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Operação da PF investiga bandas de forró

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (18) operação em conjunto com a Receita Federal para apurar um esquema criminoso envolvendo conjuntos musicais. Entre os averiguados está a produtora A3 Entretenimento, responsável pela promoção de bandas como o Aviões do Forró, apontado como responsável por sonegar impostos e lavar dinheiro.

Foram cumpridos 76 mandados judiciais nas cidades de Fortaleza, Russas (ambas no Ceará) e Souza (na Paraíba), sendo 32 de condução coercitiva e 44 de busca e apreensão. Nesta primeira etapa, entretanto, ninguém foi preso. A operação foi batizada de “For All”, que, na tradução, significa “para todos” e é uma referência à origem do nome do estilo musical. Foram mobilizados 260 policiais federais e 35 auditores da Receita Federal.

A estimativa dos investigadores é a de que, entre 2012 e 2014, o grupo tenha omitido da Receita cerca de R$ 500 milhões em bens, sendo R$ 120 milhões somente das bandas. Os valores, entretanto, podem ser ainda mais altos, já que algumas movimentações financeiras ainda não foram descobertas pelas autoridades. A quadrilha é investigada por crimes contra a ordem tributária, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e associação criminosa.

“A organização agia, sobretudo, para evitar o pagamento dos tributos”, explicou, em entrevista coletiva realizada na manhã desta terça-feira, João Batista Barros da Silva Filho, superintendente da Receita Federal da 3ª Região, composta pelos Estados do Ceará, Piauí e Maranhão. “Essa empresa [A3 Entretenimento] praticava essas infrações relativas a omissão de rendimentos e possivelmente a sonegação tributária, que é a omissão dolosa, além da questão de possível lavagem de dinheiro, na medida em que esses recursos eram aplicados em bens em nome de terceiros e em valor inferior àquele de mercado e àqueles que estavam em suas declarações”, acrescentou.

A delegada Dora Lúcia Oliveira de Souza, chefe substituta da delegacia de polícia fazendária, afirmou que as investigações já vinham sendo realizadas há pelo menos dois anos. Ela destacou que um dos métodos para verificação de irregularidades foi o cruzamento das informações referentes aos cachês cobrados pelas bandas e à agenda de shows – o valor declarado como recebido não batia com o que era informado em relação aos cachês.

“O grupo vinha realmente se manifestando já há algum tempo nessas condutas, que consistem, basicamente, em aquisição de bens móveis e imóveis não declarados ao Fisco e, quando declarados, declarados com valores subfaturados”, informou a delegada. Ela salientou que foi encontrada “confusão patrimonial” entre os envolvidos, com “pessoas físicas registrando e declarando imóveis em nome de pessoa jurídica e vice-versa”.

Apreensões

Segundo a delegada, foram apreendidos nesta terça-feira cerca de R$ 600 mil em espécie. A Justiça Federal determinou o bloqueio de 163 bens imóveis dos investigados, entre pessoas físicas e jurídicas, além de móveis, sendo 38 veículos de pessoas físicas e 31 de pessoas jurídicas. Os vocalistas da banda Aviões do Forró, Solange Almeida e Xand Avião, foram ouvidos pela PF, mas liberados em seguida. Dora Lúcia afirmou que, por enquanto, a dupla apenas prestou esclarecimentos, sem ser indiciada.

Resposta

Pelas redes sociais, a banda Aviões do Forró informou que “está ciente e colaborando com as investigações da Polícia Federal”. O grupo disse estar “à disposição da Justiça para esclarecimentos e segue com sua agenda de shows inalterada”. Representantes da A3 Entretenimento não foram localizados para comentar sobre a operação.

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Marcio Sousa

Editor chefe, Radialista profissional e Diretor de Programação da Taperuaba 98,7 FM

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