Positividade de testes de Covid em UPAs do Ceará cai e atinge menor índice de 2022
Em janeiro, a taxa de testes com resultado positivo nas unidades de saúde chegou a pico de 72%
Após uma forte onda de contaminações, a taxa de positividade de testes de Covid em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do Ceará tem reduzido. No último dia 7, cerca de 12% dos exames realizados nas unidades deram positivo.
No mês passado, o dia 12 registrou a maior taxa de positividade do ano, quando 72% dos testes feitos por pacientes nas UPAs do Estado deram positivo. Os dados são da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), divulgados por meio da plataforma IntegraSUS.
De acordo com Patrícia Santana, diretora de cuidados e saúde das nove UPAs geridas pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), a redução acontece devido às restrições e ao processo de imunização.
“Interessante, porque é justamente aquele período de incubação do vírus de cerca de 14 dias de réveillon e a gente não pode deixar de associar às festividades de fim de ano com o aumento de Covid duas semanas depois”, detalha.
A população tomou consciência, viu que as emergências estavam lotadas, os governantes tomaram medidas de restrição de acompanhantes e visitantes e esses números vieram a cair mesmo. Houve procura pela 3ª dose da vacina e a gente atribui a tudo isso Patrícia Santana Diretora de cuidados e saúde das UPAs geridas pelo ISGH
Os casos identificados como coronavírus tiveram redução ainda mais significativa entre as duas semanas: na primeira, foram 1.626 pacientes diagnosticados com Sars-CoV-2; na segunda, foram 612, cerca de 62% a menos.
Patrícia destaca que, além da menor demanda, há redução das mortes causadas pelo coronavírus. “Estamos com índice de mortalidade muito menor em relação à Covid, o que a gente atribui a vacina e a 3ª dose”, completa.
Entre os pacientes internados, grande parte não está com o ciclo vacinal completo, como acrescenta a diretora.
90% Dos pacientes mais graves, com necessidade de internamento, testaram positivo para a Covid-19. Entre os casos mais leves, a taxa ficou em torno de 60% nas UPAs geridas pela ISGH.
Possível novo aumento
A epidemiologista Caroline Gurgel, virologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), alerta que é preciso cuidado ao falar em redução de casos de Covid, já que o “real” pico da 3ª onda pode estar ainda a caminho.
“Não é um cenário seguro, até porque existe atraso de notificações. Nós acreditamos que o pico será entre março e abril. Mesmo que o indicador esteja caindo, não é pra gente relaxar e agir como se o vírus não estivesse por aí”, sentencia.
Caso a expectativa do aumento de transmissão aconteça, as UPAs podem ampliar a capacidade de atendimento. “Com essa perspectiva de aumento de casos daqui a dois meses, a tendência é manter o aumento de leitos e de funcionários”, explica Patrícia Santana.
A diretora de cuidados e saúde das UPAs cearenses coloca o histórico de dois anos de pandemia como uma preparação para o aumento rápido de casos. O aumento do quadro de funcionários e o monitoramento diário da ocupação de leitos permite definir estratégias.
“Esses números são monitorados diuturnamente e, qualquer mudança no cenário, nós já temos ações. Inclusive, duas UPAs estão com aumento da capacidade de leito”, frisa sobre a adequação feita nas unidades da Messejana e da Praia do Futuro com foco no atendimento de síndromes gripais.
Covid e influenza
As síndromes gripais tiveram crescimento progressivo entre os pacientes atendidos nas UPAs no dia 10 de dezembro. Em uma mesma unidade, a média de 250 atendimentos passou para 700, como observa Patrícia Santana.
“Essas casos passaram a diminuir em dezembro associado à influenza, mas aumentou em relação à Covid. O que a gente tem observado hoje é um atendimento bem misto de todos os diagnósticos”, destaca.
Os atendimentos no cenário atual estão em cerca de 300 pessoas e doenças associadas ao período chuvoso, como a gastroenterite, começam a surgir de forma discreta.
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