Chacina em mansão no Porto das Dunas segue em fase de inquérito após quatro anos, segundo TJCE
Já a Polícia Civil do Ceará informa que o inquérito foi concluído e remetido à Justiça com duas pessoas indiciadas
Por mais tempo que passe, há casos emblemáticos da Segurança Pública do Ceará que permanecem sem solução. Em junho de 2017, seis homens foram mortos a tiros em uma chacina promovida em uma mansão no Porto das Dunas, em Aquiraz. Exatos quatro anos depois, o caso permanece em aberto.
Na última segunda-feira (31), o Tribunal de Justiça do Ceará informou à reportagem que: “de acordo com consulta ao sistema de busca processual, o caso encontra-se em fase de inquérito policial, de responsabilidade da autoridade policial”.
Já nesta quarta-feira (2), a Polícia Civil do Ceará se pronunciou por nota afirmando que o inquérito foi concluído e remetido à Justiça com duas pessoas indiciadas. “As investigações foram conduzidas pela 10ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Em torno de 40 oitivas foram realizadas no curso das investigações”, segundo a PC.
Os homens foram identificados como José Nailson Santos de Melo e Tiago Nogueira. A reportagem apurou que, em setembro de 2020, o Ministério Público do Ceará (MPCE) pediu novas diligências sobre o caso, e a Justiça Estadual estabeleceu um prazo de três meses para o fim da apuração. Desde então, não houve mais movimentação processual.
Quando questionada pela reportagem se a conclusão do inquérito a qual o órgão se vale foi a do ano de 2020, antes dos pedidos de novas diligências, a Polícia Civil não respondeu.
Sobram questionamentos acerca dos porquês do caso ainda não ter sido concluído e remetido ao Poder Judiciário. Afinal, quem matou Klinsmann Menezes Cavalcante, Fernando dos Anjos Rodrigues Júnior, Davi Saraiva Benigno, Nilo Barbosa de Souza Neto, Matheus de Matos Costa Monteiro e Edmilson Magalhães Neto no fim da noite de 3 de junho de 2017?
Conforme testemunhas, o grupo estava em uma casa de praia alugada, participando de um aniversário. Um veículo Jeep Renegade derrubou o portão do imóvel e quatro homens desceram, armados, gritando frases em alusão a uma facção criminosa. Instante depois, haviam seis corpos caídos perto da piscina.
Investigação
Nailson e Tiago foram presos ainda em junho de 2017. Consta nos autos que a dupla tentou matar o delegado Pedro Viana Júnior e outros três policiais que participavam das diligências Nailson estaria em posse de uma metralhadora e Tiago teria oferecido R$ 4 mil aos investigadores em troca de não ser detido.
Já em maio deste ano de 2021, Tiago Nogueira foi beneficiado com alvará de soltura para cumprir medida cautelar, com uso de monitoramento eletrônico, no processo em decorrência do atentado contra os policiais. No entanto, Tiago não foi solto devido a restrição em outro caso.
O que aconteceu naquela noite
A reportagem apurou que cerca de 15 pessoas estavam na mansão localizada na Rua Búzios. Parte dormia no andar de cima do imóvel. Um dos sobreviventes, responsável pelo aluguel da casa, era colega das vítimas Nilo e Davi. O homem, de identidade preservada, disse à Polícia que viu quando o carro arrombou o portão e correu para um dos quartos.
Já dentro do imóvel, os atiradores encapuzados, efetuaram dezenas de disparos de pistolas, calibres Ponto 40 e 380. Outra testemunha ocular contou ter sido convidado por Davi a ir ao aniversário. Este, disse ter dito que ouviu pelo menos 30 disparos de arma de fogo, em poucos minutos.
Uma das versões nunca confirmada é que na casa estavam alguns membros de facção criminosa jurados de morte por rivais. Um suspeito de participar no massacre, identidade como João Guilherme da Silva, 22, foi morto em um confronto com a Polícia, ainda em junho de 2017.
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