Shopee sai da Argentina e reduz outras operações na América Latina: como isso afeta o Brasil?
Economistas apontam que a empresa se movimenta para atingir rentabilidade
A Shopee, pertencente ao grupo Sea Limited, anunciou, neste mês de setembro, a saída da Argentina. Além disso, reduziu as atividades na Colômbia, no Chile e no México. Nesse contexto, o questionamento que se levanta é se esse movimento na América Latina também chegará ao Brasil.
No primeiro trimestre deste ano no País, o prejuízo líquido da companhia foi de US$ 580,1 milhões.
O analista e sócio da consultoria empresarial Arêa Leão, Bruno Alberto, compreende as mudanças adotadas como uma adaptação para buscar lucratividade, mas não acredita que o potencial do Brasil também esteja em xeque.
“A Shopee já possui um tamanho relevante no Brasil, com 5% de participação no mercado das plataformas. Também tem investido muito em marketing, na TV, nas mídias sociais. O movimento que tem sido feito para cá deve ser sem volta”, analisa.
Para Bruno, a saída do comércio eletrônico argentino está relacionada com a crise econômica enfrentada pelo país, mas não deve repercutir no Brasil, considerando que os produtos vendidos no site saem, principalmente, da China.
O economista pondera, contudo, que a companhia incluiu nova taxa de 2% sobre os itens comercializados pelos brasileiros.
“O movimento é de tentar atingir lucratividade. Hoje, mesmo sendo uma empresa que atua no mundo inteiro, com capacidade de investimento muito alta, ela tem dificuldade de retorno nas operações”, observa.
Com elevação de taxas, produtos podem ficar mais caros
O professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e conselheiro Regional de Economia (Corecon-CE), Ricardo Coimbra, destaca que os negócios locais ou interessados em se instalarem no País investem na reestruturação dos mecanismos de distribuição.
Desta forma, a disputa no comércio eletrônico cresce, enquanto reduzem os custos de concorrentes da Shopee, entre outras. No Ceará, por exemplo, houve a instalação de novos centros de distribuição de mercadorias (CDs) neste ano.
“Então, essa é uma tendência de diferenciação de cobrança de taxas, não só de tributos, como, também, nas próprias plataformas, para redimensionar algum tipo de competitividade para aquele que comercializa de forma presencial”, explica.
“Isso pode elevar um pouco os preços dos produtos vendidos por essas plataformas, o que pode gerar essa potencial competitividade, que, em alguns casos, estava se mostrando ineficiente. Ou seja, o consumidor poderia ter acesso a produtos mais baratos, mas gerando um desequilíbrio sobre as empresas que participavam do mercado”, complementa.
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