Politica

Após cobrança do MPF, Camilo nega lentidão na vacinação contra a Covid-19 no Ceará

O ritmo da vacinação contra a Covid-19 no Brasil é motivo de divergências entre governadores e o Governo Federal

Após envio de ofício do Ministério Público Federal (MPF) cobrando explicações sobre o ritmo da vacinação contra a Covid-19 no Ceará, o governador Camilo Santana (PT) rebateu, neste sábado (17), questionamentos sobre a aplicação dos imunizantes no Estado. O documento foi enviado para todos os chefes dos executivos estaduais do País na quinta-feira (15), com o aval do procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras – que vem sofrendo críticas por falta de independência e alinhamento ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). 

“Eu estou colocando isso porque há muitas fake news, há muita mentira. ‘Ah, o Ceará não está vacinando’. Isso é mentira. Se tem um estado que tem uma das melhores logísticas de entrega das vacinas, de articulação, de informação, de transparência, é o Ceará”. Camilo Santana Governador do Ceará

Durante a live, Camilo ressaltou a importância da “transparência”, lembrando que o Ceará é “campeão, nota 10 em transparência com os dados da pandemia da Covid-19”. “Agora, se os dados do Ministério da Saúde não são atualizados pelos municípios ou estão desatualizados, aí é outra questão. Mas o importante é que está aqui a transparência”, criticou, sem citar diretamente a PGR.

VACINÔMETRO NO CEARÁ | COVID-19

Atualizado em 16/4, 17h40

Receberam 1ª doseReceberam 2ª doseDoses recebidas
1.139.379397.3761.875.550
Fonte: Secretaria da Saúde do Ceará
Descarregar estes dados Criado com Datawrapper

Na ocasião, o governador salientou ainda a quantidade de vacinas aplicadas: mais de 1,5 milhão de doses, sendo 1,1 milhão referente à primeira dose e 397 mil, à segunda. Além disso, ele afirmou que o Estado recebeu 1,8 milhão de doses do Governo Federal, das marcas CoronaVac e Astrazeneca, e que não aplicou a totalidade dos imunizantes porque, no caso da CoronaVac, é necessário reservar a segunda dose para aplicar em até 28 dias. 

O chefe do Executivo também reforçou que um novo lote com os imunobiológicos contra a Covid-19 chegou nessa semana e já foi distribuído aos municípios. 

“Como não há um planejamento contínuo, da certeza do recebimento da vacina e a quantidade, há uma recomendação do Ministério (da Saúde) para que a segunda dose da CoronaVac seja guardada, porque a segunda dose tem que ser aplicada em até 28 dias. Então, se nós usarmos e daqui a 28 dias nós não recebermos a vacina, aquela primeira dose não vai servir para a população. Então, é uma segurança que o Ministério coloca para os estados e municípios terem que guardar a segunda dose, quando é da CoronaVac. Por que não se faz isso com a Astrazeneca? A Astrazeneca pode ser aplica em até 90 dias após a primeira dose”, explicou. 

O governador também ressaltou, mais uma vez, a batalha jurídica no Supremo Tribunal Federal (STF) entre o Estado e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a importação de doses da vacina russa Sputinik. O Ceará comprou 5,8 milhões de doses do imunizante, mas não pôde importá-las porque a Anvisa ainda não liberou o uso emergencial da Sputinik. 

“O Ceará fez uma aquisição de vacina pelo estado: mais de 5,8 milhões de doses da Sputinik. A Sputinik é uma vacina aplicada em mais de 60 países, aprovada por agências internacionais. Nós já deveríamos ter recebido o primeiro lote da Sputinik esse mês de abril, mas até agora a Anvisa não autorizou a importação”.  Camilo Santana Governador do Ceará

O Estado do Ceará entrou com uma ação no STF e aguarda uma decisão para que possa efetivar a importação do imunizante. “Nossa única intensão é acelerar”, frisou Camilo Santana.

A lentidão na vacinação no Brasil tem causado uma nova ‘tensão’ entre governadores e o presidente Bolsonaro. De um lado, o presidente diz que a demora é culpa dos gestores, que não estão aplicando todas as doses enviadas. De outro, os gestores estaduais e municipais reclamam da insuficiência e da demora para a compra da vacina, que está sendo enviada a passos lentos às cidades brasileiras em meio a uma nova onda de infecções mais letais. 

Divergências nas informações 

O ofício do MPF pede esclarecimentos a todos os governadores do País pela ‘discrepância’ entre as doses enviadas pelo Governo Federal e as aplicadas pelos estados, a partir dos dados disponíveis na plataforma LocalizaSUS, do Ministério da Saúde. No documento, consta que 48.088.916 doses do CoronaVac e da Astrazeneca foram enviadas aos 27 entes federados, tendo sido aplicada somente 32.160.509. As informações se baseiam na plataforma do Ministério. 

Verificado neste sábado (17) pela reportagem às 15h30, o LocalizaSUS informa que 53.493.436 doses das vacinas CoronaVac e Astrazeneca foram distribuídas paras todos os estados brasileiros até hoje. Quando analisamos os dados do Ceará, o registro é de que 2.110.250 doses de imunizantes foram recebidas e apenas 1.016.557 aplicadas. 

Os dados, no entanto, são divergentes dos informados pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Na última atualização do dia 15 deste mês, na plataforma Vacinômetro, consta a aplicação de 1.536.755, sendo 1.139.379 referentes a primeira dose e 397.376 à segunda – valor maior do que o informado pelo LocalizaSUS, do Governo Federal. 

Todavia, o LocalizaSUS informa que “os dados exibidos no Painel Nacional poderão apresentar diferenças em relação aos divulgados pelas Unidades Federadas e Municípios, tendo em vista que nem todos os registros de doses aplicadas chegarão em tempo real”. As informações são repassadas pelas secretárias de saúde em até 48 horas. 

Comentários

Comentários

Marcio Sousa

Editor chefe, Radialista profissional e Diretor de Programação da Taperuaba 98,7 FM

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

0 Compart.
Compartilhar
Twittar
Compartilhar
Pin