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Mais de 11% das mortes de Fortaleza foram de pacientes que vieram de outras cidades

Desde o início da pandemia, 832 pessoas morreram na Capital, apesar de residirem em outros municípios; este percentual aumentou na segunda onda da doença

Desde o início da pandemia de Covid-19, 832 pacientes que morreram nas unidades de saúde de Fortaleza não tinha residência fixa na cidade. O número representa 11,5% do total de óbitos da Capital no último ano em decorrência da infecção.

As informações são do Portal da Transparência dos Cartórios, disponibilizado pela Central de Informações do Registro Civil. Segundo os dados da plataforma, o número de pacientes que não residiam em Fortaleza, mas vieram a óbito na cidade cresceu nesta segunda onda da pandemia em comparação à primeira.

Entre março e setembro do ano passado, 560 pacientes vindos de outros municípios vieram a óbito em Fortaleza – equivalente a 10,5% do total de mortes na Capital neste período.

Já no período entre outubro de 2020 e março deste ano (até o dia 18), o percentual saltou para 14,2%. Foram 272 dos 1.991 óbitos registrados por Covid-19 em Fortaleza.

Apesar de receber os pacientes vindos de outras localidades para atendimento, a Secretaria de Saúde de Fortaleza informou que a responsabilidade pelas transferências cabe ao Estado. Até o fechamento desta reportagem, a Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) não respondeu aos questionamentos feitos pelo Diário do Nordeste.

Internamento na Capital

A técnica de enfermagem Clara Capelo foi saiu de Pentecoste em busca de atendimento em Fortaleza. Recuperada, Clara chegou à Capital em setembro do ano passado com 76% dos pulmões comprometidos pela doença. 

“Eu dei entrada no dia 3 de setembro e fiquei até 6 de outubro”, lembra. Deste período, 10 dias foram na UTI. O motivo da transferência foi a falta de estrutura na cidade para casos graves de Covid-19, explica. O local para atendimento de pacientes com a doença é a UPA da cidade, onde “tem respirador, dá para entubar e ficar esperando vaga”. 

“Fui trasnferida por esse motivo, senão tinha morrido aqui”, afirma. As duas filhas acompanharam a UTI móvel que levou Clara para o Hospital Leonardo da Vinci e toda semana conversavam com ela por videochamada.

“Nunca tinha passado por algo assim. Tanta gente morrendo do lado e a gente com medo de morrer. Foi muita oração”, diz.

O radialista Alex Montenegro também foi transferido para Fortaleza em estado grave após contrair a Covid-19. Com 75% dos pulmões comprometidos, ele teve que ser entubado assim que chegou ao Hospital São José, onde passou 28 dias internados na UTI. 

Morador de Pacajus, Alex disse que a família chegou a procurar leito em outras cidades e na rede particular, mas estava difícil conseguir. “Quando conseguiram, me levaram diretamente para Fortaleza. Apesar da proximidade, ficaram com medo de não resistir a viagem”, lembra. A internação ocorreu no dia 18 de outubro e a alta só veio no dia 10 de novembro. 

“Foram dias muitos difíceis para mim. Eu só lembro de entrar de maca na UTI, mas não lembrava de mais nada. A equipe médica falou que eu renasci”, celebra.

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Marcio Sousa

Editor chefe, Radialista profissional e Diretor de Programação da Taperuaba 98,7 FM

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