Educação

Matrículas e mensalidades nas escolas de Fortaleza vão ficar mais caras em 2022

Aumento nas parcelas vem após ano atípico de pandemia. De acordo com o IPCA, a maior inflação está na faixa etária de pré-escola

Em 2022, a matrícula e a mensalidade das escolas de Fortaleza devem pesar mais no bolso dos pais. A inflação também está afetando o setor da educação, que sofreu impactos em razão da pandemia. 

A situação em Fortaleza é pior que na média do País. De acordo com dados do IPCA, em outubro, a inflação sobre educação acumulou variação de 11,78% em 12 meses na Capital cearense. O índice nacional acumula alta bem menor, de 3,22%. 

O aumento é maior ou menor a depender da faixa etária da criança. A pré-escola acumula alta de 28,97% em 12 meses em Fortaleza. Ensinos fundamental e médio têm variações de 18,99% e 18,35%, respectivamente. 

Após um ano atípico, em que muitas escolas não realizaram reajustes para evitar perda ainda maior de alunos, a conta chega para 2022. Pais ouvidos pela reportagem do Diário do Nordeste relatam aumento de até 25% na mensalidade e matrícula. 

A reportagem entrou diversas vezes em contato com o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Ceará (Sinepe) para um posicionamento de como será a política de reajustes no Estado, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.  

Mensalidade mais cara 

A psicóloga e empresária Roberta Costa, de 44 anos, conta que a família se surpreendeu quando foi realizar a matrícula de Letícia, de 9 anos. O valor que será cobrado a partir de março do ano que vem será 25% maior em relação a este ano. 

Segundo ela, não houve uma comunicação prévia da escola sobre o aumento; ele foi descoberto no momento da renovação da matrícula. Não havia tido reajuste em 2021 e não houve redução da mensalidade no período em que escola estava de portas fechadas e a filha no sistema de educação a distância (EaD). 

No próximo ano João, de 3 anos, começará também a estudar, e Roberta afirma que existe uma diferença visível de preços entre as faixas etárias.  

“O ensino infantil é mais caro que o fundamental. Quando a Letícia estudava [no infantil], à medida que ela avançava de série era mais barato. A escola do meu filho de 3 anos é quase o dobro da mensalidade da Letícia Roberta Costa Psicóloga e empresária

Preparação

O empresário Bruno Pessoa, de 33 anos, já está se preparando para o reajuste da creche em que estuda Bruno Filho, de 4 anos.

Legenda: A escola de Bruno Filho, de 4 anos, ainda não divulgou o reajuste para o próximo ano mas oferece desconto na matrícula para aliviar o bolso dos pais
Foto: Arquivo Pessoal

Ele afirma que ainda não sabe qual será o reajuste do ano que vem, mas a família já se prepara para cortar gastos e conseguir fazer com que a conta feche no orçamento. 

“Nós temos família no interior, todo final de semana vamos para a casa dos meus pais. Vamos ter que reduzir para 15 em 15 dias pelo menos. Vamos ter que reduzir o lazer para suprir um pouco o aumento não só da matrícula, mas geral”, planeja. 

Na busca de fidelizar alunos e evitar repassar todos os custos para os pais, escolas e creches estão oferecendo descontos na matrícula caso ela seja feita ainda neste ano.  

Na escola de Bruno Filho, há desconto de 50% para matrículas feitas até o dia 21 de dezembro – uma oportunidade que Bruno fará questão de aproveitar.  

Cuidado com os repasses 

Apesar dos prejuízos causados pela pandemia, algumas escolas tentam evitar repassar todos os custos para os pais. É o caso do Colégio Dom Felipe, no bairro Quintino Cunha, em Fortaleza. 

De acordo com o responsável financeiro da escola, David Aires, haverá um reajuste de 5% na mensalidade independente da faixa etária.  

“O reajuste a gente não seguiu nem a inflação por conta da condição mesmo dos pais. A gente tentou se adequar à realidade, que não passasse para ninguém. A gente preferiu enxugar os custos e não repassar toda a inflação David Aires responsável financeiro do Colégio Dom Felipe

A escola, que atende do infantil 1 até o 3º ano do ensino médio e tem cerca de 1.500 alunos também está concedendo desconto na matrícula para os pais que assinarem o contrato ainda neste ano. A campanha segue desde setembro, e acaba no fim de novembro.  

O reajuste ainda não foi definido na escola-creche Cata Alento, segundo a diretora da instituição, Virna Nogueira. A escola não cobra taxa de matrícula e reajustará apenas a mensalidade, mas não haverá descontos programados para os pais. 

Segundo ela, a creche não teve prejuízos causados pela pandemia e segue com programação normal. “O reajuste vai ser de acordo com as diretrizes do Procon e de acordo com os valores do mercado”, afirma. 

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Rosana Teofilo

Editora, Radialista profissional e presidente da Taperuaba 98,7 FM

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