Governo Biden promete envio de ajuda ao Brasil para combater Covid-19
Presidente dos EUA discute envio de doses da vacina Oxford/AstraZeneca a países
O governo de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, prometeu fornecer ao Brasil medicamentos para intubação no valor de US$ 20 milhões – cerca de R$ 105 milhões. Ele está sob pressão para ampliar a ajuda contra Covid-19 a outros países.
A parceria está em discussão entre os dois governos, que também negociam o envio de doses da vacina contra Covid da Universidade de Oxford/AstraZeneca. Os EUA devem destinar a outras nações 60 milhões de doses do imunizante, que não foi aprovado e não é usado no país.
A ajuda com medicamentos foi divulgada pela porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, nesta terça-feira (5). “Esse apoio está sendo oferecido para compensar os surtos de abastecimento global e permitir que o Brasil receba medicamentos suficientes para atender às suas necessidades imediatas. O esforço está em andamento, ainda não foi finalizado, mas estamos trabalhando em parceria com o governo do Brasil”, disse Psaki.
A Casa Branca tem sido questionada sobre a discrepância na oferta de ajuda a países que sofrem com a Covid-19. Na última semana, a imprensa estadunidense destacou o tratamento diferente dado a Brasil e Índia, por exemplo, com maior atenção por parte da Casa Branca à situação dos indianos.
Os EUA ofereceram à Índia sistemas de geração de oxigênio, além de equipamentos hospitalares como respiradores mecânicos e insumos para produção de vacina, em um acerto feito em telefonema de Biden ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
Segundo a Casa Branca, foram entregues suprimentos no valor de US$ 100 milhões para a Índia enfrentar a crise sanitária, cinco vezes mais do que a ajuda reservada ao Brasil. Na terça-feira (4), Biden afirmou que o país está apoiando o Brasil e tem ajudado a Índia ‘significativamente’.
“Com relação à vacina da AstraZeneca que temos, enviamos ao Canadá e ao México e estamos falando com outros países”, disse o presidente. “Não estou pronto para anunciar para quem enviaremos mas teremos enviado 10% do que temos até 4 de julho para outras nações, incluindo algumas das que você mencionou”, respondeu Biden a pergunta de um jornalista que fez menção ao Brasil.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou que a divisão das vacinas levará em contato a ‘necessidade’ e não a política. Blinken disse que os países que “mais estão em perigo” devem receber mais doses.
Vacinação nos EUA
O país tem três vacinas contra Covid-19 disponíveis (Moderna, Pfizer e Johnson & Johnson) e o governo americano considera que não precisará das doses da AstraZeneca. O Brasil e diversos países requisitaram o excedente. O governo brasileiro está em negociação desde março e chegou a sugerir a permuta de imunizantes com os americanos – na qual o País receberia doses agora e devolveria no futuro.
Mais de 147,5 milhões de americanos (o equivalente a 56% dos adultos) já receberam ao menos uma dose de vacina contra covid-19 nos EUA. E 105 milhões de pessoas estão com o processo de imunização concluído.
Biden quer aumentar esse número para 70% dos adultos até 4 de julho. Para isso, a Casa Branca anunciou ontem uma mudança na estratégia de vacinação, que tem desacelerado. A ideia agora é transferir a imunização feita em estádios e escolas para locais menores e mais próximos da população.
Desde os últimos meses da presidência de Donald Trump, os EUA vêm comprando vacinas e já têm doses suficientes para imunizar três vezes o número de habitantes. O país só perde para Israel e Reino Unido na proporção de cidadãos vacinados.
A pressão para que a Casa Branca ajude nos esforços globais para combater a pandemia tem crescido. Os americanos se comprometeram com US$ 4 bilhões de financiamento ao consórcio internacional Covax Facility, mas o excedente de doses existente nos EUA passou a ser também cobiçado.
Por isso, Biden anunciou há uma semana que compartilharia o estoque do imunizante produzido pela AstraZeneca, apesar de não prever quando isso acontecerá, já que a vacina precisa ser aprovada pelo órgão que regula medicamentos, antes de ser compartilhada.
Nesta quarta-feira (5), o conselho da Organização Mundial do Comércio (OMC) discutirá novamente propostas de quebra de patentes das vacinas. As farmacêuticas se opõem à ideia e, até agora, Biden manteve a posição adotada por Trump, contrária. Nas últimas semanas, integrantes do alto escalão do governo indicam que o país pode aceitar discutir a remoção de algumas barreiras para facilitar a produção de vacinas.
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