Com queda de 38%, UPAs de Fortaleza têm média de 353 atendimentos diários pela Covid
UPA do José Walter (1.246), a UPA da Praia do Futuro (1.225) e a UPA do Jangurussu (1.118) atendimentos
Com o avanço das melhorias do quadro pandêmico no Estado, Fortaleza conta com diminuição de 38,07% no índice de assistências diárias ocasionadas pela Covid-19 nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) durante o mês de julho, até o dia 28, em relação ao mês anterior. Atualmente, ocorrem em média 353 atendimentos por dia nos locais. Em junho, este número era de 570.
Os dados do IntegraSUS, portal de transparência da Secretaria da Saúde (Sesa), captados às 14h da quarta-feira (28), indicam ainda que estas unidades de saúde contaram com um total de 10.739 atendimentos por síndromes gripais em julho. Destes, 9.900 foram decorrentes do coronavírus, o equivalente a aproximadamente 92,18%.
Atualmente, segundo Patrícia Santana, médica emergencista e diretora de Cuidado e Saúde das UPAs geridas pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), a maior parte dos atendimentos tem sido por outros diagnósticos que não a Covid-19. Segundo ela, o percentual de pacientes infectados pelo coronavírus ou com outros sintomas de síndrome gripal não ultrapassa 20%.
“Dessas síndromes gripais, a maioria [dos pacientes] vai de alta pra casa. Alguns ainda ficam, quando é indicado internação, mas tem sido muito pouco“, relata a gestora, pontuando que os que permanecem em observação nas unidades não chegam a 10% do total de atendidos.
A tendência, ainda de acordo com Santana, é de que, devido ao avanço da vacinação, os atendimentos por Covid-19 continuem caindo, ao passo que os atendimentos por outras patologias voltem a se sobrepor.
Nesse mês, os locais que mais prestaram atendimentos para a Sars-Cov-2 foram a UPA do José Walter, com 1.246 auxílios; UPA da Praia do Futuro (1.225); UPA do Jangurussu (1.118); UPA da Messejana (882); UPA do Canindezinho (863); UPA do Autran Nunes (852); UPA do Cristo Redentor (833); UPA do Vila Velha (762); UPA do Conjunto Ceará (662); UPA do Itaperi (583); UPA do Bom Jardim (481); e UPA do Edson Queiroz (393).
Além disso, durante o ano de 2021, as médias de atendimentos pela Covid-19 têm caído, gradativamente, desde abril (780) nas UPAs da capital. Maio contou com 748 assistências. Já março dispôs de 754; fevereiro de 828 e janeiro de 486.
Uma das pessoas que buscou o serviço da UPA da Praia do Futuro, nos últimos meses, foi o agente de viagens e turismo Antônio José, 61 anos, que foi diagnosticado com o coronavírus em abril, recebendo atendimento na unidade. “Fomos sempre bem atendidos lá, graças a Deus eu não tenho o que reclamar”.
No entanto, por conta de sequelas da doença, Antônio se direcionou novamente ao local no final do mês de junho, queixando-se de dores nos calcanhares. “Doía muito devido às muitas câimbras que eu tive, mas a médica disse que era normal aquilo”.
“Por incrível que pareça, quando eu cheguei lá na UPA, eu fiquei até surpreso. Dessa última vez, se tinha dez pessoas aguardando atendimento, tinha muito. E eu acho que a maioria ali nem era negócio de Covid-19, diferente da primeira vez, em abril, que era o pessoal tudo tossindo, uma coisa horrorosa” Antônio José Paciente UPA
De acordo com o infectologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ivo Castelo Branco, a atenuação dos casos deu-se, possivelmente, por conta do avanço da vacinação e dos cuidados de prevenção no Ceará.
“Está havendo uma tendência de circulação viral menor que, apesar de ainda estar alta, com certeza diminuiu. Acho que tem a ver com a vacinação e com o controle mesmo, porque na Covid-19 você tem que prevenir… higienizar com água e sabão, evitar aglomeração, usar máscaras, etc. É o que tem que ser feito” Ivo Castelo Branco Infectologista e professor da UFC
Castelo Branco destaca ainda que há o risco das novas cepas do vírus chegarem à região, como a variante Delta, e, caso as pessoas não estejam suficientemente vacinadas ou não estejam fazendo as medidas de contenção, as infecções tendem a aumentar novamente.
“A gente tem visto que, mesmo vacinados, na hora que existe uma queda dessas medidas individuais, se vê o aumento de casos. Então algumas populações têm que continuar tendo o devido monitoramento para que se detecte precocemente os pequenos surtos [que podem ocorrer] e se tomem as providências necessárias”, explica o médico.
“Além disso, o docente da UFC reitera que, após as pessoas tomarem a segunda dose dos imunizantes – exceto o de dose única -, todas as vacinas vão ser equivalentes. “Qualquer uma delas mostra uma diminuição de mais de 85% de internações e quase 100% de complicações”.
No entanto, para que isso seja atingido, é necessário que haja uma grande parcela da sociedade com o esquema vacinal completo. “Ainda não temos 15% de pessoas vacinadas com a segunda dose, né? Nós temos que ter perto dos 70% para melhorar e nós estamos longe disso ainda”.
“A vacina não previne que se contraia o vírus, mas, uma vez contraído, o vírus terá consequências não tão ruins para a pessoa que tá infectada. Então tem que continuar investindo na vacinação e no monitoramento dos casos suspeitos, detectando precocemente [o vírus]”, prossegue o especialista.
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