Líder de facção que vivia em mansão no Ceará, foi condenado a 15 anos
‘Leleco’ é apontado como fornecedor de drogas em uma região de Fortaleza e responde também a diversos homicídios
Apontado como líder de uma facção criminosa de origem carioca, no Ceará, Francisco Weskley Bento de Lima, o ‘Leleco’, de 32 anos, foi condenado pela Justiça Estadual a 15 anos e 7 meses de prisão, por uma série de crimes. A condenação ocorreu em um processo gerado pela prisão em flagrante do acusado, em uma casa de luxo no Porto das Dunas, em Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
A sentença foi proferida pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas, no dia 5 de abril deste ano, e publicada no Diário da Justiça Eletrônico (DJE) da última quinta-feira (12 de maio). ‘Leleco’ foi condenado pelos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas, posse ilegal de arma de fogo e receptação.
O colegiado de juízes manteve a prisão preventiva do acusado e determinou que a pena deve ser cumprida em regime inicialmente fechado. Os magistrados também decretaram que três veículos apreendidos com o réu devem ser confiscados e revertidos para o Fundo Nacional Antidroga (Funad).
‘Leleco’ foi preso pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), em agosto de 2020, em cumprimento a um mandado de prisão por um homicídio. Na mansão onde ele residia (que tinha até piscina), localizada na Avenida dos Oceanos, os policiais apreenderam uma pistola calibre 380, dois carregadores da arma, 33 munições intactas e uma pequena quantidade de maconha – material que motivou o auto de prisão em flagrante.
A decisão judicial afirma que as investigações apontaram que Francisco Weskley Bento de Lima é uma liderança da facção criminosa carioca na região do bairro Oitão Preto, em Fortaleza. “Inicialmente, vale ressaltar, o depoimento prestado em sede policial pelo acusado, o qual detalha de forma minuciosa a distribuição de drogas na comunidade acima mencionada, relatando que normalmente compra uma caixa correspondente a um quilo de cocaína, nos grupos de progresso a cada 15 dias, dividindo e separando os entorpecentes e só após entrega para distribuição na comunidade situada no bairro Moura Brasil, Fortaleza/CE”, detalha a sentença.
No processo, a defesa de Francisco Weskley pediu à Justiça pelo reconhecimento da ilegalidade das provas produzidas, ao entender que a entrada da Polícia na residência do acusado não se deu de forma legal. Mas o colegiado de juízes concluiu que houve necessidade da ação policial e que o suspeito permitiu o ingresso dos investigadores.
A defesa também solicitou que o crime de tráfico de drogas fosse desclassificado para uso de entorpecentes, aplicação do regime aberto e concessão do direito de recorrer em liberdade ao réu, o que também não foi atendido pela Justiça.
‘Leleco’ também responde por homicídios
De acordo com a Polícia Civil do Ceará, Francisco Weskley Bento de Lima responde a pelo menos dez inquéritos policiais no Ceará, sendo quatro por homicídios ocorridos entre os anos de 2016 e 2018. As outras investigações são por roubo, tráfico de drogas, associação para o tráfico, integrar organização criminosa, porte ilegal de arma de fogo, desacato e resistência.
Entre as vítimas de ‘Leleco’, segundo as investigações, estão um ex-aliado, que o devia R$ 1 milhão; e um segurança de uma festa, que o teria retirado do local após uma briga.
O chefe da facção carioca foi indiciado pela 4ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) pelo assassinato de Deimison Costa dos Santos, o ‘Tarta’, ocorrido no dia 26 de agosto de 2018. Conforme o Relatório Policial, suspeito, vítima e outro homem dividiam o comando do tráfico de drogas na comunidade do Oitão Preto, sendo ‘Leleco’ o responsável pela Rua da Saudade e ‘Tarta’, pela região conhecida como Pantanal.
R$ 1 milhão Mas os dois homens brigaram por conta de uma dívida de R$ 1 milhão, ‘Leleco’ jurou o aliado de morte e ‘Tarta’ teve que deixar a Comunidade. Ao voltar para o aniversário de um afilhado, foi executado. Testemunhas contaram duas versões à Polícia Civil sobre o motivo da dívida: seria por conta de uma compra de uma carga de drogas que viria do Paraguai ou devido à perda de uma carga roubada avaliada neste valor. O Ministério Público do Ceará (MPCE) devolveu os autos à delegacia para aprofundar a investigação, em fevereiro do ano corrente.
‘Leleco’ teria assumido o cargo de chefe do tráfico de drogas após a morte da ex-companheira Gabriela de Sousa Bonfim, a ‘Gabi’. O casal foi preso junto de uma tia da mulher, uma escrivã da Polícia Civil, por integrarem a quadrilha que fornecia drogas para as regiões da Aldeota e da Praia de Iracema, em uma operação do DHPP em junho de 2014. A policial era suspeita de repassar informações privilegiadas ao grupo criminoso.
Na ocasião, ‘Leleco’ foi detido em um apartamento na Avenida Beira Mar, na posse de joias, aparelhos celulares, computadores, R$ 14 mil em espécie e um pequeno laboratório do tráfico de drogas. A defesa do acusado alega que as interceptações telefônicas utilizadas na investigação foram ilegais e que os bens foram apreendidos sem mandado judicial.
Em outro processo, ‘Leleco’ e um comparsa viraram réus, em fevereiro deste ano, por matar a tiros o segurança Marcos Kelvim Oliveira de Queiroz e tentar matar outros dois profissionais, após serem expulsos de uma festa que ocorria em um hotel, no bairro Moura Brasil, no dia 20 de maio de 2018, por se envolverem em uma briga no local.
A defesa de Francisco Weskley rebateu, no processo, que o MPCE “passou a elaborar uma versão dos fatos que melhor lhe aprouvesse; ao passo que entendeu erroneamente por presumir a circunstância de o grupo expulso da festa pertencer à aludida facção criminosa, e que tal situação supostamente teria ensejado reação contra os seguranças”.
Comparsas de ‘Leleco’ são presos dois anos depois
Quase dois anos depois da prisão de ‘Leleco’, a Draco deu continuidade às investigações dos crimes cometidos por ele e prendeu quatro comparsas do chefe da facção carioca, em abril deste ano.
Em cumprimento a mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão em Fortaleza, Nova Russas, Crateús, Quixadá e no Estado de São Paulo, a Polícia prendeu Keylla Cristina Peres Martins, 32; Valteclack Peres Martins, 42; Everton da Silva Correia, 27; e Breno Carvalho Sena, 27.
“No curso das investigações, foi identificado que eles (presos) forneciam suas contas bancárias para movimentação de dinheiros obtidos de forma ilícita”, afirmou a PC-CE, em publicação.
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