25% dos pacientes com síndrome inflamatória pediátrica associada à Covid-19 precisaram de UTI no CE
Maior prevalência está em pacientes do gênero feminino
No Ceará, o número de casos da Síndrome Multissistêmica Inflamatória Pediátrica (SMIP), que atinge crianças e adolescentes, cresceu para 64, segundo atualização feita ontem pela Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa). O dado corresponde ao intervalo entre maio, quando o Ministério da Saúde orientou a notificação da doença associada à Covid-19, até o mês de outubro. A Pasta ressalta que novembro ainda não teve registros.
A partir da complicação dos sinais e sintomas da doença, 16 pacientes precisaram ser internados em leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), o que corresponde a 25% do total de casos notificados. Outros 13 (20,3%) seguiram em leitos de enfermarias. Já para 35 (54,7%) a informação do local onde o paciente recebeu os cuidados não foi incluída no prontuário médico.
Com 33 diagnósticos, o mapeamento da Sesa indica que a maior prevalência da doença está em pacientes do gênero feminino. Os homens somam 31 casos. Ao mesmo tempo, a faixa etária que lidera o número de notificações é a de 10 a 14 anos com 19 pacientes, seguida por 5 a 9 anos (18 casos), 1 a 4 anos (17). Menores de um ano têm oito casos e 15 a 19 anos, apenas dois.
Cinco unidades de saúde contabilizam registros de SMIP, sendo o Hospital Infantil Albert Sabin (Hias) o de maior concentração da doença com 41 casos. O Hospital Infantil Luis de França tem 13 notificações, enquanto o Hospital São Camilo acumula seis. Já os Hospitais Monte Klinikum e Regional Unimed apresentam três e um caso, respectivamente.
A erupção cutânea (enxatema) foi o sintoma mais relatado nos hospitais, tendo atingido 39 crianças e adolescentes. Dor abdominal se manifestou em 36 pacientes, enquanto náusea/vômito atingiram 30 deles, diarréia (24), dispnéia (24), edema de mãos e pés (20), conjuntivite (15) e tosse (12). Apenas um paciente manifestou confusão mental. Um mesmo paciente pode ter sentido mais de um sintoma no momento do diagnóstico, segundo a Pasta.
“As crianças com essa síndrome precisam de repouso de pelo menos 6 meses até poderem voltar a praticar atividades físicas, e isso com acompanhamento por médicos especialistas. O processo circulatório não se resolve tão facilmente”, afirma o infectologista Robério Leite, que esteve na divulgação dos números de SMPI durante webconferência da Escola de Saúde Pública (ESP-CE).
Em todo o País, a síndrome associada ao novo coronavírus SARS-CoV-2 passou a ser notificada pelas autoridades sanitárias após o Ministério da Saúde divulgar nota técnica em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alertando sobre a relação da SMIP com a doença pandêmica.
Cerca de três meses depois, em agosto, a Sesa também divulgou um documento orientando profissionais de saúde sobre o manejo clínico dos casos de SMIP. Conforme a publicação, os serviços de saúde precisam realizar periodicamente a busca ativa de pacientes hospitalizados que se enquadrem na síndrome para fazer a investigação clínico-laboratorial com a coleta de exames e acompanhamento médico.
Segundo a enfermeira e assessora técnica da Vigilância Epidemiológica, Pâmella Linhares, a Pasta poderá em dezembro tornar público um boletim detalhado sobre o panorama da doença no Ceará. “Temos a perspectiva de elaboração de um boletim para o próximo mês para que possamos ver essas características dos casos”, antecipou.
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