69 crianças e adolescentes foram mortos no CE durante quarentena
O período analisado compreende do dia 20 de março de 2020 até o último dia 27 de maio. O dado faz parte das estatísticas disponibilizadas pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS)
O Ceará enfrenta uma nova sequência de aumentos nos números de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs). Nesta escalada da violência, os mais vulneráveis também são alvos. De 20 de março de 2020 até o último dia 27 de maio, pouco mais de dois meses, pelo menos 69 crianças e adolescentes foram assassinados no Estado, conforme dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).
O período analisado vai do primeiro dia do decreto de isolamento social no Ceará devido à pandemia do novo coronavírus até o último boletim da SSPDS. Mesmo com a determinação do Governo para que as pessoas permanecessem em isolamento domiciliar, as ruas e avenidas foram dezenas de vezes, cenários de crimes brutais praticados contra menores de idade.
Quando comparado a igual período de 2019, outra estatística aterrorizante: as mortes de crianças e adolescentes tiveram aumento aproximado de 165%. De acordo com o relator do Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência da Assembleia Legislativa, Renato Roseno, é preocupante que nem mesmo com o isolamento social tenha havido queda nos homicídios. “Na nossa avaliação, essas mortes estão relacionadas às causas estruturais, como exclusão social e urbana. Há essa observação da redução da faixa etária das vítimas. As mortes de adolescente, muitas vezes, estão vinculadas à disputa das facções. É a situação do jovem negro, da periferia, excluído. É o mais vulnerabilizado pela violência letal. Nós entendemos que o enfrentamento a essa violência é, sobretudo, com ações de prevenção, mediação de conflitos, cultura, inteligência policial e combate ao tráfico de armas”, ponderou Renato Roseno.
Um dos crimes que mais chamou atenção envolvendo vítimas de pouca idade foi a morte de uma criança de três anos, ocorrida no último dia 10 de maio. Maria Vitória Sousa da Silva foi baleada durante tiroteio no bairro Pirambu, em Fortaleza, enquanto brincava na calçada. A menina chegou a ser levada para uma unidade hospitalar, mas não resistiu aos ferimentos.
Três dias depois, um adolescente de 17 anos foi executado, no bairro Granja Portugal. Ele e outra jovem de 21 anos estavam dentro de casa quando foram surpreendidos pelos criminosos armados. Os dois crimes ocorreram em bairros periféricos da Capital, corroborando a avaliação do Comitê.
Acirramento
A SSPDS afirma que há crescimento nos CVLIs em todos os estados do Brasil em razão do acirramento entre organizações criminosas. Com o conflito entre células desses grupos no Ceará, a Pasta diz reorganizar a atuação e realizar trabalhos de Inteligência que culminem na desarticulação dos grupos. Dentre as medidas, a Secretaria ressalta o investimento feito em tecnologias aplicadas à Segurança Pública e as ações preventivas baseadas em doutrinas do policiamento comunitário.
A Secretaria informou ainda que “a SSPDS e o Governo do Ceará agem sob o pilar que as ações de prevenção social são imprescindíveis e devem ocorrer em paralelo ao trabalho desenvolvido pela Polícia”. A Pasta destacou a ampliação do tempo integral na rede estadual de ensino com 38% das escolas com a jornada prolongada.
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