5 cidades do Ceará não há registro de mortes por Covid-19 há mais de dois meses
Levantamento do Diário do Nordeste aponta que municípios de pequeno porte já conseguem sustentar uma situação mais otimista de controle da pandemia
Há quase 18 meses, todos os dias há registro de mortes por Covid-19 no Ceará. Filhos, pais, avós, parentes, conhecidos que vieram a óbito e integram um trágico saldo. Nos últimos períodos, a situação, felizmente, melhora e o número de mortes recua. Para o controle da pandemia, essa é uma das dimensões mais relevantes.
No Estado, ao menos cinco cidades vivenciam uma situação mais otimista. Em Potiretama, São João do Jaguaribe, Guaramiranga e Barroquinha, há mais de dois meses não são contabilizadas mortes em decorrência da doença. Em alguns casos, as últimas mortes pela doença foram em maio.
No Ceará, até o dia 30 de agosto, ao menos 24 mil pessoas morreram de Covid, segundo dados do Integrasus, plataforma da Secretaria da Saúde (Sesa). O levantamento do Diário do Nordeste cruzou dados dessa plataforma com informações divulgadas pelas prefeituras nos sites oficiais. Nesse processo, foi detectado que, nestas cinco cidades, o cenário é semelhante: um período relevante ininterrupto sem mortes por Covid.
Confira a situação:
Potiretama
Último registro de óbito: 20 de maio de 2021
Total de óbitos: 7
São João do Jaguaribe
Último registro de óbito: dia 8 de junho de 2021
Total de óbitos: 9
Pires Ferreira
Último registro de óbito: dia 15 de junho de 2021
Total de óbitos: 11
Guaramiranga
Último registro de óbito: 18 de junho de 2021
Total de óbitos: 5
Barroquinha
Último registro de óbito: 24 de junho de 2021
Total de óbitos: 25
Como nem todos os 184 municípios cearenses publicam boletins epidemiológicos de modo detalhado no site oficial da prefeitura e, a análise do Diário do Nordeste considerou essa forma de divulgação, é possível que outras cidades também já estejam há um tempo considerável sem registros de óbitos, mas não constem nesta lista.
Outro ponto é que os dados utilizados pelas gestões se referem ao registro do óbito e não necessariamente à data da morte. Isto porque, na pandemia, mortes que são consideradas suspeitas podem entrar na contagem apenas meses depois. Por exemplo, uma morte suspeita de Covid em junho, pode ser registrada só em julho, quando a investigação confirmar a causa.
Último registro há 106 dias
Na pequena cidade de Potiretama, no Vale do Jaguaribe, felizmente, já são 106 dias sem registro de óbitos por Covid. No município de cerca de 6,4 mil habitantes, conforme projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2021, sete moradores morreram devido à doença.
O enfermeiro e coordenador da Atenção Básica do município, Witson Roniely, reforça que a gestão “avalia com profunda tristeza a perda de nossos cidadãos que não resistiram às formas graves da Covid-19”. Ele confirma que o último registro ocorreu em 20 de maio de 2021.
Na cidade os casos graves são encaminhados para os hospitais públicos de Limoeiro do Norte e Quixeramobim.
Ele analisa que “a crescente queda nos números de casos tem se apresentado como consequência da imunização de toda a população no decorrer dos meses. É notória a brusca queda nos índices de contaminação após a imunização dos grupos de risco”.
Na cidade, 791 casos foram confirmados até o momento. Conforme Witson, 3,4 mil pessoas já receberam a primeira dose da vacina, e 1,2 mil a segunda. O que, segundo ele, “corresponde a uma porcentagem de mais de 50% da população elegível à imunização pelo Ministério da Saúde”.
Sem mortes desde maio
Em São João do Jaguaribe, também no Vale do Jaguaribe, o último registro de morte por Covid foi em 8 de junho, contudo, a última morte ocorreu realmente em 11 de maio de 2021, ou seja, há mais tempo ainda. Isso porque, explica a coordenadora do setor de vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, Mara Sâmia Félix Lopes, uma morte em fevereiro estava em investigação para a Covid e entrou na base de dados em junho.
