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Cuba registra protestos em diversas cidades e presidente convoca revolucionários

Governo culpa embargo estadunidense por crime econômica e insafistação social

Milhares de cubanos se manifestaram neste domingo (11) em várias regiões do país, demonstrando insatisfação com o governo e os impactos da crise econômica. Os governantes afirmam que o embargo dos Estados Unidos é a causa da situação. Entre os gritos, estavam “Liberdade!” e “Abaixo a ditadura!”. 

O presidente Miguel Díaz-Canel também convocou seus apoiadores para tomarem as ruas. “A ordem de combate está dada: às ruas os revolucionários”, disse Díaz-Canel em um discurso transmitido pela televisão, no qual acusou grupos ligados aos Estados Unidos de estares por trás do levante.

“Convocamos todos os revolucionários do país, os comunistas, a tomarem as ruas onde quer que essas provocações ocorram, de agora em diante e em todos estes dias. E enfrentá-las com decisão, com firmeza, com coragem”, ressaltou o presidente.

Ao anoitecer, vários grupos de simpatizantes do governo se reuniram em diferentes partes da capital Havana para preparar a contra-manifestação.

Os protestos anti-governo foram divulgados nas redes sociais e começaram de forma espontânea pela manhã. Cuba é um país governado pelo Partido Comunista, que concentra boa parte das manifestações. 

Apagão da internet

Legenda: Pelo menos dez pessoas foram presas nos protestos, em Havana
Foto: AFP

Em Havana, onde houve confrontos entre os manifestantes e a polícia, que usou gás lacrimogêneo e reprimiu a manifestação. Pelo menos 10 pessoas foram presas.

Milhares se reuniram em San Antonio de los Baños, uma pequena cidade de 50 mil habitantes a cerca de 30 km da capital Havana. Outros protestos foram relatados e transmitidos ao vivo pelo Facebook ou Twitter, em várias cidades do país.

Motor de um crescente número de reivindicações da população desde que chegou ao país no final de 2018, a internet móvel foi cortada em grande parte da ilha a partir do meio-dia.

O presidente Díaz-Canel também se dirigiu à cidade acompanhado de militantes do partido, que marcharam gritando “Viva Cuba” e “Viva Fidel”, enquanto durante sua viagem os locais seguiam protestando ruidosamente contra a crise econômica.

Embargo estadunidense 

A pandemia de coronavírus, cujos primeiros casos na ilha foram detectados em março de 2020, mergulhou Cuba em sua pior crise econômica em três décadas. O governo culpa as sanções estadunidenses impostas por Donald Trump, e mantidas por Joe Biden. 

Sob o comando de Trump, o governo dos EUA adicionou o país na lista de ‘patrocinadores do terrorismo’ e impôs mais de 200 novas sanções contra Cuba. Viagens de turistas estadunidenses à ilha e o envio de remessas para Cuba foram restritas. 

Os cubanos enfrentam crises de energia elétrica e escassez de alimentos e medicamentos, o que tem gerado um forte mal-estar social.

“Parece que a situação energética foi a que levantou alguns ânimos aqui”, reconheceu Diaz-Canel diante de jornalistas, culpando o embargo dos Estados Unidos, que dura há 59 anos. 

“Se quer que o povo fique melhor, levante primeiro o bloqueio”, imposto desde 1962, acrescentou.

Legenda: Cubanos protestaram contra o governo e impactos da crise econômica
Foto: AFP

“A máfia cubano-americana pagando muito bem nas redes sociais (…) tomou como pretexto a situação de Cuba e convocou manifestações em todas as regiões do país”, afirmou.

“Revolucionários confusos” 

Diaz-Canel afirmou dentre os milhares que demonstraram insatisfação, estavam “revolucionários confusos”. Mas aqui estamos “muitos, e me coloco como o primeiro, que estão dispostos a dar nossas vidas por esta revolução”, declarou ele durante seu discurso.

Cuba registrou neste domingo mais um recorde de infecções por Covid-19 em 24 horas, com 6.923 casos, em um total de 238.491, e de óbitos, com 47, totalizando 1.537.

Sob hashtags como #SOSCuba, #SOSMatanzas e #SalvemosCuba, os pedidos de ajuda se multiplicam nas redes sociais, inclusive por artistas e famosos, além dos apelos ao governo para que o envio de doações do exterior seja facilitado.

No sábado (10), um grupo de oposição pediu a criação de “um corredor humanitário”, iniciativa que o governo rejeitou categoricamente, afirmando que a campanha visa “apresentar uma imagem de caos total no país que não corresponde à situação atual”.

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Marcio Sousa

Editor chefe, Radialista profissional e Diretor de Programação da Taperuaba 98,7 FM

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