Ceará

Greve Nacional da Educação: cerca de 500 professores aderiram aos protestos no Ceará

A greve teve foco a defesa de uma escola pública no País, além da convocação de 612 professores aprovados em um concurso público de 2018

Cerca de 500 profissionais da educação de mais de 20 municípios do Ceará deram uma pausa nas atividades pedagógicas na manhã desta quarta-feira, 26, para participar da Greve Nacional da Educação, realizada pelo Sindicato Apeoc em conjunto com outras entidades. A paralisação aconteceu em frente à sede da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), no bairro Dionísio Torres, e teve como foco a defesa de uma escola pública independente e valorizada, além da convocação de 612 professores aprovados em um concurso público de 2018.

Jéssica Barbosa, 26, é professora de geografia e um dos docentes que ainda não foram convocados, mesmo aprovados no concurso. Durante a espera pela nomeação, ela chegou a trabalhar na rede privada e como professora temporária na rede pública. “A gente tem um quantitativo muito grande de professores temporários, temos carências. Então, vagas têm e professores que passaram no concurso (também) têm. O que falta talvez seja uma falta de vontade política.”

Ela ainda acrescenta que “têm professores desempregados que estão em outras áreas, sendo que estão aptos para trabalhar no estado, mas não foram chamados. Muitos estão em outras áreas, como professores temporários ou na iniciativa privada.”

Segundo Reginaldo Pinheiro, vice-presidente do sindicato Apeoc, o objetivo da paralisação ia além da nomeação dos professores. Também foram abordados temas relacionados ao piso salarial da categoria, fim da taxação dos aposentados, garantia por novas fontes de recursos, etc.

“Nós vamos, junto aos deputados, colocar essas demandas […] justamente para pressionar o executivo nessas pautas ainda pendentes”, diz o sindicalista.

A revogação do Novo Ensino Médio (NEM), suspenso temporariamente desde o dia 5 de abril pelo ministro da educação, Camilo Santana (PT), foi um dos temas mais citados pelos cartazes e pelos representantes que discursavam no trio elétrico. “Nós queremos construir algo com os estudantes, com a sociedade e com os professores. Não é voltar ao que era antes, mas o que foi aprovado não está atendendo às expectativas da sociedade”, diz Reginaldo.

Francisco Jarir, professor de filosofia em duas escolas da rede estadual e membro da Apeoc, acredita que o novo modelo do ensino médio aumenta ainda mais o abismo entre a educação pública e privada no Brasil. “Nós acreditamos que isso (NEM) precariza e esvazia os conteúdos.”

Para ele, isso acontece porque as horas poderiam ser destinadas a disciplinas essenciais como matemática, português, história e geografia estão sendo retiradas para a aplicação da formação diversificada, que podem variar de escola para escola. “Muitos professores estão reclamando que, (por exemplo), ao invés de duas aulas de química, só tem uma. Eles tinham seis aulas de língua portuguesa, (agora) só tem três.”

As aulas das instituições que aderiram a paralisação foram interrompidas, mas serão repostas no futuro. “O sindicato comunicou o governo do estado do Ceará com bastante antecedência, informando da Greve Nacional. Para que não haja nenhum prejuízo aos estudantes, o sindicato e a categoria sempre se compromete a repor essa aula”, afirma Reginaldo.

Procurada pelo O POVO, a Secretaria da Educação do Ceará (Seduc) afirmou que “trabalha sempre aberta ao diálogo com o sindicato da categoria”. Órgão pontuou que o movimento que ocorreu hoje é nacional e frisou que “as negociações sobre a pauta da categoria no Ceará foram trabalhadas no primeiro trimestre de 2023, tendo como resultado a implantação do piso em toda a carreira, para ativos, inativos e temporários”.

Quanto a convocação dos professores que passaram no concurso em 2018, pasta frisou: “O Governo do Ceará convocou todos os aprovados no último concurso da Secretaria da Educação do Ceará (Seduc) para as 2.500 vagas ofertadas para provimento imediato (…) E já em 2023 convocou 800 professores do cadastro de reserva. Com isso, a convocação do último concurso chegou a 3.300 profissionais”.

CONFIRA NOTA DA SEDUC NA ÍNTEGRA: 

“O ato realizado nesta quarta-feira (26) é um movimento nacional. No que se refere às atribuições da gestão estadual, as negociações sobre a pauta da categoria no Ceará foram trabalhadas no primeiro trimestre de 2023, tendo como resultado a implantação do piso em toda a carreira, para ativos, inativos e temporários.

A partir da negociação deste ano, o Governo do Ceará e o sindicato da categoria anunciaram, no último dia 10 de abril, o reajuste de 14,95% para os professores da rede pública estadual.

Com a medida, o Governo do Ceará garante o piso nacional anunciado pelo Ministério da Educação. O pagamento será feito a partir de junho próximo.

O Governo do Ceará convocou todos os aprovados no último concurso da Secretaria da Educação do Ceará (Seduc) para as 2.500 vagas ofertadas para provimento imediato, de acordo com as orientações do edital que regulamentou o certame, e já em 2023 convocou 800 professores do cadastro de reserva. Com isso, a convocação do último concurso chegou a 3.300 profissionais.

A Seduc destaca que trabalha sempre aberta ao diálogo com o sindicato da categoria”.

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Marcio Sousa

Editor chefe, Radialista profissional e Diretor de Programação da Taperuaba 98,7 FM

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