Brasil

Imposto zero sobre o etanol não deve reduzir preços dos combustíveis, dizem especialistas

Governo Federal anunciou a redução nas tarifas de importação de diferentes produtos até o dia 31 de dezembro deste ano

O Governo Federal anunciou nesta semana que vai zerar o imposto de importação do etanol até 31 de dezembro deste ano na tentativa de frear a escalada de aumento nos preços dos combustíveis. Conforme o governo, o imposto é de 18% sobre o etanol que vem de fora dos países que integram o Mercosul.   

A medida, que entrou em vigor na última quarta-feira (23), inclui ainda a redução das alíquotas de seis itens da cesta básica, como o café, o óleo de soja e macarrão, e eletroeletrônicos, máquinas e equipamentos. Segundo o Ministério da Economia, o governo deverá deixar de arrecadar R$ 1 bilhão com as medidas até o fim do ano.

O secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz, apontou que o litro de gasolina deve reduzir em R$ 0,20, já que tem na composição 27% de álcool anidro. Com isso, a expectativa é que a redução da tarifa praticamente zere os efeitos do último aumento. 

Contudo, não é o que afirmam especialistas do setor, ouvidos pelo Diário do Nordeste, já que as variáveis externas também incidem sobre o preço dos combustíveis. No caso da gasolina, a cotação do dólar e o valor do barril de petróleo – atualmente, em mais de US$ 121 por causa da guerra na Ucrânia -, são os principais fatores que provocam a elevação.  

Medida inócua 

“A isenção da tarifa de importação para o etanol é avaliada nesse primeiro momento como inócua, são alternativas mais políticas, com o Brasil tentando buscar atenuar esses efeitos nas commodities da guerra na Ucrânia”, é o que explica o consultor da área de petróleo e gás, Bruno Iughetti.  

Por isso, segundo Iughetti, mesmo com a tarifa zerada, o cálculo indica que o produto importado ainda chegaria cerca de 10% a mais que o preço no mercado doméstico, logo, o etanol produzido no Brasil seria mais barato.  

A análise também é reforçada pelo economista Ricardo Coimbra, conselheiro do Corecon-CE (Conselho Regional de Economia). 

“O álcool que vem ao Brasil é o norte-americano, produzido a partir do milho, então mesmo com a redução, o deles continua muito caro. Não se torna tão competitivo, provavelmente essa medida não será significativa ou não terá efeitos”. Ricardo Coimbra economista

Outro fator ainda deve encarecer mais essa commodity, já que o conflito nos países europeus tem afetado a produção de milho.  

Etanol x gasolina 

Com o recente reajuste tanto do diesel quanto da gasolina, cresceu a procura dos consumidores para abastecer com etanol. No Brasil, a venda do combustível cresceu 20%, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). 

Porém, não é sempre que essa substituição vale a pena. Conforme Iughetti, para saber a melhor opção, o etanol precisa custar até 70% do preço da gasolina. “É uma conta simples que traz um resultado vantajoso para o consumidor”, diz.  

Para isso, basta dividir o preço do litro do etanol pelo da gasolina. Por exemplo, considerando a última pesquisa divulgada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) dos dias 13 a 19 deste mês, o valor da gasolina está, em média, R$ 7,64 e o do etanol, R$ 5,94.  

Fazendo os cálculos, tem-se a razão de 0,77, logo, compensa mais para o consumidor abastecer com a gasolina que com o etanol.  

Veja como fazer o cálculo: 

Preço do etanol / preço da gasolina = resultado 

  • Se for menor do que 0,7: melhor abastecer com etanol 
  • Se for maior a 0,7: melhor abastecer com gasolina 

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Marcio Sousa

Editor chefe, Radialista profissional e Diretor de Programação da Taperuaba 98,7 FM

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