CE é o terceiro estado em número de indenizações pagas a vítimas de acidentes com motos
Entre 2009 e 2020, a Seguradora Líder pagou 375.977 indenizações do tipo no Ceará
O Ceará é o terceiro estado do Brasil a registrar a maior quantidade de indenizações pagas pelo Seguro DPVAT às vítimas de acidentes de trânsito envolvendomotocicletas e ciclomotores. De 2009 a 2020, a Seguradora Líder, responsável pelo DPVAT, pagou mais de 3,8 milhões de indenizações às vítimas de acidentes de trânsito envolvendo motocicletas e ciclomotores, sendo 375.977 no Ceará. O Estado fica atrás somente de São Paulo (402.021) e de Minas Gerais (384.072).
Durante o período acima mencionado, ou seja, em 11 anos, o Ceará somou mais de 34 mil indenizações anulmente. No Brasil, essa média foi de mais de 345 mil. Os dados são da Seguradora Líder, mas o levantamento faz parte da pesquisa ‘Imprudência: Cultura do Grau’, desenvolvida pela Younder, empresa especializada em treinamentos corporativos para os segmentos operacionais e de transportes.
Mesmo compondo apenas 29,3% da frota de veículos nacional, os motociclistas foram os mais atingidos em acidentes de trânsito, representando 79% de todas as indenizações pagas em 2020. No Ceará, dos 13.029 acidentes contabilizados no ano passado pela Seguradora Líder, 11.570 envolveram motocicletas, correspondendo a 88,80% do total.
Renda e transporte
De acordo com o head de inteligência de mercado da Younder, Bruno Neves, uma “série de fatores” levam o Ceará a ser primeiro estado do Nordeste e o terceiro do Brasil a concentrar mais indenizações por acidentes envolvendo motos. O primeiro deles é o aumento contínuo da frota desse tipo de veículo.
“Se levarmos em consideração a evolução das vendas de motos no Estado em abril de 2021, há um aumento de 484,9% em relação a março. Ainda, em diversas ocasiões, a moto é comprada para se tornar fonte de renda”, justifica.
Advogado, especialista em trânsito e segurança viária, Renato Campestrini corrobora que, de 2009 a 2020, houve um período de “significativa melhora” na renda da população, levando a bicicleta e o transporte coletivo a serem substituídos pelos veículos motorizados de duas rodas. Consequentemente, houve uma tendência de crescimento nos sinistros envolvendo esses usuários.
Por outro lado, “a despeito do uso cada vez mais frequente da motocicleta como modo de transporte ou ferramenta de trabalho, o processo de formação dos condutores se manteve inalterado”. E isso repercutiu em mais acidentes, pondera o especialista.
Dados evidenciam imprudência
Campestrini também cita a imprudência, o excesso de confiança dos condutores mais jovens, a falta de equipamentos de segurança, bem como a recusa ou a má utilização do capacete como agravantes para esse cenário. O uso correto do capacete, diz ele, reduz em 72% a gravidade de lesões no crânio e em 40% a probabilidade de morte do motociclista ou do seu passageiro.
“Temos também a questão da velocidade excessiva que é um fator de risco de sinistros de trânsito e também o uso do celular enquanto se conduz, algo que se em um veículo de quatro rodas ou mais já é perigoso, quiçá em um veículo de duas rodas”.
Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o volume de infrações relacionadas à condução de motociclistas ou similares equilibrando-se em apenas uma roda aumentou 53%, entre janeiro e abril de 2021, ante igual período do ano passado. Esse dado demonstra como a imprudência faz parte do dia a dia de muitos motociclistas do Brasil.
Medidas urgentes
Para Bruno Neves, poder público e privado devem adotar medidas urgentes para reverter o grande volume de acidentes com motociclistas no Brasil, cujo resultado é a perda de produtividade, de receita e, sobretudo, de vidas.
As principais, segundo ele, são: “capacitação, especialmente para quem trabalha profissionalmente com a moto; educação para o trânsito, para que haja uma diminuição na incidência de falhas humanas que aumentam consideravelmente o número de acidentes; além de melhorias nas condições das vias”.
Renato Campestrini atenta para um maior reforço na fiscalização e no trabalho de conscientização por parte de órgãos e entidades executivos de trânsito. “É preciso também que os motociclistas compreendam que a maior proteção que eles podem contar ao transitar é a prudência e a consciência”.
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