Coronavírus

Quem toma só 1ª dose de vacina contra Covid-19 tem imunidade incompleta e pode adoecer

Médicos recomendam a aplicação das duas doses e, mesmo após a imunização completa, é orientada a manutenção das medidas de proteção

Relaxar nas medidas de proteção após a primeira dose do imunizante contra a Covid-19 ou não retornar para a segunda aplicação por já se considerar protegido é uma postura considerada temerária, segundo avaliação de especialistas. Vale lembrar que o vírus já matou mais de 20 mil pessoas no Ceará e quase meio milhão no Brasil.

As vacinas atualmente disponíveis no Plano Nacional de Imunização (PNI) possuem esquema vacinal em duas etapas, ou doses. Além disso, somente cerca de duas semanas após a segunda aplicação a proteção se tornar mais eficiente.

VACINÔMETRO NO CEARÁ | COVID-19

Atualizado em 4/6, 18h55

Receberam 1ª doseReceberam 2ª doseDoses recebidas
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Fonte: Secretaria da Saúde do Ceará
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O médico infectologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ivo Castelo Branco, explica que “a primeira dose [da vacina] imuniza, após 15 dias, apenas parcialmente. A segunda dose é um complemento. Após 15 dias da segunda aplicação, o paciente tem a imunidade completada”.

Contudo, a epidemiologista Carline Gurgel, também professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) destaca que mesmo após este período, é prudente recomendar às pessoas que preservem as medidas de biossegurança, como uso de máscaras e distanciamento social. 

“O vírus continua circulando. A proteção efetiva e em massa, só será alcançada com a imunização de rebanho, que é quando uma grande parcela da população recebe a segunda dose. Mas, para isso, a vacinação tem que avançar mais rapidamente. Caroline Gurgel Epidemiologista e virologista

Sensação de segurança 

Não retornar à segunda dose ou relaxar nos cuidados podem, segundo Ivo Castelo Branco, estarem relacionadas a falta de informação das pessoas. “Muitos pensam que, ao tomarem a vacina, elas estarão automaticamente protegidas. Com esse pensamento, acabam se expondo e baixam a guarda”, detalha.

Diante da atual conjuntura epidemiológica do Brasil, com casos ainda em alta e risco do surgimento de uma terceira onda da doença, Ivo avalia que dispensar o uso de máscara após a vacinação, como tem acontecido em países da Europa e nos Estados Unidos, não será possível aqui no País.

“O vírus ainda está circulando muito fortemente. Não atingimos uma imunidade de rebanho e estamos distantes disso. Então, mesmo vacinada, a pessoa pode ser infectada e veicular o vírus. É importante ressaltar que a vacina reduz drasticamente o risco de morte ou de sintomas graves, mas o indivíduo ainda pode contrair a doença. Por isso a importância de manter a proteção até que vacinemos grande parcela dos brasileiros”, ilustra o especialista. 

O aposentado Francisco Aldo Pinto, de 69 anos, se enquadra neste grupo. Ele recebeu a primeira dose da vacina em 28 de abril e, logo em seguida, contraiu a doença. “Não sei como aconteceu [a infecção]. Minha esposa e eu não nos expomos, mas esse vírus está em todo canto, acabamos adoecendo”, relembra.

No dia 10 de maio, o idoso foi internado no hospital São José, recebendo alta pouco mais de uma semana depois. “Minha esposa também se infectou, mas não precisou ser internada. Eu, como senti moleza no corpo, dor de cabeça e tosse, precisei me internar. Mas, graças a Deus sai logo e deu tudo certo. Não fiquei com nenhuma sequela”, comemora aliviado.

Neste domingo, dia 6, Aldo e sua esposa finalmente poderão tomar a segunda dose da vacina. Ansioso pela data, ele afirma: “vamos redobrar as medidas de proteção. Máscara, álcool em gel e sair de casa só quando necessário, essa doença não é brincadeira”.

Atualizado em 4/6, 19h30

CearáNordesteBrasil
Nº de Casos819 0143 961 88116 841 408
Nº de Óbitos20 85196 913470 842
Fonte: Ministério da Saúde/Sesa Descarregar estes dados Criado com Datawrapper

Já o agricultor, natural de Ocara, Samuel da Silva, de 63 anos, precisou ser internado devido às complicações da Covid-19 em menos de uma semana após a primeira dose da vacina, em 13 de maio. 

“Eu procurei um médico lá em Ocara mesmo porque estava sem sentir gosto na boca”, relata. O agricultor encontra-se, agora, internado na enfermaria do Hospital Estadual Leonardo da Vinci (HELV). Por causa da doença, ele ainda não conseguiu tomar a segunda dose do imunizante. Segundo o idoso, a contaminação aconteceu na estrada, ao parar para conversar com conhecidos que estavam sem máscaras.

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Marcio Sousa

Editor chefe, Radialista profissional e Diretor de Programação da Taperuaba 98,7 FM

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