Para PF, Temer recebeu R$ 31 mi em quadrilhão
Relatório da Polícia Federal sobre o “quadrilhão” do PMDB da Câmara concluiu que o presidente Michel Temer recebeu até R$ 31,5 milhões por desvios na Petrobras e na administração federal. Enviado ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF), o inquérito era aguardado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para finalizar segunda denúncia contra Temer.
Segundo o documento, parte de investigação que corre desde 2015, Temer tinha “poder de comando” sobre a organização criminosa e usava interlocutores para executar tarefas de seu interesse. São implicados ainda os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) e os ex-deputados Eduardo Cunha (RJ), Geddel Vieira Lima (BA) e Henrique Eduardo Alves (RN) – os três últimos presos.
Assinado pelos delegados Marlon Cajado e Cleyber Lopes, relatório aponta que Temer teria recebido vantagens por meio de R$ 10 milhões em doações da Odebrecht e R$ 20 milhões de contrato do grupo com a Petrobras. O peemedebista também teria sido beneficiado por pagamentos de R$ 1,5 milhão pela J&F ao deputado Rocha Loures e ao coronel João Batista Lima, amigos pessoais de Temer.
De acordo com a PF, há indícios de organização criminosa porque os investigados tinham poder sobre demais membros do grupo e a capacidade de repartir o dinheiro obtido por meio de práticas ilícitas como corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, fraude em licitação e evasão de divisas.
“Os elementos analisados nos autos demonstram que o presidente Michel Temer possui poder de decisão nas ações do grupo do ‘PMDB da Câmara’, tanto para indicações em cargos estratégicos quanto na articulação com empresários beneficiados nos esquemas, para recebimento de valores, sob justificativa de doações eleitorais”, diz a PF.
Ainda de acordo com a corporação, o presidente recorria sobretudo a Moreira, Padilha e Geddel para atuar em seu nome na organização. Ação usa dados da delação do doleiro Lúcio Funaro.Sinal amarelo Conclusão do inquérito acendeu sinal amarelo no Palácio do Planalto. Para auxiliares de Temer, ação deve turbinar uma segunda denúncia da PGR contra o presidente.
No momento em que o Planalto avaliava que as prisões do empresário Joesley Batista, do grupo J&F, e do executivo Ricardo Saud poderiam enfraquecer uma nova acusação contra Temer, o relatório da PF causou preocupação.O Planalto teme que Geddel, preso desde semana passada, acabe fazendo delação premiada e comprometa o presidente.
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