Fiocruz e AstraZeneca assinam contrato para produzir insumo de vacina contra Covid-19 no Brasil
A assinatura do contrato com a farmacêutica já era esperada desde o ano passado, mas passou por atrasos nos últimos meses
Após atrasos, a Fiocruz assinou nesta terça-feira (1º) um contrato de transferência de tecnologia que permite a produção, no Brasil, do insumo farmacêutico ativo (IFA) usado na fabricação da vacina AstraZeneca/Oxford contra a Covid-19.
A assinatura do contrato com a farmacêutica já era esperada desde o ano passado, mas passou por atrasos nos últimos meses, chegando a ficar sem previsão de data.
O passo era necessário para que a instituição pudesse iniciar a fabricação do IFA nacional no Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (BioManguinhos).
A medida deve facilitar a produção da vacina no país. Nos últimos meses, atrasos no envio de insumos da China levaram a constantes revisões no cronograma de entrega de doses do imunizante.
Bolsonaro pede aplausos a Pazuello
O contrato foi assinado em cerimônia no Ministério da Saúde com a presença do presidente da República, Jair Bolsonaro.
Logo após a assinatura do contrato, ainda antes de ser chamado a falar, Bolsonaro pediu aplausos ao ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, cuja atuação na pasta é um dos pontos de análise da CPI da Covid por atrasos em negociações para compra de vacinas.
“Pediria também que aplaudissem o ex-ministro Pazuello, quando começou este contrato”, afirmou.
Em discurso, o presidente também fez acenos ao ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o qual também tem sido alvo de questionamentos na CPI pelo mesmo motivo.
“Vou fazer a devida ressalva e cumprimentar o antecessor do [ministro da Saúde, Marcelo] Queiroga, Eduardo Pazuello, e do Carlos França, Ernesto Araújo, que trabalharam muito nessa questão deste acordo que acabamos de assinar agora”, afirmou, dizendo que o país “brevemente” poderá “até estar exportando essa vacina”.
“O mundo todo só estará seguro depois que grande parte da população mundial estiver imunizada”, disse, afirmando em seguida que o Brasil “é um país responsável que tem um governo que se preocupa com a vida do próximo”.
Apesar de presente na mesa, a presidente da Fiocruz não foi chamada a falar no evento. O mesmo ocorreu com o presidente da AstraZeneca, Carlos Sanchez. A fala foi reservada apenas a Bolsonaro e Queiroga.
Produção deve iniciar em julho
Em nota, a Fiocruz diz que a produção deve se iniciar em junho. As instalações terão a capacidade de produção de IFA de cerca de 15 milhões de doses da vacina por mês.
“Trata-se de uma produção complexa, que incluirá uma série de etapas, passando pela produção inicial de dois lotes de pré-validação e três de validação, que passarão por testes de comparabilidade pela AstraZeneca, até alcançar a produção em larga escala“, disse a Fiocruz.
Previsão da entrega
Ainda de acordo com a instituição, a previsão é de que a entrega da vacina feita com insumo nacional ocorra a partir de outubro. Inicialmente, esse prazo era o início do segundo semestre.
A fundação afirma que ainda precisa protocolar na Anvisa um pedido para alterar o registro da vacina, incluindo o novo local de fabricação do IFA, condição necessária para entrega das doses ao Programa Nacional de Imunizações.
“O contrato de transferência tecnológica que celebramos permitirá avançarmos em relação à autossuficiência e soberania produtiva dessa vacina”, disse Queiroga, que definiu a medida como um “passo crucial na luta contra a pandemia”.
Oferta de mais 50 milhões de doses da vacina
No evento, o ministro disse ainda que a pasta assinou contrato para oferta de mais 50 milhões de doses da vacina da instituição, mas com doses produzidas com insumos da China. O montante já estava programado no cronograma de entregas, mas também não tinha contrato assinado.
Nesta segunda (31), a Fiocruz ultrapassou o Butantan como maior fornecedora de vacinas contra a Covid-19 no Brasil. São 47,6 milhões de doses disponibilizadas pela fundação, ante 47,2 milhões já enviadas pelo instituto paulista.
Considerando o que já foi aplicado na população, porém, a Coronavac ainda é maioria: 63%, contra 35% da AstraZeneca e 2% da Pfizer.
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