EducaçãoNordeste

90% dos pais no Nordeste preferem continuidade de aulas remotas

Entre os entrevistados pela pesquisa do Datafolha, 72% afirmam ter muito medo que filhos se contaminem nas aulas presenciais

om a suspensão das aulas presenciais há mais de quatro meses em todo o País devido à pandemia do novo coronavírus, pais e responsáveis ainda se mostram receosos com possível retorno às salas de aula. Divulgada nesta semana, pesquisa nacional do Datafolha mostra que 74% dos responsáveis, na região Nordeste, entendem que vale a pena prorrogar o ano letivo para que o alunado não perca o ano escolar. O levantamento aponta ainda que 72% dos entrevistados têm muito medo de que os alunos sejam contaminados pelo vírus.

Encomendada pela Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures, a pesquisa quantitativa “Educação não presencial na perspectiva dos estudantes e suas famílias” fez um desenho amostral com base nas matrículas do Censo da Educação 2019. O público alvo foram os alunos matriculados em escolas públicas municipais e estaduais, de ensino fundamental e médio, com idades entre 6 e 18 anos. No total, foram 1.018 entrevistas com responsáveis por estudantes.

De acordo com o Datafolha, 90% dos pais querem a continuidade das atividades em casa junto com aulas remotas. Além disso, quase oito a cada dez considera ser necessário aulas aos sábados para repor o tempo longe das salas de aula.

Erllaine Cristina, mãe de Queteli Pereira, do 8º ano, na rede pública de ensino em Fortaleza, reconhece os prejuízos da ausência de atividades presenciais, mas acredita que o trabalho remoto dos professores tem conseguido engajar os estudantes. “O importante é que as crianças não deixam de ver o conteúdo. Apesar de ser pouco, eles estão vendo. Várias mães pensam como eu. A gente já se reuniu em vários grupos e discutimos essa questão de volta às aulas”, diz ao defender que as aulas remotas permaneçam.

Caso seja determinado o retomada ainda este ano, ela julga necessário ter equipe específica em cada unidade de ensino para orientar sobre os cuidados sanitários. A mãe defende ainda que as turmas maiores sejam divididas. No caso da filha, aluna de escola em tempo integral, o período deve ser reduzido a um turno.

Hanna Aguiar tirou os dois filhos, Pedro lucas e João Levi, do infantil 4 e 4º ano, de uma escola particular na Capital. Para ela, nenhuma escola terá condição de manter um padrão de higienização. O desejo dela e da esposa, Ana Paula Chaves, é de que a vacina já estivesse disponível.

São muitas crianças e poucos profissionais. Não será suficiente afastar as cadeiras na sala de aula nem colocar álcool em gel nas portas.” Hanna elogia as ações do governo do estado e da prefeitura ao subsidiar as famílias mais carentes, com isenção na conta de água, auxilio financeiro e com cestas básicas.

“Do que se trata o retorno às aulas? De educar e proteger ou é simplesmente uma questão capitalista e política, para, ao final do ano, ter uma nota determinada para cada criança? Se tivermos tratando de educar, é humanamente impossível terminar com a carga horária exigida pelo MEC (Ministério da Educação). O meu filho vai estudar de segunda a domingo para preencher? Ninguém está pensando nos pais que estão dentro de casa com essas crianças. Muitos não pararam de trabalhar”, contesta.

Mestre em Políticas Públicas pela Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, Patricia Mota Guedes, a partir da pesquisa do Datafolha, salienta que as famílias estão reconhecendo o papel fundamental dos educadores no incentivo aos estudantes. “Está claro que as famílias sozinhas não vão conseguir dar conta, e os profissionais precisam de mais apoio para dar mais atenção individual aos estudantes.”

A gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Social aponta que será preciso esforços das redes para observar as questões emocionais, a desigualdade educacional e a evasão no alunado. “É necessário uma abertura mais segura das escolas que não seja integral, que envolva um modelo híbrido, justamente, para reduzir a possibilidade de propagação do vírus”.

“Os alunos, mesmo dentro de uma mesma escola, vão chegar com experiências diferentes da quarentena e nível de aprendizado distintos. Será preciso correção das distorções, desvantagens educacionais. Portanto, sem dúvida, será necessário trabalho de recuperação paralela, classe de aceleração, estratégia de nivelamento, para além do que já previam.”

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Rosana Teofilo

Editora, Radialista profissional e presidente da Taperuaba 98,7 FM

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