Ceará não atinge meta em 9 das 10 vacinas de rotina para crianças em 2022; entenda os riscos
Recusa à vacinação tem crescido e desafia o sistema público de saúde a estimular procura
Dados preliminares da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) indicam que o Ceará não atingiu as metas projetadas para 9 das 10 vacinas de rotina destinadas ao público infantil, no ano passado. O reforço na imunização de crianças está no radar da Pasta para 2023, a fim de evitar novas epidemias e até mesmo mortes.
Os dados foram apresentados em coletiva de imprensa, na última sexta-feira (10), e têm como base o sistema do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (Sipni).
Apenas a vacina BCG, que protege contra a tuberculose, superou a meta, atingindo quase 106% de cobertura. Por outro lado, mesmo perto, imunizantes como poliomielite, rotavírus humano, catapora e hepatite A não ultrapassaram os 95% estimados pela Secretaria.
Veja a situação por imunizante no infográfico:
As campanhas de vacinação, que ocorrem em períodos específicos do ano, também não tiveram resultado dentro do esperado:
- Poliomielite: 86%
- Influenza (gripe): 60,2%
- Sarampo: 49,7%
Sem a proteção conferida pelos imunizantes, as crianças ficam sujeitas a doenças como paralisia infantil, tétano, coqueluche, hepatite B, meningite, caxumba e rubéola. Elas podem causar, por exemplo, cegueira, surdez e retardo no desenvolvimento, além de levar a internações e até mesmo ao óbito.
“A cobertura vacinal não deve se vincular apenas a campanhas, ela se aumenta no dia a dia e é isso que queremos recuperar”, espera o epidemiologista Antonio Lima, secretário-executivo de Vigilância em Saúde da Sesa.
Segundo ele, o cenário de imunização no Brasil mudou e exige mais proatividade do sistema público de saúde para estimular a procura. “A vacina por muito tempo esteve incorporada à nossa cultura, mas aumentou a hesitação vacinal”, percebe, referindo-se à relutância ou à recusa, apesar da disponibilidade da vacina.
No caso da influenza, favorecida pelas baixas temperaturas durante a quadra chuvosa, Antonio considera que a cobertura em 2022 “não foi ideal”. A campanha deste ano, em abril, deve enfatizar grupos de risco, sobretudo gestantes e puérperas.
Entre as ações destinadas a ampliar a vacinação no Estado, estão:
- Assessoria técnica e capacitação de equipes municipais
- Distribuição de vacinas e seringas
- Elaboração de boletins e notas técnicas
- Campanhas de sensibilização na mídia
- Monitoramento e vigilância das coberturas vacinais
Para 2023, o Ministério da Saúde já divulgou o cronograma oficial de vacinas de rotina, em 5 fases. Entre fevereiro e março, haverá a aplicação e intensificação da vacina contra a Covid-19, inclusive entre crianças e adolescentes.
Em abril, começa a vacinação contra a influenza. Já na 5ª fase, em maio, haverá multivacinação de poliomielite e sarampo nas escolas.
“A gente precisa recuperar a cobertura dessas vacinas que, antigamente, éramos referência. Vamos trabalhar na prevenção”, destaca Tânia Mara Coelho, titular da Sesa.
“Se você tem um filho ou filha que não está com o cartão de vacinação atualizado, vá ao posto de saúde. Não espere as campanhas de vacinação, mas vacine sempre que houver a oportunidade”, recomenda a médica.
Confira o calendário de vacinação oficial do Ceará, com a especificação de cada imunizante por idade, neste link.
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