Ceará

Cinturão Digital cresce 200% em 2020 e movimenta R$ 1 bi no Ceará

Infraestrutura de fibra ótica alcançou a maior média de tráfego de dados da história entre janeiro e julho,, segundo dados da Etice, a partir do consumo aumentado pela pandemia e da chegada em todas cidades do Estado

Responsável pela conexão de internet fixa de quase metade dos cearenses, o Cinturão Digital do Ceará (CDC) se consolidou nos últimos anos como indutor da economia a partir da geração de negócios no Estado, ao somar 14 mil quilômetros de fibra ótica conectando todos os 184 municípios, mais de 500 pequenas provedoras de internet gerando mais de 4 mil empregos, e movimentar, anualmente, R$ 1 bilhão.

“Se compararmos dentro da estrutura do Cinturão Digital 2019 para 2020, de janeiro a julho, teremos um crescimento de 200%”, revela Adalberto Pessoa, presidente da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice) – responsável pela administração do equipamento na esfera pública.

Números que não retraíram devido à pandemia. Ao contrário. O isolamento social que forçou as pessoas a ficarem mais tempo em casa também impulsionou o tráfego de dados pelo CDC como nunca tinha acontecido antes, segundo ressalta o presidente da Etice.

Foram cerca de 4 hexabytes transmitidos pelos 14,5 mil km de fibra ótica, o que representa a transmissão de aproximadamente 4 milhões de filmes em plataformas de streaming – considerando cada um deles com 1 gigabyte de tamanho. A velocidade também bateu recorde, chegando a 1,2 Terabit por segundo.

Efeito na economia

A manutenção do serviço, como aponta o presidente da Etice, apoiou negócios que tiveram o funcionamento online garantido nos meses de lockdown, além de permitir que mais empresas entrassem para o comércio eletrônico.

“Se nós não tivéssemos essa estrutura na pandemia, as competências relacionadas a serviços públicos, o entretenimento e o e-commerce seriam comprometidos, e nós estaríamos enfrentando um problema muito maior”, avaliou Adalberto Pessoa.

A infraestrutura do Cinturão Digital, além de servir ao consumidor de internet banda larga, ainda sustenta conexões de escolas, postos de saúde e delegacias, sendo responsável pelo programa de monitoramento do governo cearense. Já a parte comercial, a partir do consórcio, gera cerca de R$ 100 milhões em impostos anualmente.

Para dar conta de todo esse tráfego e manter a velocidade da conexão, são empregadas mais de 4 mil pessoas diretamente, no Estado, a partir do consórcio BMW, formado pelas empresas de telecomunicação cearenses Brisanet, Mob Telecom e Wirelink.

As três foram as vencedoras de um leilão, em 2015, para operar um par de fibras óticas do Cinturão Digital no Estado e, conforme contabiliza a Etice, terceirizam a infraestrutura para mais de 500 pequenos provedores de internet também cearenses.

O modelo de negócio, trazendo a conexão de fibra para o varejo de telecomunicações, é que tem garantido o aumento das conexões no Estado.

De janeiro a junho deste ano, o número de acessos na banda larga fica do Ceará saltou de 965 mil para mais de 1 milhão.

Expansão

Somadas, as pequenas provedoras de internet do Estado dominam o mercado local, segundo o último levantamento da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Encabeçadas pela Brisanet (21,5% de market share), que lidera o consórcio do Cinturão, as pequenas juntas detém 44,7% do total de acessos à banda larga fixa no Ceará.

O percentual desbanca gigantes do mercado internacional como a Claro/NET (7,2%) e a Vivo (10,5%), além da Oi (12%), que até há alguns anos dominava o setor no Estado.

A expansão da fibra, após atingir todas as cidades cearenses e garantir a conexão a 3 mil pontos de unidades administrativas das áreas de Saúde, Educação e Segurança do Estado, vai se dar na chamada segunda milha, segundo explica o presidente da Etice.

“Devemos crescer nesta estrutura de redundância, na conexão entre pontos da estrutura já existente, fazendo com que um outro caminho seja criado e aumentando a disponibilidade”, detalha, apontando que esta etapa é feita principalmente pelos mais de 500 pequenos provedores que terceirizam a fibra.

Na maioria das vezes, o usuário final sequer tem conhecimento que utiliza a fibra do CDC, porém, se a provedora de internet tiver sede no próprio município de residência do cliente e uma quantidade pequenas de funcionários, é quase certeza que o negócio seja mais um a terceirizar a fibra ótica do Cinturão Digital.

MB mais barato

O surgimento em massa de empresas assim também explica outro fator positivo trazido pelo Cinturão Digital: o barateamento do preço do megabyte (MB). Dados da Etice apontam que o custo médio de 1 MB custava cerca de R$ 200 em 2014. Após a expansão feita pelo consórcio a partir da terceirização da fibra, o mesmo 1 MB consumido no Ceará está em média R$ 7.

“Como nós temos muita oferta, a lei da economia age, e acaba fazendo com que o preço caia”, observa Adalberto, que cita ainda o preço do MB no Piauí, de R$ 90, para mostrar o quão competitivo o Estado do Ceará está no mercado de telecomunicações.

Mais tecnologia

Outro avanço apontado por ele diz respeito às chamadas cidades inteligentes, cuja qualidade é medida a partir do grau de conectividade. Ainda em 2018, a Anatel fez uma investigação sobre quais municípios tinham fibra e poderiam se enquadrar nos projetos de smartcity.

“O Estado do Ceará possui, segundo esse levantamento, 42 cidades consideradas “fibradas” e prontas para projetos de smartcities. Só para ter ideia da representatividade, toda a região Sudeste só possuía 39 cidades”, ressalta.

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Marcio Sousa

Editor chefe, Radialista profissional e Diretor de Programação da Taperuaba 98,7 FM

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