Ausente de atos, Ciro Gomes diminui chances de aliança com PT
A possibilidade de o PT apoiar o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) na eleição presidencial ficou ainda mais difícil depois que ele se ausentou dos atos em São Bernardo do Campo, em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os petistas têm convocado união da esquerda contra a prisão de Lula e têm amargado o distanciamento do pré-candidato pedetista.
Lula discursou no último sábado, 7, ao lado de Guilherme Boulos (Psol) e Manuela d’Ávila (PCdoB), que também são nomes que devem disputar o Palácio do Planalto nas urnas. Durante o ato, Ciro estava nos Estados Unidos e não enviou nenhum representante do PDT.
mbora Lula tenha recebido o ex-governador Cid Gomes, irmão de Ciro, acompanhado do governador Camilo Santana (PT), a ausência do pré-candidato tem repercutido mal dentro do partido no momento mais delicado para o PT desde a abertura da investigação contra o ex-presidente.“O fato é que estava lá quem era do campo da democracia e da defesa dos direitos fundamentais”, farpeou o deputado Afonso Florence (PT-BA). Embora diga que o assunto não foi discutido internamente, o parlamentar entende que o comportamento de Ciro abre dúvidas sobre a postura política adotada na pré-campanha. “Parece um jogo eleitoral que tem a pretensão de testar o campo da esquerda e colher votos do governo Temer. Não sei qual é a orientação política dele”, diz.
Florence considera “confusos” os posicionamentos do ex-ministro e julga que eles afastam Ciro do campo das esquerdas. “Principalmente porque não era só o PT que estava lá”, justifica.
A fala é acompanhada pelo deputado Assis Carvalho (PT-PI). Ele reagiu à declaração de Ciro na última sexta-feira, 6, que disse não ser um “puxadinho do PT”. “Eu só posso lamentar. Ninguém está discutindo ‘puxadinho’, a gente está cobrando o cumprimento da Constituição”, disse.
Ontem, o presidente do PDT, Carlos Lupi, negou que a ausência no ato político anterior à prisão de Lula signifique distanciamento estratégico do PT. Ele defendeu que o bloco tem articulado divulgação de novo manifesto pela unidade dos partidos de esquerda. “Como é que a porta pode estar fechada (para o Ciro)?”, declarou.
Conforme o deputado Antônio Balhman (PDT-CE), a união das esquerdas foi ideia capitaneada por Ciro e deve ocorrer quando for para “discutir questões essenciais do País”. “Tudo o que estava sendo feito até agora era em cima de uma emergência. Quem tiver juízo vai sentar para discutir o Brasil”, afirmou.
Para o sociólogo Clésio Arruda, o comportamento de Ciro Gomes é uma aposta política, cujos resultados não podem ser mensurados de imediato. A decisão, sob a ótica do especialista, é motivada pela incerteza sobre a capacidade de transferência de votos. “Ciro está apostando alto, porque faz isso politicamente. Ele vem com um índice considerado baixo e pondera o que agregaria essa aproximação nesse momento atual”, analisa o sociólogo, considerando que, ao se manter neutro, Ciro pode estar mirando em votos de eleitores mais ao centro.
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