Por que a Rússia quer invadir a Ucrânia? Entenda motivações do conflito entre os países
Tensão entre os países vem em crescente nas últimas semanas e outras nações já ligaram alerta
A crescente tensão entre a Rússia e a Ucrânia despertou os olhares do mundo para o conflito entre os dois países. O principal ponto de disputa está na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), da qual a Rússia deseja que o Ocidente prometa que a Ucrânia não fará parte.
Diversos países já entraram na questão, justamente por conta do fato de que os desdobramentos da tensão podem colocar em risco a estrutura de segurança de toda a Europa.
Por que a Rússia quer invadir a Ucrânia?
Apesar do tema em alta nos últimos dias, a Rússia continua negando que esteja planejando uma invasão na Ucrânia. O estimado, até então, é que Moscou possui cerca de 100 mil soldados nas proximidades da fronteira entre os dois países.
Ainda em janeiro deste ano, Vladimir Putin, presidente russo, garantiu que tomaria “medidas retaliatórias tecno-militares apropriadas” caso as medidas do Ocidente continuassem fomentando a tese da invasão.
Conforme a agência Reuters, uma autoridade da presidência francesa declarou que, durante uma conversa com o presidente da França, Emmanuel Macron, realizada neste sábado (12), Putin não deu sinais de que tem intenção de invadir a Ucrânia.
Para o advogado e especialista em negócios internacionais, Vanilo de Carvalho, a posição atual do país russo é uma herança histórica de um passado de glória, além de uma forma de tentar barrar o que considera ser avanços de nações ocidentais.
“A gente encontra na Rússia uma certa nostalgia de um estado que foi, por muitos séculos, uma potência regional, e mesmo mundial, que exerceu muito poder. E a cada momento que ela se ver ameaçada pelo avanço da Otan, ela age.” Vanilo de Carvalho advogado e especialista em negócios internacionais
Tensão é antiga entre os países
Para entender o conflito é necessário saber que a Ucrânia faz fronteira com a Rússia e a União Europeia. O país do leste europeu é enxergado como o quintal russo pelo governo de Putin, pois possui grande população étnica russa e estreitos laços sociais e culturais com a Rússia.
Apesar de ambas já terem integrado a União Soviética, o conflito entre as nações é antigo. Em 2014, houve o estopim entre as duas. No período, os ucranianos derrubaram o governo, que era aliado do presidente russo, em resposta a Rússia anexou a península da Crimeia, localizada ao sul da Ucrânia, ao próprio território.
A atitude foi considerada ilegal tanto pela Ucrânia, quanto por diversos países ocidentais. No mesmo período, a Rússia respaldou rebeldes separatistas pró-Rússia que ocuparam grandes áreas ao leste do país ucraniano.
Rússia desconfia da Otan
A Otan não interveio diretamente na época da anexação da Crimeia, mas colocou tropas em vários países do leste europeu, pela primeira vez. Desde então, a aliança instalou grupos de batalha na Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia, além de uma brigada multinacional na Romênia.
A organização ainda ampliou a vigilância aérea nos países bálticos e no leste da Europa, com intenção de interceptar qualquer avião russo que ultrapasse a fronteira dos estados-membros. A Rússia exige que esse poder bélico seja retirado da região.
Apesar de, atualmente, a nação não fazer parte da Otan, a Ucrânia é um “país associado”, ou seja, pode ser aliar no futuro à organização. No entanto, a Rússia quer garantias, por parte das potências ocidentais, de que isso não acontecerá.
O presidente Putin acredita que os estados associados à aliança estão usando a possível anexação da Ucrânia como uma forma de cercar o país administrado por ele. O desejo do gestor é que a entidade encerre as atividades militares no leste da Europa, mas, conforme o especialista, isso não é tudo.
“O que a Rússia quer é não só uma rejeição da simpatia ucraniana com a Otan, mas uma adesão explícita da Ucrânia à eles”, explica.
Quais as chances de invasão?
Segundo o especialista, é comum haver conflitos e disputas em diferentes locais do mundo, em que nações fazem investidas contras as outras, em uma espécie de jogo de forças. No entanto, o que difere as atuais atitudes russas contra a Ucrânia dos demais casos é a ausência de recuo.
“Dessa vez, está indo além. O Putin mandou 100 mil homens [para a fronteira], e você consegue invadir qualquer lugar do mundo, não só com esse número de soldados, mas também com arsenal de guerra que eles [Rússia] têm. Então, exite uma escalada de incremento na tensão e não de recuo.” Vanilo de Carvalho advogado e especialista em negócios internacionais
“Enquanto não houver uma mudança na lógica que estar sendo construída, tanto pelo oriente quanto pelo ocidente, o passo final é a guerra“, completa o mestre em negócios internacionais.
Em caso de confronto, o jurista ainda cita os resultados instantâneos: “A primeira, pior e mais trágica consequência é morte de civis e de militares, depois destruição e fome.”
Entretanto, Vanilo de Carvalho diz acreditar que, caso se consolide a invasão, os russos não devem anexar o país ao território deles, e sim provocar um golpe de estado, destituindo o governo ucraniano atual, e o substituindo por um gestor “fantoche”, que fosse pró-Rússia.
Possíveis sanções aos avanços russos
O presidente americano, Joe Biden, advertiu, neste sábado, Vladimir Putin sobre os “custos severos” que a Rússia enfrentaria se invadisse a Ucrânia, ao fim de um dia de intensos esforços diplomáticos que não conseguiram diminuir as tensões em torno desta ex-república soviética.
Conforme a Casa Branca, na conversa por telefone com o presidente russo, Biden “deixou claro que se a Rússia empreender uma invasão, os Estados Unidos, juntamente com seus parceiros, responderão decisivamente e imporão custos rápidos e severos à Rússia“.
Na segunda-feira (7), o gestor norte-americano prometeu “encerrar” a polêmica construção do gasoduto russo para a Alemanha, o Nord Stream 2, se Moscou invadir a Ucrânia.
Biden falou com o chanceler alemão, Olaf Scholz, que recebeu na Casa Branca. Este último manteve-se mais moderado na posição e prometeu apenas estar unido ao presidente dos EUA.
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