Fortaleza tem mais mortes que nascimentos pelo segundo mês consecutivo
Em abril, foram registrados 3.108 óbitos e 2.655 nascimentos, segundo dados do Portal da Transparência do Registro Civil. Pandemia adiantou fenômeno em 30 anos, estima especialista
Em meio ao avanço da pandemia, Fortaleza registrou pela segunda vez seguida mais mortes que nascimentos por mês em abril. Dados do Portal da Transparência do Registro Civil indicam que até a última sexta-feira (30) foram registradas 3.108 mortes e 2.655 nascimentos em cartórios no quarto mês do ano.
Em março, o cenário foi semelhante. De acordo com os dados do Portal, administrado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), foram registrados 3.421 óbitos e 2.473 nascimentos. É o quarto mês, desde o início da pandemia, em que o número de nascimentos foi menor que o de mortes.
Número de mortes acelerado
A queda da diferença entre a quantidade de nascimentos e de óbitos vinha acontecendo gradualmente em Fortaleza. Com a pandemia, a situação se acentuou.
No ano passado, a Capital cearense registrou 116 mortes a mais que nascimentos em abril, número que saltou a 2.358 em maio, após o aprofundamento da crise sanitária. Diante da segunda onda de casos, o fenômeno voltou a ser observado a partir de março deste ano.
Desde o início da pandemia, a Capital cearense, até ontem (1º), contabilizou 7.546 óbitos ocasionados por complicações da Covid-19. Em todo o Ceará, mais de 17 mil morreram em decorrência da doença.
Fenômeno demoraria décadas
Julio Racchumi, pós-doutor em demografia e professor do Departamento de Estudos Interdisciplinares da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica que, mesmo com a tendência de queda de nascimento nos últimos anos, esse fenômeno só era esperado para daqui 30 anos.
Por isso, ainda não é possível observar quais prejuízos terão a curto prazo. “Temos que pensar a médio e longo prazo, pois ainda é muito incerto. Já sabíamos que o número de mortes superaria o de nascimentos, o que fez o Governo tomar algumas medidas, como a Reforma da Previdência”, explica o professor.
De acordo com Racchumi, caso esse fenômeno continue, mesmo sem a pandemia, o problema será maior – uma vez que a população em idade produtiva será menor.
“Vamos ter um impacto muito forte na previdência, no mercado de trabalho, na educação. É preciso ter dinheiro e população em idade produtiva. Se não economia consistente, é um problema enorme não ter crianças”. Julio Racchumi pós-doutor em demografia
Cenário nacional
Pelo menos nove das capitais brasileiras, tiveram resultado similar. Na região Nordeste, além de Fortaleza, duas registram esse fenômeno: São Luís (MA) e Recife (PE).
O Estado de São Paulo registrou também o primeiro mês com maior número de mortes do que de nascidos em seu território desde o início da série histórica.
“A possibilidade do Portal dos Cartórios de Registro Civil fornecer estatísticas em tempo real permite que tenhamos uma dimensão exata do que está acontecendo em nosso País e que possam ser tomadas as ações pelo Poder Público, principalmente nos locais onde a pandemia se mostra mais grave no momento”, destaca o presidente da Arpen-Brasil, Gustavo Renato Fiscarelli.
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