Quem é Paulo Sérgio Nogueira, cearense de Iguatu que comanda a Defesa Nacional
Para o presidente Jair Bolsonaro, o novo ministro de Estado se destaca por ter “a tropa em suas mãos”
Empossado no início deste mês, o cearense Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, 60, ex-comandante do Exército Brasileiro, é o novo ministro da Defesa. Ele assumiu no lugar do general Walter Braga Netto, cotado para ser candidato a vice-presidente da República na chapa com Jair Bolsonaro (PL).
Paulo Sérgio, o homem que Bolsonaro acredita ter as Forças Armadas “nas mãos”, nasceu em Iguatu, no interior do Ceará, e estudou no Colégio Militar de Fortaleza até a adolescência. Ele iniciou sua carreira militar, de fato, em 1974, aos 16 anos de idade, quando foi selecionado para a Escola Preparatória de Cadetes do Exército em São Paulo.
Concluídos os estudos básicos, em 1976, Paulo entrou para a Academia Militar das Agulhas Negras, no Rio de Janeiro, onde cursou o ensino superior. Quatro anos depois, em 1980, ele foi declarado aspirante a oficial da arma de Infantaria, a mais antiga do Exército e apta no combate a pé em qualquer tipo de terreno, sob qualquer condição meteorológica.
Iguatu
Casado com Maria das Neves Paiva França de Oliveira, o general é pai de três filhos: Danilo, Rafael e Lucas. Os dois primeiros são majores da Infantaria e o último é engenheiro de sistemas formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Um jornal do município considera Paulo Sérgio o iguatuense “mais ilustre” por conseguir alcançar um cargo no alto escalão do Governo Federal.
“O general é o filho de Iguatu de maior projeção nacional”, reforça o pesquisador iguatuense José Hilton Montenegro. Para ele, o conterrâneo comandou o Exécito no último ano de “forma firme, íntegra e com impactantes decisões e realizações em benefício da ordem, da democracia, da Amazônia, do combate à pandemia, das obras de engenharia e infraestrutura”.
Serviços militares
Paulo Sérgio serviu ao Exército em unidades de Infantaria em cidades como João Pessoa (PB), Garanhuns (PE) e Belém (PA). Além disso, chegou a comandar um batalhão em Juiz de Fora (MG) e atuar junto à Embaixada do Brasil no México, onde permaneceu por dois anos.
Tropa nas mãos
No discurso de boas-vindas aos generais promovidos neste mês, incluindo Paulo Sérgio, Bolsonaro disse que, dentre todos os seus ministros de Estado, o cearense se destaca.
“Tenho 23 ministros. Todos são importantes, mas um se destaca: o da Defesa, porque tem a tropa (Forças Armadas) em suas mãos. É o que, em última análise, poderá fazer o País rumar em direção à normalidade, ao progresso e à paz”, comentou o presidente no palanque, sem citar nominalmente Paulo Sérgio e sem especificar de que “normalidade” estava tratando.
Bolsonaro e o novo ministro, porém, têm divergências. No ano passado, em entrevista ao Correio Braziliense, em meio à segunda onda da Covid-19, enquanto o presidente reforçava um discurso negacionista sobre a pandemia, Paulo Sérgio colocava o Exército em “quarentena” para barrar internamente a proliferação do vírus.
Sob a gestão do cearense, o Exécito promoveu isolamentos e distanciamentos sociais e fez campanhas massivas de prevenção ao contágio. Como consequência, as Forças Armadas registraram, proporcionalmente, menos casos e óbitos do que a população brasileira em geral.
Politização do Exército
Ainda ano passado, assim que assumiu o comando do Exército, Paulo Sérgio enfrentou uma situação desafiadora. Isso porque coube ao cearense deliberar sobre punir ou não o também general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, por participar de ato político-partidário favorável a Bolsonaro sendo militar de ativa. A conduta é proibida, segundo o Regulamento Disciplinar.
Regulamento Disciplinar do Exército – Anexo I (Relação de Transgressões)
57. Manifestar-se, publicamente, o militar da ativa, sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária.
À época, Paulo Sérgio decidiu inocentar Pazuello e arquivar o procedimento administrativo instaurado contra o ex-ministro da Saúde.
A atitude foi criticada por políticos de oposição, que reforçaram o discurso de que o governo Bolsonaro se confunde com o Exército e vice-versa. Além disso, se especulou que a medida foi tomada porque o Exército não queria se indispor com o presidente para evitar crise maior.
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