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Taxa de positividade da Covid aumenta em 5 regiões de saúde do Ceará

O índice aponta a quantidade de confirmações em relação ao total de exames feitos. No Estado a taxa, de modo geral, vinha em queda até o começo de setembro

No Ceará, onde mais 262 mil pessoas já confirmaram a contaminação por Covid-19, a cada 100 exames feitos até o início de outubro, 15% eram positivos. Esse índice, chamado de taxa de positividade, evidencia um dos aspectos da circulação do vírus em cada local. De modo geral, essa taxa vinha em recuo no Estado, e no começo de setembro (do dia 6 ao dia 12) alcançou o menor patamar com 12,50% do total de exames positivos.

No auge da pandemia, em maio, a cada 100 amostras, 77 eram positivas. Na semana epidemiológica 38 (do dia 13 a 19 de setembro) esse índice voltou a aumentar, efeito do crescimento em algumas regiões específicas do Estado. Essa ampliação gera alerta e, somada ao acréscimo de casos e óbitos, levou o Governo Estadual a não atualizar o decreto de retomada das atividades econômicas e sociais na semana passada.

Na atual situação, os dados disponíveis no IntegraSus, plataforma da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), apontam que nas semanas epidemiológicas 38 (do dia 13 a 19 de setembro), 39 (20 a 26 de setembro) e 40 (27 de setembro a 3 de outubro), cinco Regiões de Saúde do Estado tiveram aumento da taxa de positividade da Covid-19. São elas: coordenadoria de saúde de Canindé, Tauá, Camocim, Icó e Juazeiro do Norte. Cada área inclui uma série de cidades localizadas nestas regiões. Ao todo, os 184 municípios do Ceará estão divididos em 22 coordenadorias de saúde.

Na coordenadoria de Canindé (que inclui as cidade de Boa Viagem, Canindé, Caridade, Itatira, Madalena e Paramoti), o aumento na taxa de positividade da Covid-19 foi de 25% para 39% nesse intervalo. Na de Tauá (Aiuaba, Arneiroz, Parambu e Tauá), foi de 39% para 57%, com mais da metade das pessoas testadas confirmando a infecção.

Na de Camocim (Barroquinha, Camocim, Chaval, Granja e Martinópole) passou de 15,84% para 27%. Na de Icó (Baixio, Cedro, Icó, Ipaumirim, Lavras da Mangabeira, Orós e Umari) foi de 29% para 48%. Na de Juazeiro do Norte (Barbalha, Caririaçu, Granjeiro, Jardim, Juazeiro do Norte e Missão Velha) foi de 24% para 39%.

Além das altas da taxa de positividade, o Estado também teve nas semanas epidemiológicas 40 e 41 (27 de setembro a 10 de outubro) um aumento de óbitos em três coordenadorias de saúde em comparação aos 14 dias anteriores.

Foram registradas altas de mortes na Região de Saúde de Acaraú, Icó e Iguatu. Já na Região de Baturité houve aumento de casos. Essa situação somada ao aumento dos exames positivos, além de gerar alerta sobre a permanência da circulação do vírus, afeta diretamente a decisão do Governo de progredir na reabertura.

A coordenadora da Vigilância Epidemiológica e Prevenção da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), Ricristhi Gonçalves, explica que “em alguns momentos temos observado que algumas coordenadorias têm apresentado um perfil de aumento de casos e de óbitos, porém, que não têm se confirmado nas semanas subsequentes. Mas a gente avalia isso semanalmente para ver como está a situação nessas regiões. Não olhamos apenas para um indicador. Não olhamos só para casos, nem só para óbitos, a gente também observa a ocupação de leitos e a positividade das amostras que estão indo para exame”, explica.

De acordo com ela, o que se observa atualmente sobre o aumento de positividade “é um alerta importante porque é um primeiro sinal que a circulação viral ainda está acontecendo, ou seja, a transmissão pode continuar”. Ricristhi avalia que isso, muitas vezes, pode ser atribuído ao relaxamento nas medidas de controle e de proteção individual. A positividade dos testes é uma evidência que chama a atenção pois “se os exames estão dando positivo, está tendo circulação de vírus. Se as pessoas estão adoecendo elas podem vir a complicar e serem hospitalizadas e essa hospitalização pode acontecer por um longo período. O indivíduo pode ter um desfecho negativo. O primeiro sinal é a positividade dos exames aumentando”, explica a coordenadora.

Fator

A recente mudança no que, até o início de setembro, era uma tendência de queda, pode estar relacionada a um novo fator evidente, aos olhos da presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems/CE), Sayonara Cidade. “Estávamos tendo a descida da curva de infecção desse vírus, e imediatamente entramos numa corrida eleitoral, num período de campanha. Os candidatos estão adentrando as residências, e alguns fazem isso sem máscara”, relata. “Tivemos esse aumento nessas regiões, e certamente a gente atribui a essas visitas”.

Ela reforça que há um alerta para os cuidados necessários durante esse período, mantendo as medidas sanitárias. “As Secretarias Municipais não têm condição de fiscalizar todos os candidatos. O que fazemos é orientar e estar em contato com o Ministério Público”, declara.

No Estado onde mais de 9 mil pessoas já morreram em decorrência da doença nos últimos sete meses, felizmente, conforme dados do Integrasus, nas semanas epidemiológicas 40 e 41 (27 de setembro a 10 de outubro), houve redução de novos óbitos em 19 das 22 coordenadorias de saúde. Em algumas delas o número de mortes, se comparado aos 14 dias anteriores foi até 50% menor. “Não é algo tão assustador. É totalmente diferente do que a gente viu no pico da pandemia em meados de maio. Nada parecido. Mas qualquer aumento, a gente fica bastante em alerta e isso é um sinal de que as medidas estão sendo relaxadas e é preciso que a população compreenda que ainda estamos tendo transmissão”, ressalta a coordenadora da Vigilância Epidemiológica e Prevenção da Sesa.

Ricristhi diz ainda que o Estado, junto aos municípios, irá realizar um inquérito de circulação viral e um inquérito soro epidemiológico em municípios das cinco regiões do Ceará. “Para termos uma ideia mais exata do que está acontecendo nesses municípios”, completa. A investigação deverá ser iniciada em uma cidade da Região Norte e seguir para o Sertão Central.

Para o epidemiologista Manoel Fonseca, o crescimento na taxa de positividade da Covid-19 não representa uma “curva natural” do vírus, e sim uma consequência de fatores externos. “Quando você diminui as medidas de isolamento, aumenta as chances de contaminação. E é algo complexo, com muitos fatores, como o limite do suportável diante da economia”, pondera.

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Marcio Sousa

Editor chefe, Radialista profissional e Diretor de Programação da Taperuaba 98,7 FM

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