MP denuncia dono de sucata como mandante de morte em Fortaleza; motorista de APP também foi vítima
O acusado foi preso quando compareceu para prestar depoimento
O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou mais duas pessoas pela morte de Charles Machado Fernandes, em Fortaleza. O dono de sucata Francisco Charles de Abreu Pessoa foi apontado como mandante da ação e Pedro Batista de Lima, o ‘Tio Pedro’, acusado de intermediar a execução.
Um policial militar, identificado como Handrie Fernandes, e Ítalo Jardel Farias Oliveira já foram denunciados anteriormente por também participar do ataque, que resultou na morte do motorista de aplicativo Max Bley Loureira Alves. O MP entendeu que Francisco e Pedro não tiveram responsabilidade sobre a morte de Max, que trabalhava conduzindo o próprio veículo e foi atingido durante a ação.
PM participou de morte de motorista de App a mando de um dono de sucata https://t.co/LKJV2tFlFz pic.twitter.com/lbQeuYLTer
— Diário do Nordeste (@diarioonline) October 18, 2022
Contra Francisco Charles havia mandado de prisão em aberto, cumprido nessa quarta-feira (27), quando o acusado compareceu para prestar depoimento. Ele permaneceu em silêncio. Já Pedro Batista permanece foragido.
As defesas deles não foram localizadas
‘LOCAL ERRADO E HORA ERRADA’
A vítima, Charles Machado, teria sido morta por supostamente ‘dar calotes’ em donos de sucatas. Uma terceira pessoa, que estava no mesmo carro do alvo da ação, foi baleado, mas sobreviveu.
Para o Ministério Público, “os indícios reunidos, especialmente os relacionados às características dos delitos (perpetrados por dois executores, ambos portando armas automáticas de alto potencial lesivo, que atiraram de fora do automóvel visado) demonstraram que a ordem de execução limitava-se: à vítima Charles Machado Fernandes, e a quem estivesse trafegando juntamente com ele no interior do automóvel visado. Não abrangia a execução de terceiros que estivessem trafegando em outros automóveis.
“Os indícios apontaram que a decisão de atirar contra a vítima Max Bley foi tomada pelos executores, no momento culminante da ação”
No local do crime, foram apreendidos projéteis de calibre .40 e 380, comprovando a utilização de duas armas de fogo. “Foram obtidas imagens de câmera de segurança e informações junto ao sistema Agilis pelas quais se verificou que a moto utilizada no crime era de propriedade do réu Handrie Fernandes, um policial militar, o qual foi localizado no dia seguinte aos fatos e com quem foi apreendido uma arma de fogo calibre .40, de propriedade da Polícia Militar do Estado do Ceará”.
Quando realizado exame de confrontação balística, constatou-se que dois projéteis apreendidos no local do crime partiram da arma apreendida.
DIÁLOGOS PARA COMBINAR O CRIME
O MP teve acesso aos diálogos entre ‘Tio Pedro’ e Ítalo Jardel, nos quais eles intermediam a ação criminosa. “Os dados telefônicos confirmaram que os crimes foram cometidos mediante paga e/ou promessa de recompensa, com produção de perigo comum e em circunstâncias que impossibilitaram as defesas das vítimas”, conforme a denúncia.
Quando preso, Ítalo Jardel confessou o crime às autoridades. Na versão de Ítalo, eles foram contratados para interceptar e matar o alvo que, supostamente, vinha ameaçando empresários.
De acordo com o PM, ele deixou a motocicleta para conserto, dias antes da ocorrência. Na versão do suspeito, ele prestava serviço particular em um supermercado, no dia e hora do crime. A história não foi comprovada.
No dia da ação, o militar chegou atrasado ao serviço particular e a moto só deu entrada na oficina horas após as mortes. A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) instaurou procedimento disciplinar contra Handrie.
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