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Ceará diminui intervalo de notificação das mortes por Covid-19

Processo entre óbito e confirmação de diagnóstico de Covid-19 está demorando, em média, entre três e quatro dias no Estado, de acordo com a Secretaria da Saúde

pós alguns dias de números praticamente estabilizados, entre 20 e 21 de maio o Ceará bateu o recorde de 261 mortes por coronavírus. Para a preocupação pelo abrupto crescimento, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) explicou que alguns dados ainda de abril estavam represados. O POVO agora explica o porquê desta situação e quais os processos até que um óbito seja confirmado por Covid-19.

São ao menos quatro etapas até que a causa morte seja denominada por Covid-19. Ricristhi Gonçalves, coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesa, explica que o grande salto de números naquele dia diz respeito à mudança de plataforma de registro dos casos, que facilitou as notificações de confirmação, deixando o processo mais veloz. Hoje, a média de demora entre o óbito, confirmação da causa da morte por coronavírus e notificação em sistema, é de três a quatro dias.

Olhando os dados divulgados pelo Integra SUS, nos dias 20 e 21 últimos, a quantidade de casos confirmados são de 39 e 32, respectivamente, enquanto nos dias seguintes as confirmações não chegam a uma dezena.

Ricristhi comenta que, para o óbito ser considerado suspeito de Covid-19, precisa se encaixar com os sintomas. E se tiver sido feito o teste rápido com resultado positivo, é muito provável a causa da morte. Mas ainda assim é realizada uma contraprova de confirmação. Para os pacientes que não realizaram exame diagnóstico prévio e que chegaram a óbito, pode-se até passar por um comitê de investigação, que pode demorar dias e até semanas para definir a causa da morte.

“A confirmação do óbito não acontece imediatamente mesmo com o teste rápido, pois não é confirmatório. E não é possível ter logo no dia seguinte, pois a amostra precisa chegar ao laboratório, ser preparada para o exame e todo processo”, observa.

No acesso ao Boletim Epidemiológico no portal Integra SUS, há um aviso de que no dia 22 “houve mudança no consumo de dados nos últimos dois dias” anteriores, “podendo ocorrer incremento significativo no número de casos nas próximas atualizações”. Para os 2.324 óbitos confirmados ontem, ainda há 638 óbitos suspeitos de coronavírus.

Realização dos exames

Os exames são realizados no Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen) e atualmente há um esforço para otimizar o trabalho de digitação. Notadamente o estado que mais realiza testagens para Covid-19 no Brasil, a fila de casos demanda mais trabalho.

Ricristhi ainda ressalta os casos em que as resoluções de óbitos podem demorar por causa do processo de investigação. Nestes, o corpo fica retido para proporcionar a segurança de não expor as pessoas nos velórios. “A orientação é que seja feito todo o procedimento como sendo óbito por Covid-19, pois se aguardássemos a confirmação poderíamos ter a exposição de muitas pessoas ao vírus”.

De acordo com a epidemiologista membro do subgrupo de Epidemiologia do Comitê Científico do Consórcio Nordeste, Lígia Kerr, como o sistema de saúde não tem um acompanhamento próximo ao paciente não internado, a investigação é natural. Ainda reconhece que, como o Estado está com maior capacidade de realizar exames, ocorre a redução do delay entre morte e confirmação.

Levantamento feito entre os casos confirmados no Ceará ainda revela que haviam pessoas infectadas em fevereiro andando livremente até reportarem sintomas dias depois. A epidemiologista diz que uma pessoa infectada tem a capacidade de transmitir a doença para até 400 indivíduos em um mês, caso as medidas de isolamento não sejam tomadas.

Refletindo sobre a flexibilização do isolamento que pode acontecer a partir de junho, considera cedo. “Ainda existem relatos de pessoas que não estão isoladas nas comunidades. Só de falar em reabertura, já cria uma falsa sensação de segurança e nós não conseguimos controlar a disponibilidade dos leitos de UTI e os casos estão se espalhando no Interior”, alerta.

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Marcio Sousa

Editor chefe, Radialista profissional e Diretor de Programação da Taperuaba 98,7 FM

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