Na cidade de 7,5 mil habitantes foram contabilizados 9 óbitos pela doença de pessoas que tinham entre 53 e 101 anos. As ocorrências graves, explica ela, também são enviadas para internação em Limoeiro do Norte, já que em São João do Jaguaribe só há uma unidade mista de assistência na qual não ocorre internação, os pacientes ficam apenas em observação.
“No município estamos tendo um declínio bem considerável da pandemia. Estamos há 25 dias sem registro de casos confirmados. A adesão à vacina está bem adiantada e estamos vacinando a população de 17 anos”. Mara Sâmia Félix Lopes Coordenadora do setor de vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde
Um dos motivos que pode justificar o cenário de melhora, conforme Mara, além da vacinação é o fato de o município de pequeno porte não ter espaços que “favoreçam aglomerações”. “Aqui é bem tranquilo em relação a isso. Não tem bares, restaurantes, lugares que juntem pessoas. Embora ainda tenha uns ou outros mais difíceis de conscientizar, em geral, as pessoas obedecem às normas sanitárias”.
Vacinação acelerada
Em Guaramiranga, a primeira cidade do Ceará a aplicar a 1ª dose em 100% da população adulta cadastrada, o último registro de óbito por Covid foi no dia 17 de junho de 2021.
Conforme a secretária municipal de Saúde, Silvana Soares, “atribuímos a queda de casos e óbitos a vacinação de toda população adulta de 18 anos acima e mesmo com a população vacinada nós continuamos com as medidas de restrição, como as barreiras sanitárias e o rastreamento através de testes para detecção da Covid a toda população”.
Na cidade do Maciço de Baturité, há quase um mês, desde o dia 8 de agosto não há novos casos positivos de Covid. “Estamos testando todos os pacientes que estão tomando a segunda dose e, mesmo assim, não estamos com casos positivos”, completa a secretária.
Conforme a gestão municipal, atualmente, 86,5% dos adultos cadastrados já receberam a segunda dose da vacina. Entre os adolescentes de 17 a 12 anos, a aplicação da 1º dose já atinge 90% do público, garante a secretária.
Identificação de casos graves
Em Pires Ferreira, cidades de cerca de 11 mil habitantes, a secretária municipal de saúde, Lunara Pinto, confirma que o último óbito ocorreu em 15 de junho. Ao todo, o município perdeu 11 moradores para a Covid.
Um dos fatores que pode explicar esse intervalo relevante sem óbitos, segundo Lunara, é o avanço na vacinação.
“O município se encontra com mais de 90% da população vacinada com D1 e Dose Única, e mais de 70% com D2”. Lunara Pinto Secretária municipal de Saúde
Na cidade, segundo a secretária, também há ação de monitoramento das pessoas que testam positivo. “Funciona através de visitas aos casos positivos e é feito a oxigenação e, dependendo do resultado, os pacientes são mandados para uma ala de isolamento e posteriormente encaminhamos para Ipu ou Sobral que são as unidades de referência do município”.
Acompanhamento por equipes de apoio
Em Barroquinha, na Região Norte, a última das 25 mortes por Covid ocorreu em 24 de junho. “O atual cenário que vivemos é fruto de um planejamento constante de medidas preventivas para conter o contágio, a disseminação e o aumento dos casos, aliado a ágil e efetiva campanha de vacinação no município”, afirma a coordenadora de epidemiologia do município, Layara Fernandes.
No território com cerca de 15 mil habitantes, segundo Layara, há uma equipe que faz “todo o fluxo assistencial do suspeito ao pós covid, com consultas, triagens, exames e visitas domiciliares”. No atual momento, diz ela, o município está com 2 pacientes, moradores da área urbana, em tratamento, clinicamente estáveis e em isolamento domiciliar.
Em relação à vacinação, 65% da população recebeu a primeira dose.”Também estamos trabalhando muito em cima do cronograma da segunda dose, e aproveito esse momento para fazer um apelo para todas as pessoas se conscientizarem da importância de concluir o esquema vacinal, isso é fundamental”, destaca Layara.
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