Odebrecht diz que Padilha negociou repasse
O empreiteiro Marcelo Odebrecht confirmou ontem ao ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral, que se reuniu com Michel Temer (PMDB) em 2014 para negociar repasses à campanha eleitoral que elegeu o peemedebista vice-presidente da República. Ele negou, porém, que tenha acertado valores no jantar.
Odebrecht, herdeiro e ex-presidente do grupo que leva seu sobrenome, informou que não houve um pedido direto pelo então vice-presidente da República para a doação de R$ 10 milhões ao PMDB. Segundo ele, tratativas para a doação foram feitas entre o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o executivo Cláudio Melo – e admite que parte dos pagamentos pode ter sido feita via caixa 2.
O depoimento foi realizado na tarde de ontem, na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), em Curitiba, e fez parte dos desdobramentos da ação impetrada pelo PSDB no Tribunal que pede a cassação da chapa Dilma-Temer por abuso de poder político e econômico.
O depoimento de Marcelo, preso em junho de 2015 na Operação Lava Jato, confronta com a delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, que garante que, no jantar para negociação do repasse, Marcelo teria definido o valor que s destinaria ao PMDB.
“No jantar, acredito que considerando a importância do PMDB e a condição de possuir o vice-presidente da República como presidente do referido partido político (PMDB), Marcelo Odebrecht definiu que seria feito pagamento no valor de R$ 10 milhões”, disse na delação o ex-executivo.
Desse total, cerca de R$ 4 milhões teriam sido repassados ao partido por meio do ministro Eliseu Padilha, um dos braços direitos de Temer.
A outra parte desse dinheiro teria sido entregue ao ex-assessor especial da Presidência e amigo de Temer, o advogado José Yunes, que pediu exoneração do governo no ano passado após seu nome aparecer em denúncias de irregularidades.
Diante do depoimento do empreiteiro, o Palácio do Planalto mudou a estratégia de defesa do presidente. Agora, o governo pretende colocar testemunhas de defesa em campo para protelar o processo de investigação da ação tucana no TSE.
O cientista político da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Paulo Baía, afirmou que o depoimento de Odebrecht abala o governo porque, pela primeira vez, coloca Temer na linha de frente das denúncias. “Essa movimentação da defesa de Temer não tira o abalo que (o depoimento) traz para o coração do Planalto porque ficam envolvidos diretamente Eliseu Padilha e Michel Temer”, diz.
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