Delegado que agrediu mulher e desacatou PMs após briga de trânsito em Aurora é solto pela Justiça

O servidor público perseguiu pessoas em via pública, fez ameaças e foi flagrado batendo em uma pessoa em novembro do ano passado

O delegado Paulo Hernesto Pereira Tavares, preso por agredir uma mulher em novembro do ano passado após uma briga de trânsito em Aurora, no Interior do Ceará, foi solto pela Justiça nesta terça-feira (2). A decisão se deu, pois o Poder Judiciário não acredita mais que ele possa interferir o processo criminal, que entrou em fase de alegações finais. 

Hernesto foi solto um dia após o fim da audiência de instrução criminal realizada pela Comarca de Aurora, onde tanto ele quanto testemunhas foram ouvidas em juízo. O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) se mostrou favorável à soltura, assim como a defesa. Os advogados, inclusive, tentaram alegar insanidade mental durante audiência, mas pedido foi indeferido. 

“O Juízo acolheu o pedido da defesa e do MP e revogou a prisão preventiva do acusado Paulo Hernesto Pereira Tavares, considerando, em síntese, que os motivos que outrora legitimaram a prisão não mais subsistem na presente quadra temporal, ante a conclusão da instrução criminal do processo sub judice”, diz documento judicial desta terça. 

Ele estava preso desde o dia 24 de novembro passado, por manipular testemunhas e atrapalhar a investigação. A primeira prisão ocorreu em flagrante, no dia 12, por embriaguez ao volante e horas depois foi solto, mas ainda no mesmo dia o órgão ministerial representou pela prisão preventiva por conta da gravidade dos fatos, e a Justiça acatou. 

No entanto, no dia 13, ele foi solto novamente em audiência de custódia. Ele ficou em liberdade até começar a descumprir uma série de medidas cautelares e tentar realizar interferência no inquérito. 

DENUNCIADO POR SETE CRIMES

Em janeiro deste ano, Paulo Hernesto foi denunciado pelo MPCE por sete crimes: 

• Embriaguez ao volante 
• Lesão corporal leve contra 3 pessoas
• Resistência à prisão 
• Calúnia contra funcionário público 
• Ameaça
• Desacato de funcionária pública
• Induzir falso testemunho 

RELEMBRE O CASO

O delegado afastado fez diversas vítimas. Pelo menos três pessoas foram perseguidas por ele via pública e ameaçadas em suas integridades física e psicológicas. 

Ele dirigiu alcoolizado e perseguiu um adolescente, quando perdeu o controle do seu veículo e se envolveu em um acidente, em Aurora. Quando desceu do carro, iniciou-se uma confusão generalizada. Vídeos que circularam pelas redes sociais mostram o delegado agredir uma mulher com um tapa no rosto. 

Ao ser abordado pelos policiais militares, o réu resistiu e desacatou os agentes de segurança. Outras três pessoas afirmaram à Polícia Civil que também foram vítimas das ações do delegado. 

Um homem, que tentou intervir na confusão, contou que foi ameaçado e ofendido verbalmente por Paulo Hernesto, que teria dito que “o encontraria onde ele estivesse”. Outro homem relatou que também foi agredido com um tapa por Paulo Hernesto. 

Enquanto um advogado, que chegou à delegacia para acompanhar as vítimas da ocorrência policial, narrou que chamado de “advogado de bandido” e ameaçado. “O conduzido questionava o declarante se este já tinha andado de viatura, tendo o declarante respondido negativamente e o conduzido afirmou ‘na próxima semana, você vai andar em um passeio conturbado'”, descreveu o Relatório Final.

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