Camilo é pressionado pelo PT após defender apoio a Ciro Gomes
A declaração do governador Camilo Santana (PT) defendendo que o seu partido apoie a candidatura do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) para a Presidência da República continuando repercutindo na sigla. O petista tem sido chamado para reuniões com lideranças nacionais e estaduais, após afirmar que estava “convicto” de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiria disputar as eleições deste ano e o PT não poderia apostar em um “isolamento suicida”.
Na noite de ontem, Camilo Santana se reuniria na Residência Oficial com os deputados federais José Guimarães e Luizianne Lins e o estadual Elmano de Freitas. Fontes ligadas ao PT informaram que objetivo do reunião era discutir a conjuntura política, incluindo a disputa proporcional nas eleições de outubro, mas também assuntos relacionados ao ex-presidente Lula.
Na última quinta-feira, 17, no mesmo dia em que as declarações do governador foram divulgadas, o próprio Lula teria mandado recado para a presidência do PT de que continuava candidato. A informação foi repassada por telefone para os governadores petistas pela presidente nacional do partido, senadora Gleisi Hoffmann.
As bancadas do PT na Câmara e no Senado também divulgaram nota conjunta reafirmando a defesa da candidatura de Lula. No âmbito local, o Diretório Estadual do PT também se posicionou em nota. A sigla “ratificou apoio integral à candidatura de Lula” e informou que definirá a coordenação da campanha de Lula no Ceará, na próxima quarta-feira, 25. A equipe será a mesma que organizará a campanha de reeleição de Camilo.
“Para nós, está muito claro que o PT não tem plano B. A gente vai até o último momento pelo registro do ex-presidente Lula. O próprio governador sabe disso, mas respeitamos a posição dele”, afirmou o presidente do PT Ceará, deputado estadual Moisés Braz. Apesar de ter assinado a nota contradizendo a visão do governador, Braz negou que as declarações de Camilo tenham causado mal-estar na sigla. “Ele (governador) diz que não quer que o PT caia no isolamento. Isso nem ele nem o PT quer”, disse encontrando ponto de convergência.
Para o líder da oposição na Câmara, José Guimarães, a declaração do governador “faz parte do jogo” e não pode ser entendida como desavença partidária. “Quando uma liderança do porte de Camilo emite uma opinião dessa, evidentemente gera especulação, mas isso tem que ser encarado com naturalidade. Foi a opinião de um militante”, disse, antes da reunião com Camilo.]
O deputado federal classificou a situação como “percalço da política” e disse que a reunião com o governador é parte de esforço de unificação do PT em torno da candidatura Lula.
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