Com filiação de Bolsonaro, PL no Ceará terá queda de braço entre aliados de Camilo
Presidente deve se filiar à sigla nesta terça-feira (30). PL do Ceará é liderado por nomes que fazem oposição a Bolsonaro
Após dois anos governando o Brasil sem pertencer a qualquer partido político, o presidente Jair Bolsonaro deve se filiar, nas próximas horas, ao Partido Liberal (PL). Junto a ele, seus aliados mais fiéis irão desembarcar na sigla comandada pelo ex-deputado Valdermar Costa Neto. A chegada do presidente, no entanto, criou uma queda de braço ainda sem desfecho na sigla: em pelo menos três estados, o PL acomoda opositores ao presidente. Um desses casos é o Ceará – além de São Paulo e Bahia.
No diretório cearense, os opositores de Bolsonaro não devem deixar a sigla de imediato. Nos bastidores, eles comentam que vão observar como a sigla irá se comportar tendo o presidente em seus quadros. O PL no Ceará é comandado justamente por essa ala oposicionista. Acilon Gonçalves (PL), presidente do diretório local e prefeito do Eusébio, é aliado dos irmãos Ciro e Cid Gomes (PDT) e do governador Camilo Santana (PT).
Ainda assim, não será fácil manter a ingerência sobre a sigla no Estado, isso porque um grupo de bolsonaristas cearenses pretende se filiar ao PL, reforçando a ala que planeja apoiar Jair Bolsonaro. Entre esses nomes está o deputado estadual André Fernandes (Republicanos).
Nacionalmente, a legenda deu “carta branca” para que Costa Neto atendesse às exigências do chefe do Executivo nacional e firmasse sua filiação, enfraquecendo ainda mais a liderança dos nomes de oposição.
A não garantia de apoio em alguns estados foi um dos pontos que geraram desacordo, ocasionando no adiamento da cerimônia de filiação de Bolsonaro, antes prevista para o último dia 22 de novembro.
A anatomia do PL no Ceará
Apesar de ser comandado pela ala próxima ao PDT, o PL no Ceará abriga filiados dos mais diversos espectros políticos. O vice-presidente da sigla, por exemplo, o deputado federal Júnior Mano, é aliado do governador Camilo Santana, mas mantém diálogo com a base bolsonarista. Já nomes como o deputado federal Dr. Jaziel e a deputada estadual Dra. Silvana são aliados de primeira ordem de Bolsonaro e fazem oposição a Camilo Santana.
Entre os opositores do presidente no Estado, o silêncio domina desde que o nome de Bolsonaro começou a ser cotado no partido. A única integrante da sigla a comentar abertamente sobre o futuro colega de sigla foi a vereadora de Fortaleza, Ana Aracapé. Em entrevista ao Diário do Nordeste, ela disse que pretende mudar de partido, mas irá aguardar orientação do prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT).
Já entre os aliados do chefe do Executivo nacional, o tom é de pressão contra aqueles que se opõem à filiação de Bolsonaro. Dr. Jaziel defendeu que aqueles correligionários que não “assimilam o Governo Bolsonaro” devem “desocupar” a sigla.
“Tem segmentos e até diretórios de alguns estados, como Bahia, São Paulo e Ceará, que estão atrelados a governos estaduais. No caso do Ceará, o PL está atrelado ao Governo, que é do PT, e à Prefeitura, que é do PDT. Não tem sentido essas pessoas estarem juntas com Bolsonaro e com os que apoiam o presidente, ou um ou outro tem que sair” Dr. Jaziel Deputado federal
Um novo PL no Ceará
Conforme informações colhidas nos bastidores da sigla, a expectativa é de que esse discurso do deputado federal ganhe ainda mais força com a chegada dos novos integrantes da legenda no Estado. Além de André Fernandes, que está em Brasília para a filiação de Bolsonaro, o vereador Inspetor Alberto (Pros) deve se juntar ao Partido Liberal.
“No PL Ceará, vamos ficar na base do pré-candidato ao governo, Capitão Wagner. A gente pretende, sim, atrair filiados, lideranças políticas e políticos, como, por exemplo, o vereador Carmelo Neto e o Inspetor Alberto, além de outras figuras de direita do Estado. Sobre ser base do governo Camilo Santana, isso vai mudar. Vai haver sim mudança no diretório estadual”, garantiu Fernandes.
O vereador Carmelo Neto (Republicanos), que também acompanha a filiação do presidente na Capital Federal, confirmou que irá “trabalhar nesse sentido”. “Como não tenho janela partidária, preciso estudar as possibilidades de deixar o meu”, ponderou.
Já o deputado federal Capitão Wagner (Pros), que planeja disputar o Governo do Ceará no próximo ano e já foi anunciado como representante do presidente Jair Bolsonaro no pleito, informou que não irá se filiar ao PL. O parlamentar tenta se viabilizar como presidente do União Brasil, partido a ser formado pela fusão do PSL com o DEM.
Wagner, no entanto, trava uma queda de braço particular com o senador Chiquinho Feitosa, comandante do DEM no Ceará e aliado dos irmãos Cid e Ciro Gomes e do governador Camilo Santana. Essa disputa também pode selar o destino do vereador Sargento Reginauro (Pros). Bolsonarista e integrante do grupo político de Capitão Wagner, o parlamentar informou que não acompanhará a filiação de Bolsonaro.
À espera do presidente
Procurado no último dia 17 de novembro, Acilon Gonçalves informou, via assessoria de imprensa, que só iria se manifestar sobre a conjuntura do PL quando houvesse “posição concreta da filiação do presidente Jair Bolsonaro”. Procurado novamente na noite desta segunda-feira (29), véspera da filiação de Bolsonaro, Acilon não quis comentar.
Nos últimos dias, o prefeito do Eusébio tem reforçado a presença em eventos com integrantes do PDT no Ceará. Na segunda, ele participou da entrega de uma Areninha no bairro Coaçu, em Fortaleza, acompanhando o prefeito José Sarto e o governador Camilo Santana.
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