Queda de solicitações de UTIs amplia acesso a leitos de pacientes com Covid-19 no Ceará
Como os requerimentos caíram 10% em relação à semana anterior, o percentual de infectados graves atendidos com leitos aumentou no Estado
No cenário epidemiológico atual do Ceará, todo leito importa. Ainda que parte das atividades econômicas tenha sido retomada e os registros de casos tenha caído, ainda há uma fila extensa de pacientes esperando por leitos de enfermaria ou Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para tratar a Covid-19.
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Atualizado em 27/5, 19h00
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Na última semana, entre 17 e 23 de maio, novas solicitações de UTIs caíram 10% no Estado, em relação à semana anterior (10 a 16 de maio). Entre os dois períodos, a redução foi de 687 para 617 requisições semanais.
As informações são da plataforma IntegraSUS, alimentada pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Nas duas semanas analisadas, o número de UTIs liberadas não variou, mas a redução de solicitações permitiu mais acesso ao acolhimento de novos pacientes.
Entre 10 e 16 de maio, das 687 solicitações, 344 foram atendidas. Ou seja, 50%. Na última semana, 343 das 617 requisições foram contempladas, o equivalente a 55% do total. Esse foi o maior percentual de acolhimento desde a primeira semana de março, quando a situação do sistema de saúde cearense começou a se agravar.
Apesar do incremento, os dados do IntegraSUS revelam que o sistema de saúde ainda não consegue absorver a alta demanda de infectados.
À espera de socorro
Na tarde desta quinta-feira (27), o Ceará tinha 182 pacientes à espera de UTIs. Um dos 38 que aguardavam em Fortaleza é o porteiro Luís Rodrigues de Oliveira, de 52 anos, que foi internado em uma enfermaria desde o dia 17 de maio.
Segundo a filha dele, Joana Bezerra, ele começou a sentir os sintomas da doença e tentou se tratar em casa, mas a doença foi complicando e ele recorreu à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro José Walter, onde a doença foi comprovada.
Em seguida, ele foi transferido para uma enfermaria no Hospital da Mulher de Fortaleza. Há poucos dias, Luís foi intubado e agora, com o estado de saúde ainda mais instável, precisa de atenção mais intensiva.
“Ouvimos do serviço social que tem mais pessoas aguardando e que, se chegar um paciente mais novo, a prioridade é do mais jovem”, diz Joana.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), pacientes com indicação para internação são regulados através da Central de Regulação de Leitos do Município para unidades de referência para o atendimento de pacientes com casos mais graves.
Além disso, a transferência dos pacientes de uma unidade de saúde para um leito de enfermaria ou UTI “depende do seu quadro clínico, assim como sua estabilidade para o translado”.
No início deste mês, a Pasta informou que já ativou 933 leitos exclusivos para tratar a doença, sendo 776 de enfermaria e observação e 157 UTIs. O número é 18% maior que os 791 leitos totais disponibilizados no período mais crítico da primeira onda.
Rotatividade lenta
Um dos motivos apontados pela Sesa e por especialistas para a demora na liberação de leitos, nesta segunda onda, é o maior tempo de internação de pacientes acometidos por novas variantes do coronavírus.
Segundo Luciano Pamplona, epidemiologista e professor do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará (UFC), as UTIs não esvaziam porque pacientes jovens, que formam um novo perfil de infectados, ocupam leitos por mais tempo. “Às vezes leva dois, três meses para chegarem à alta”, afirma.
A Sesa acrescenta que o tempo prolongado de permanência hospitalar implica “na diminuição do giro de leitos hospitalares, na superlotação e na escassez de leitos para pacientes agudos que necessitam de cuidados intensivos, que geralmente se encontram nas emergências hospitalares e UPA”.
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