Briga entre facções: como foi o tiroteio que matou criança de 5 anos em Fortaleza, Ceará
Um suspeito já foi capturado pela Polícia e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça Estadual
A Polícia Civil do Ceará (PC-CE) monta um “quebra-cabeça” para entender a ocorrência que terminou com a morte de uma criança de 5 anos, na Barra do Ceará, em Fortaleza, no último sábado (6). Um suspeito já foi capturado e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça Estadual, nesta quarta (10).
Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, a principal linha de investigação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) é que o crime foi motivado pela guerra entre as facções criminosas.
Os autores dos disparos seriam membros de uma facção de origem carioca, residentes no Pirambu, e tinham como objetivo matar um jovem de 23 anos, que teria “rasgado a camisa” e passado a integrar uma facção cearense, que domina o tráfico de drogas na Comunidade da Colônia. O alvo da ação criminosa chegou a ser baleado, mas foi socorrido a um hospital.
Os criminosos teriam chegado à Rua Zenaide Magalhães em um veículo roubado e começaram a efetuar os disparos contra o algoz, que correu em direção a um aniversário de uma criança, onde a menina de 5 anos estava.
Neste momento, um guarda municipal do Eusébio, que estava nas proximidades, reagiu e trocou tiros com os criminosos. No tiroteio, três pessoas foram baleadas: a menina, que não resistiu aos ferimentos; o alvo da ação criminosa; e um adolescente de 13 anos, que foi atingido no pé e se encontrava com o quadro estável.
Logo após a ação criminosa, a Polícia apreendeu um revólver calibre 38 e um veículo Chevrolet Cobalt, que teriam sido utilizados na ação criminosa e foram abandonados.
A sequência da investigação levou os investigadores a Kairo Gustavo Oliveira Sena, 20, preso em uma residência no Carlito Pamplona, na última segunda-feira (8). No momento da abordagem, o suspeito quebrou o aparelho celular.
Kairo já respondia a outros dois homicídios e, quando adolescente, respondeu a atos infracionais análogos aos crimes de roubo e receptação, além de ter sido vítima de uma tentativa de homicídio.
Ao ser interrogado no DHPP, o suspeito negou participação na ação criminosa e que integra uma facção, apesar de reconhecer que mora em uma região dominada pela facção carioca e que, por isso, não pode andar em territórios dominados pela facção cearense. Ele alegou que, no momento do tiroteio, estava em uma festa, no Centro de Fortaleza, com amigos; e que o celular quebrou em uma queda acidental.
PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA
Em audiência de custódia nesta quarta-feira (10), a Justiça Estadual decretou a prisão preventiva de Kairo Gustavo Oliveira Sena, apesar de relaxar a prisão em flagrante, a qual a juíza considerou “ilegal”, devido a diferença de tempo entre o crime e a detenção.
A 17ª Vara Criminal – Vara de Audiências de Custódia considerou que “para ser hábil à caracterização de legalidade da prisão em flagrante requer uma condição de imediatidade, ou mais propriamente, crepitação entre o evento delitivo e o conhecimento e captação dos supostos autores do mesmo, o que claramente, não ocorreu no presente caso”.
Entretanto, a magistrada decretou a prisão preventiva “para a garantia da ordem pública, ante a barbaridade do delito praticado”.
“Analisando os autos verifica-se a prática de delito de homicídio consumado e duas tentativas de homicídios, sendo duas das vítimas crianças, inclusive a vítima fatal, cometido em plena via pública por volta das 20h. Denota-se assim o total descaso do autuado com a vida humana, frieza e crueldade, indicando a periculosidade concreta do mesmo e havendo claro risco de reiteração delitiva caso volte à liberdade”, concluiu.
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