Chefe de facção carioca que morava no CE e enviava drogas para a Europa é condenado à prisão
Polícia Civil apontou que ‘Chocolate’ comandava uma rede de tráfico internacional de drogas, que exportava drogas ‘puras’ da Bolívia e do Paraguai para o continente europeu
Rodrigo Lupércio Sebastião, o ‘Chocolate’, preso no Ceará, em abril de 2022, por suspeita de chefiar uma facção criminosa carioca e de comandar uma rede de tráfico internacional de drogas, foi condenado a 20 anos e 3 meses de prisão, pela Justiça Estadual. Já a sua esposa, Caroline Carvalho Vieira Marques, foi sentenciada a 3 anos de reclusão. O casal também perdeu bens de alto padrão a favor do Estado, como um apartamento na praia, veículos de luxo e joias de ouro, por decisão judicial.
A sentença da Vara de Delitos de Organizações Criminosas, proferida no último dia 19 de setembro, resume que Rodrigo Lupércio “é membro da facção criminosa Comando Vermelho, instalou-se no Ceará e está envolvido, por meio de empresas de fachada, na lavagem de capitais provenientes de ilícitos da referida organização criminosa. Além disso, o suspeito é agente ativo no tráfico de drogas interestadual, conforme captações telemáticas obtidas pela autoridade policial”.
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‘Chocolate’ foi condenado pelos crimes de integrar organização criminosa (com uma pena de 9 anos e 7 meses de reclusão), tráfico de drogas (6 anos e 8 meses de reclusão), falsidade ideológica (1 ano de reclusão) e lavagem de dinheiro (3 anos de reclusão). O que totalizou uma pena total de 20 anos e 3 meses de reclusão, a serem cumpridos em regime inicial fechado, sem direito de apelar em liberdade.
O colegiado de juízes que atua na Vara expediu mandado de prisão preventiva para cumprimento de decisão condenatória contra o réu, para “garantir a ordem pública, uma vez que, como demonstrado na sentença, há intensa gravidade nas suas condutas e a manutenção de sua custódia faz-se imprescindível para desestruturar a organização criminosa da qual faz parte, evitando a arregimentação de novos membros”.
Já Caroline foi condenada apenas pelo crime de lavagem de dinheiro, com uma pena de 3 anos de reclusão. Os magistrados consideraram que a ré era primária, para conceder a ela o direito de recorrer em liberdade e expedir alvará de soltura que relaxou a prisão domiciliar que a mesma cumpria.
A defesa de Rodrigo Lupércio Sebastião não foi localizada pela reportagem para comentar a decisão judicial. Já a defesa de Caroline Carvalho Vieira Marques informou apenas que irá recorrer da decisão, no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE).
Envio de drogas ‘puras’ da Bolívia e do Paraguai para a Europa
A Delegacia de Combate aos Crimes de Lavagem de Dinheiro, da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), apurou que o paranaense Rodrigo Lupércio Sebastião, o ‘Chocolate’, de 46 anos, comercializava drogas com alto teor de pureza, provenientes de países como a Bolívia e o Paraguai e que tinham como principal destino a Europa. Ele e a esposa foram presos em um condomínio de luxo, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), na posse de três veículos – avaliados em cerca de R$ 1,4 milhão – e joias de ouro.
Rodrigo Lupércio seria um dos coordenadores do envio de cocaína e haxixe (espécie de maconha mais concentrada) para outros continentes, conforme a investigação. “A gente percebe, pelo que apurou até aqui, que a droga que ele comercializa ainda é destinada a um processo de desdobramento, pelo nível de pureza. A aparência dela é até densa, pegajosa”, afirmou o delegado Ismael Araújo ao Diário do Nordeste, na época da prisão.
Através da análise de conversas de ‘Chocolate’ com outros criminosos, nas redes sociais, autorizada pela Justiça Estadual, a Polícia descobriu que o paranaense atuava na facção carioca como avaliador da qualidade das drogas que seriam vendidas – o que ele fazia a partir de fotografias – e também como negociador de armas, como fuzil e granada.
Em um dos episódios descobertos pela PC-CE, ‘Chocolate’ se deslocou ao Estado do Pará para enviar 320 kg de cocaína escondidos em uma carga de açaí para Portugal. A negociação foi tramada antes da prisão do suspeito no Ceará, mas o entorpecente chegou à Europa e foi apreendido somente dois meses depois.
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