Entenda como facção cearense utilizava médicos e advogado para lavagem de dinheiro na Bolívia
A organização criminosa movimentou ao menos R$ 33 milhões em 41 contas bancárias, que foram bloqueadas pela Justiça
A deflagração da Operação Extramuros, pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Ceará (Ficco), revelou que uma facção criminosa cearense criada em 2021 – a partir da dissidência de uma facção carioca – tinha tentáculos em outros estados do Brasil e até na Bolívia, para realizar a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. A organização criminosa movimentou ao menos R$ 33 milhões em 41 contas bancárias, que foram bloqueadas pela Justiça.
Nove suspeitos de participar da lavagem de dinheiro da facção foram presos, na Operação. Entre eles, estão dois médicos, detidos nos municípios de Garça (São Paulo) e Novo Itacolomi (Paraná), na última segunda-feira (8).
Segundo o delegado da Polícia Civil do Ceará (PCCE) cedido à Ficco, Paulo Renato, os médicos brasileiros “são formados na Bolívia. Estavam exercendo a função legalmente no Interior de São Paulo e Paraná, mas enquanto moravam na Bolívia emprestaram os nomes e as contas bancárias para esse esquema de lavagem de dinheiro”.
Os médicos repassavam o dinheiro enviado pela facção cearense para traficantes bolivianos, em troca de um pagamento. Um advogado preso em Várzea Grande (Mato Grosso), na Operação Extramuros, também participava do esquema criminoso, ao receber dinheiro enviado para traficantes na fronteira entre o Brasil e a Bolívia.
A investigação policial contra a lavagem de dinheiro da facção cearense se iniciou em 2022 e desencadeou na Operação deflagrada para cumprir 13 mandados de prisão e 44 mandados de busca e apreensão, no Ceará, Maranhão, Pará, Acre, Mato Grosso, São Paulo e Paraná. As ordens judiciais foram cumpridas entre sexta-feira (5) e a última terça (9).
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suspeitos são investigados no Inquérito Policial, por crimes como organização criminosa armada, associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e falsidade documental. Alguns alvos da Operação também foram autuados por tráfico de drogas, ao serem encontrados com pequenas quantidades de entorpecente. Entretanto, a investigação não atacou diretamente o braço do tráfico da facção.
CHEFE DE FACÇÃO IA SOLICITAR PASSAPORTE À PF
Uma das primeiras prisões da Operação Extramuros foi a detenção de um homem de 36 anos, apontado como um dos principais chefes e idealizadores da facção cearense. Ele foi capturado em um shopping do bairro Edson Queiroz, em Fortaleza, na última sexta (5), quando ia à Polícia Federal para solicitar a emissão de passaporte.
O delegado Paulo Renato afirmou que o homem já tinha passagem pela Polícia por tráfico de drogas, mas vivia sem conhecimento que era alvo de um mandado de prisão recentemente expedido pela Justiça. O suspeito morava em um condomínio de alto padrão, no Eusébio, onde, no mesmo dia da prisão, foram apreendidos dois veículos de luxo.
A Ficco também prendeu um homem de 34 anos que era o principal “laranja” do chefe da facção. O suspeito emprestava o nome para o outro homem utilizar na compra de bens e outras transações, em troca de um pagamento.
Outro automóvel pertencente ao grupo criminoso também foi apreendido na Operação, no bairro Edson Queiroz, em Fortaleza, na última segunda-feira (8).
A Ficco é composta por Polícia Federal (PF), Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS-CE), Polícia Militar do Ceará (PMCE), Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Secretaria Nacional de Políticas Penais (SENAPPEN), Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) e Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização do Estado do Ceará (SAP).
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