplicação.
A Covid-19 é a principal razão de síndromes gripais registrada nessas unidades. Em seguida, vêm casos de influenza e pneumonias, com ou sem detalhamento dos agentes causadores.
Para a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o aumento de casos tem relação “com a introdução da sublinhagem BQ.1 no fim de outubro”, de acordo com o boletim epidemiológico mais recente da Pasta.
AUMENTO ESPERADO
Para o biomédico e mestre em Microbiologia Médica, Samuel Arruda, já é esperado que os vírus respiratórios circulem do fim de cada ano até o mês de março do seguinte, quando a dinâmica do clima do Ceará passa a ser mais nublada ou chuvosa.
“Isso pode ter relação com a diminuição da radiação solar, maior proximidade das pessoas, concentração dos indivíduos. A Covid também acaba aumentando, mas precisamos de mais tempo de observação para saber em quais períodos ela mais circula”, explica.
Samuel também recomenda a testagem das pessoas sintomáticas e critica o fechamento de pontos de exames gratuitos, que funcionavam como estímulo ao rastreamento da doença.
“Obviamente, se você tem redução da testagem gratuita, acaba falseando os números. O paciente com sintomas leves que normalmente procuraria não vai. Eles escapam de serem detectados e isso é um problema”, alerta.
UPAs MAIS PROCURADAS DESDE O INÍCIO DE NOVEMBRO
- Canindezinho – 1.558
- Autran Nunes – 1.162
- José Walter – 1.140
- Cristo Redentor – 1.063
- Praia do Futuro – 1.037
Especialistas indicam que o crescimento é reflexo do relaxamento das medidas de proteção individual contra a doença, como uso de máscaras, e a maiores aglomerações em espaços fechados ou abertos.
Apesar do recrudescimento de diagnósticos positivos, a gravidade dos casos têm sido menor, e novos óbitos não são registrados há mais de 3 meses na Capital cearense, de acordo com a SMS.
Nas UPAs, a maioria (70%) dos atendimentos também recebe classificação de risco verde, quando “podem aguardar atendimento ou serem encaminhados para outros serviços de saúde”, segundo a Sesa. Outros 20% são da cor amarela, que “necessitam de atendimento rápido, mas podem aguardar”.
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