Entenda a disputa eleitoral no Ceará após PDT definir Roberto Cláudio como pré-candidato
O cenário aos poucos vai se desenhando para as eleições de outubro
Após escolher o ex-prefeito Roberto Cláudio para concorrer ao Governo do Estado, o PDT terá como foco reestruturar a unidade do grupo para a disputa eleitoral. Além de manter aliados como PSD e PSB, o grupo pedetista terá a missão de atrair o ex-governador Camilo Santana (PT) que atuou como principal articulador da releeição da governadora Izolda Cela (PDT).
“A primeira tarefa nossa agora é celebrar e construir nossa unidade interna, depois disso procurar também, humildemente, todos os nossos aliados que compõem a nossa aliança hoje, procurar o ex-governador Camilo Santana, procurar todo mundo para conversar e manter a aliança o mais ampla possível”, disse o ex-prefeito de Fortaleza logo depois que deixou a sede do PDT.
O que dificulta essa aproximação com o ex-governador é a resistência do PT à pré-candidatura do pedetista. O Partido dos Trabalhadores já anunciou, inclusive, que se reunirá com PV, PCdoB, PP e MDB nesta terça-feira (19) para definir os rumos do grupo.
A expectativa de que essa frente partidária se mantenha aliada ao PDT é quase nula, segundo declarações dadas pelos próprios dirigentes nos últimos meses.
Ainda em abril deste ano, o deputado federal José Guimarães (PT) já havia externado a preferência do partido. “Não estamos impondo nada, mas nossa preferência é por Izolda Cela”, escreveu nas redes sociais.
Logo depois que o PDT anunciou o nome de Roberto Cláudio como pré-candidato, a ex-prefeita Luizianne Lins (PT) declarou que “foi uma demonstração clara de que o PDT não queria o apoio do PT“.
Em maio, o deputado estadual Zezinho Albuquerque (PP) pediu apoio à reeleição da governadora.
“Comecei a ver como seria a gestão Izolda. Fui observando, andando no Interior e conversando. (…) Esse projeto tem que continuar. Tem correções a serem feitas? Tem, mas é bom que tenham correções, ninguém é perfeito”, declarou.
Adversário de Roberto Cláudio, o ex-senador Eunício Oliveira (MDB) já deixou claro que não apoiaria o nome do pedetista para a eleição ao Palácio do Abolição.
Indicado como pré-candidato ao Governo do Estado desde o ano passado, Capitão Wagner (UB) tem viajado o Ceará para tentar reunir lideranças regionais em apoio ao grupo liderado por ele no União Brasil.
Os partidos Solidariedade, Avante, PTB e Pros já anunciaram que estarão no palanque de oposição à direita na campanha eleitoral. Wagner ainda mantém conversas com PP, MDB e PSD em busca de pactuação.
O principal foco, no entanto, é o PL, do presidente Jair Bolsonaro. Neste domingo (17), o presidente estadual da sigla, Acilon Gonçalves, condicionou o apoio da legenda ao pré-candidato caso o deputado reforce a campanha à reeleição presidencial.
“Sempre me posicionei em defesa da candidatura própria e ainda estou a defendê-la. Porém, sempre coloquei que a executiva nacional do PL e o presidente Bolsonaro hoje, e hoje mais do que ontem, tem uma tendência de que o PL apoie o Capitão”, ressaltou Acilon.
O deputado estadual André Fernandes (PL), um dos parlamentres próximos do presidente Bolsonaro, disse que aguarda uma decisão do PL sobre o assunto.
“Independente da decisão que o PL tomar, tem que ser rápido. Eu vou seguir meus dois presidentes: Jair Bolsonaro e Acilon Gonçalves”, disse o parlamentar.
O vereador de Fortaleza Carmelo Neto (PL), por sua vez, disse que a fala de Bolsonaro reflete a vontade do presidente e da maioria de seus apoiadores no Ceará, que é de apoiar Capitão para o governo”.
Candidatura própria do PT?
De acordo com o deputado federal José Guimarães, os próximos passos, a partir da escolha do PDT, será reunir partidos aliados para discutir o futuro.
No PT, a tese da candidatura própria ganha força, já que a possibilidade já era ventilada internamente a partir desse cenário com Roberto Cláudio protagonizando a chapa governista.
“Nós vamos conversar com o MDB, do Eunício, com o PP, do Zezinho Albuquerque, com o PV, com o PCdoB, amanhã à noite (terça-feira, 19). Com calma, cabeça fria, coração quente, para buscarmos o nossos caminhos no Ceará e o nosso palanque”, disse o dirigente.
A deputada federal Luizianne Lins também disse esperar que o partido lance candidatura própria.
“Em boa parte que se manifestou do PT tinha muita clareza de que sendo o nome o Roberto Cláudio o PT ia buscar um espaço próprio e acredito que assim seja”, disse a parlamentar.
Nomes como José Airton, Luizianne Lins, Fernando Santana e José Guimarães chegaram a ser ventilados para a empreitada. Pesquisas qualitativas e quantitativas foram contratadas pela legenda.
Oposição à esquerda
O Psol lançou a pré-candidatura de Adelita Monteiro ao Palácio do Abolição. O partido no Ceará fará palanque para o ex-presidente Lula na campanha presidencial.
No dia 12 deste mês, a pré-candidata se reuniu com o ex-governador Camilo Santana para discutir “o cenário político no Ceará e no Brasil”.
Estive reunido ontem com a pré-candidata ao Governo do Estado pelo PSOL, @AdelitaMonteiro. Conversamos sobre o cenário político no Ceará e no Brasil. O diálogo, com respeito e transparência, é sempre muito importante. pic.twitter.com/LsOutQkEHy
— Camilo Santana (@CamiloSantanaCE) July 12, 2022
Ainda no campo da esquerda, o partido Unidade Popular lançou o nome de Serley Leal para disputar o governo. O partido faz oposição à esquerda ao grupo hoje liderado pelos irmãos Ferreira Gomes.
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