Educação

Confira dicas para ser nota 1.000 na próxima redação do Enem 2021

Especialistas apontam caminhos de como atender às cinco competências exigidas para a prova de redação e garantir 1.000 preciosos pontos

Calma, método, treino e visão de mundo são verdadeiros aliados na construção da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Professores especialistas nestas provas e reuniu dicas para se chegar à nota mil, a partir das cinco competências exigidas: domínio da escrita formal, compreensão do tema, relacionar e argumentar ponto de vista, coesão na construção argumentativa e propor intervenções de solução ao tema abordado.

Na semana passada, já havíamos elencado possíveis temas para a redação. Os professores João Filho e Nelândia Teodoro haviam apontado temas como educação na pandemia, tecnologias para a educação, uso de energias renováveis, ensino profissionalizante e segurança hídrica, dentre outros. Porém, mais importante que saber qual tema vai cair é planejar como irá abordá-lo. Você não precisa ser especialista no assunto, mas equilibrar o domínio das cinco competências é o caminho das pedras para a Redação Nota Mil.

1- Domínio da escrita

É preciso apresentar domínio da norma culta. Não significa ser proficiente na linguística, o que se pede é a norma culta padrão. Em alguns casos, o estudante tem domínio sobre o assunto, até as ideias são bem colocadas, mas esquece um acento indicativo de crase, erra numa concordância verbal. Então é preciso entender que o limite da produção textual é a norma culta padrão. Isto significa não trazer marcas de oralidade, jargões, palavras coloquiais. É preciso, portanto, respeitar as normas gramaticais. Fez tudo direitinho, tome 200 pontos!

2 – Capacidade de aplicar repertório ao texto

É preciso levar para a redação uma bagagem que vá além das informações reveladas no texto ou nas demais provas. Ou seja, levar para a prova repertório sociocultural, sabendo mencionar o assunto de forma produtiva e pertinente. É importante entender que a redação do Enem se trata de um texto dissertativo-argumentativo. Não basta expor um fato, é preciso manifestar opinião e defendê-la com bons argumentos.

Em quatro parágrafos, por exemplo, será importante que se apresentem dois repertórios ao longo do texto. A depender do assunto, pode-se citar uma lei, incluir também o artigo; no caso de temática do feminicídio, citar a Lei Maria da Penha, por exemplo; ou um estatuto, pensadores, um produto da indústria cultural, desde que (sempre a ressalva) haja relação com o tema abordado. A construção dessa bagagem sócio-cultural se dá com leituras. Os professores apontam para os portais referendados, com profissionais sérios e compromissados (a exemplo do site do Diário do Nordeste) e o cuidado com toda má-sorte de desinformação existente nas redes sociais.

3 – Relacionar fatos, opinião e argumento em defesa de um ponto de vista

Esta é uma das competências mais delicadas, pois se baseia na estrutura argumentativa da redação. Não é apenas expor fato, apenas mostrar dois lados de uma situação, tem que defender uma posição diante dele. Detalhe importante: o que vai fazer a diferença não é a capacidade de opinar, mas de argumentar. Para isto existem recursos, como dados estatísticos, alusões históricas, análises de causas e consequências. A essência exigida na prova não é a capacidade de formular uma tese, mas de defendê-la e, mais do que isso, propor uma solução. O excelente entendimento de que o texto traz fato, opinião e argumento em defesa do ponto de vista vale mais 200 pontos nesta competência.

4 – Recursos linguísticos para construir argumentação

Esta competência é complementar à primeira. Se lá temos os cuidados do microtexto (pontuação, regência, concordância etc..) aqui temos o macrotexto: usar os mecanismos de coesão textual. É a costura/ amarração em palavras entre os parágrafos. Para isso há modelos como “em primeira análise…”; “diante disso..”; “pelo que foi discutido…”; “portanto…”. Feita a excelente ligação entre os parágrafos, mais 200 pontos!

5 – Capacidade de propor uma solução

Só tranquilidade: se você já está atendendo a norma culta, acrescentou repertório ao tema, colocou sua opinião e apresentou argumentos de defesa, chegou a hora de propor uma solução,apontar um caminho de saída no último parágrafo do texto. Professores consideram a competência mais fácil. A depender da temática, se lá nos parágrafos iniciais da redação você já disse que uma determinada situação existe por dois motivos: inoperância do Estado e falta de apoio da sociedade, propor soluções passa por cobrar destes agentes (no exemplo, Estado e sociedade).

Num caso hipotético, se no texto argumentou que o feminicídio se dá por ineficácia das leis e da cultura machista, então no último parágrafo terá que propor eficácia das leis e o fim da cultura machista. O último parágrafo se conectará ao primeiro. Na primeira proposta de solução, é preciso apontar o agente (quem vai fazer), a ação (o que vai fazer), o meio (como vai fazer) e a finalidade (com que propósito vai fazer). No mesmo parágrafo, encaminho uma segunda proposta que é complementar, portanto, não precisa ser muito detalhada: “por fim, cabe à família (ou ao cidadão, à sociedade), o esforço para que se chegue a esse resultado…”.

Importante: o Enem espera que a proposta de solução esteja em acordo com o respeito aos direitos humanos e demonstre o preparo do candidato para o exercício da cidadania. A proposta ficou bem feita? Tome mais 200 pontos e feche a nota mil!

Ler, treinar e se atualizar

O treino e a leitura de redações que atingiram a nota mil também são indicados pelos especialistas. Nesses casos, a professora Nelândia Teodoro recomenda que se busque como referência exemplos de, no máximo, as duas últimas edições, pois com o passar dos anos ocorrem mudanças nos critérios de avaliação. Neste ano, por exemplo, a banca inseriu na competência 5 a proibição do uso de oração adjetiva no elemento detalhamento. De acordo com a professora, isso era aceito até 2020.

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Rosana Teofilo

Editora, Radialista profissional e presidente da Taperuaba 98,7 FM

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