Venezuela e Guiana concordam em não usar força na disputa pelo Essequibo, veja detalhes
Os presidentes encerraram a reunião com um aperto de mãos após cerca de duas horas de discussão
O encontro entre os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana, Irfaan Ali, nessa quinta-feira (14), rendeu um acordo no qual ambos os países concordaram em descartar o uso da força na disputa sobre o Essequibo.
“[As nações] concordaram que direta ou indiretamente não se ameaçarão, nem usarão a força mutuamente em nenhuma circunstância, incluindo aquelas decorrentes de qualquer controvérsia existente entre ambos os Estados”, indicou parte de uma declaração conjunta lida por Ralph Gonsalves, primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, sede do encontro.
Também “acordaram que qualquer controvérsia entre os dois Estados será resolvida de acordo com o direito internacional, incluindo o Acordo de Genebra”, acrescentou o documento.
Na ocasião, os países também aceitaram promover um novo encontro entre as partes dentro de três meses no Brasil.
Os presidentes encerraram a reunião com um aperto de mãos após cerca de duas horas de discussão em São Vicente e Granadinas, promovida pela Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac) e pela Comunidade do Caribe (Caricom), com o apoio do Brasil.
Antes da leitura da declaração conjunta, o presidente Ali enfatizou o direito de seu país explorar seu “espaço soberano”.
A Guiana não é o agressor, a Guiana não está buscando a guerra, a Guiana se reserva o direito de trabalhar com nossos aliados para garantir a defesa do nosso país.”
IRFAAN ALI
Presidente da Guiana
A reunião foi realizada em meio a uma preocupação crescente pelas trocas de declarações cada vez mais ásperas entre os dois presidentes sobre Essequibo, um território de 160 mil km² rico em petróleo e outros recursos naturais, administrado por Georgetown e reivindicado por Caracas.
Maduro, que não deu nenhuma declaração ao final do encontro, disse que iria à reunião em busca de uma “via de diálogo e negociação” para obter “soluções efetivas”.
“Os intermediários provavelmente terão que buscar algo para que Maduro não [saia do encontro] sem nada”, disse à AFP Sadio Garavini di Turno, ex-embaixador da Venezuela na Guiana, que considera “factível” uma declaração “na qual se diga que vão baixar a escalada, que vão continuar conversando para baixar as tensões”.
Maduro considerou o encontro como “um grande feito” para “abordar de forma direta a controvérsia territorial”, mas Ali negou que a disputa estivesse na agenda e insistiu em sua posição de que esta deve ser decidida na Corte Internacional de Justiça (CIJ), cuja jurisdição Caracas não reconhece.
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