Mais de 80 mil idosos estão aptos a receber a 4ª dose da vacina contra a Covid no Ceará
Secretaria da Saúde autoriza a aplicação onde há estoque de imunizantes, mas as cidades cearenses precisam agendar o público para a segunda dose de reforço
O processo de imunização contra a Covid ganhou uma nova etapa e, pelo menos, 80.341 idosos com 80 anos ou mais podem receber a 4ª dose da vacina, também chamada de segunda dose de reforço, no Ceará. Esse grupo recebeu três doses da proteção há quatro meses ou mais. Mesmo com disponibilidade de imunizantes, parte do público mais vulnerável está com esquema vacinal incompleto.
O grupo apto a receber a nova aplicação do imunizante corresponde a 41% de todas as pessoas nessa faixa etária vivendo no Ceará, que tem 195.691 idosos acima de 80 anos, conforme estimativa populacional de 2021. Os dados são da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).
É possível perceber pelos números que mais da metade dessa população não está com o cronograma vacinal em dia. E isso fica evidente em outro dado: mais de 123 mil idosos não receberam dose de reforço da vacina contra a Covid no Ceará.
Mas quem pode receber a 4ª dose da vacina contra a Covid? O Ministério da Saúde recomendou, na quarta-feira (23), essa aplicação para os idosos acima de 80 anos e com quatro meses de intervalo da 3ª dose, ou dose de reforço.
O Ministério orienta que seja usado o imunizante da Pfizer, mas também Janssen ou Astrazeneca, independentemente da vacina aplicada anteriormente. No Ceará, a Sesa autoriza o início da aplicação nas cidades que tiverem reserva de doses.
Não há estimativa revelada pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) para quando a 4ª dose estará disponível na Capital. “A aplicação da quarta dose em idosos, quando iniciada, será divulgada”, informou a Pasta à reportagem.
Paulo Magalhães, médico e mestre em saúde coletiva, defende a importância dessa etapa porque as vacinas elevam os anticorpos contra o coronavírus, mas de forma temporária. Isso significa que depois de um tempo, ainda analisado por cientistas, a proteção contra a Covid cai.
“Tanto pelo surgimento de novas variantes, que conseguem burlar o sistema imunológico, como pelo tempo, já que os anticorpos neutralizantes tendem a baixar”, reforça o especialista.
Com o envelhecimento, há diminuição das defesas naturais do corpo e isso coloca os idosos em situação mais delicada, como explica. “Essa população tem que receber primeiro a 4ª dose, porque eles têm uma perda do sistema imune natural”, destaca.
Covid faz mais vítimas entre idosos
Quanto maior a idade maior a vulnerabilidade para a Covid, como observado desde o início da pandemia. No Ceará, 26.708 morreram por causa da doença, sendo 7.650 vítimas acima de 80 anos, ou seja, 28.64% de todos os óbitos.
Os dados são com base nos registros até esse domingo (27), conforme atualização da Sesa. Confira as demais faixas etárias:
Paulo Magalhães contextualiza que o País alcançou um bom número absoluto de vacinas, mas ainda existem lacunas. Por exemplo, a vacina demora a chegar em algumas localidades e pessoas deixam de receber a 2ª ou 3ª dose.
“A variante Ômicron consegue, mesmo com três doses, infectar a população. Não aumentou o nível da gravidade da infecção, mas é mais transmissível e isso aumentou o número de casos”, acrescenta.
Por isso, a população precisa manter os esforços para reduzir a transmissão do coronavírus. O uso das máscaras, mesmo com a retirada da obrigatoriedade em espaços abertos, continua sendo um aliado.
“A vacinação, a máscara, o álcool em gel e o distanciamento ainda são fundamentais para toda população e, principalmente, para os imunossuprimidos e idosos, que em breve vão começar a tomar a 4ª dose”, destaca Paulo.
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